terça-feira, 30 de junho de 2015

Apressada Demais... Eu


 Hoje eu me deixei chover sobre a cidade,
em poesias dobradas,
cortina de origamis,
me estendi,
abracei, molhei
toquei cada canto
tentando dar o melhor de mim.

 Mas ela não me viu,
nem por reza,
nem se caíssem escamas dos seus olhos
ela me enxergaria
do jeito que eu sempre quis.

 Não me notou nem naquela
tempestade de cores,
me fez invisível,
tentei me mostrar,
aproveitei que hoje o dia
foi o mais favorável,
e tentei mostrar à ela
como a vejo...

 E o mundo inteiro viu,
menos ela;
 E todo o jardim se nutriu,
menos minha flor,
que do meu canteiro saiu;
 E tentei me fazer cinza,
pra poder me encaixar...
 Mas não me deu espaço.

 Tentei me fazer notável,
fui grande e  pequena,
fui presença e ausência,
palidez e cor,
fui doce e depois rude,
calma e turbulência,
segurança e risco...

 Fiz silêncio,
fui gritaria, tumulto...

 E nunca a satisfiz,

 É proibido ser agradada,
é proibido se satisfazer...

 Suas regras me magoam,
sou intensa demais,
e ela deixa fluir sem atropelos...

 Até chegar o dia em que
eu vou desistir de querer,
de tentar...

 Mas ela vai continuar linda,
e ali, onde sempre esteve.

 Então eu vou voltar,
e sorrir e me desesperar
por saber que não a superei,
por saber que nunca deixou de
pensar em mim,
por saber que nossos
melhores dias estarão próximos,
e que eu não vou poder aproveitá-los
ao seu lado, por que minha esposa
ocupa um lugar que preenchi
sem exitar, sem questionar
ao mais sábio dos deuses...

 É que ao contrário dela,
sou apressada, sou equivocada,
sou furacão...

 Sou desajeitada e não me encaixo...

 Não a culpo por tanto acaso,
por tanta dor, tanto adeus...

 E sei que quando a reencontrar,
estarei perdoada dos meus excessos,
das minhas faltas,
das presenças, dos gritos ensurdecedores
que me acalmavam a alma...
principalmente por tentar ser dona do tempo.

 É que eu sou apressada demais,
sou apaixonada demais...


                         Ingrid Nogueira.