sexta-feira, 8 de maio de 2015

Desconexas, puros NÓS...


 Vê se me faz o favor e
esquece tudo sobre mim,
apaga todas as lembranças...

Finja que eu nunca existi em você,
me delete da memória...

 Porque comecei a acreditar que 
nada disso existiu,
que não vivi em você,
então acho que 
não vai ser difícil.

 Apague o aniversário,
qualquer momento que 
um dia consideramos especial...

 Sobre conquistas,
felicidades, fotos nas paredes 
da sua memória,
cubra de preto,
como o resto do luto.

 sobre os números,
esqueça o dia, o ano,
o mês, o signo, a força, 
a idade e a ida...

 A minha pedra-glória,
meu riso, minha gargalhada,
meus dentes e o sorriso, 
meus gostos e meus humores...
 do nós, apague somente o eu...

Sobre a parte fofa, carinhosa, meiga...
não existiu...
tente levar como um mantra, 
que eu era seu carma 
e sumi...
que era sua sina mais triste...

 Porque de você eu nunca quis
pouco e você nunca me ofereceu
muito, menos ainda o suficiente...

 E agora decidi não ser o pouco 
de mim que julgas merecer.

 Sobre o medo,
já pode colocá-lo de lado,
não há mais ninguém à temer,
não há expectativas à superar,
nem amores à corresponder...

 Já estou na estrada,
tomei o carro e a direção,
entrei na minha estrada particular,
rumo à um lugar onde nada me lembre você...

 Porque te quero feliz,
e me quero bem...

 Eu fui embora, 
mas não chore,
não me procure,
não há possibilidades 
de eu voltar.

 Não deixei rastros,
que era pra não me procurar mesmo,
a última mensagem foi gravada,
mas não tive a coragem de deixá-la 
na sua caixa postal, nem na de correio...

 Arranque-me dos seus pensamentos,
dos teus olhos,
da sua vida...

 Esqueça-me o olhar,
qualquer um deles,
tanto os tristes quanto os alegres,
os transbordados de alegria,
os repletos de você,
os de conquistas compartilhadas,
os das perdas pelos teus braços aconchegadas...

As cores,
reinvente-as pra um mundo 
sem mim, sem pós,
um mundo finalmente sem entrelaces,
sem nós, e sem cadarços...

Pois és agora uma mulher
e no seu mundo certinho,
mulheres não podem se sentir 
confortáveis e seguras calçando tênis,
não faz bem pra estética e 
nem para os pré-conceitos alheios...

Sobre o amor da sua vida,
não conte à ninguém,
não são todos que o encontram...

 FICO FELIZ POR TER SIDO SUA,
E POR TER ENCONTRADO O MEU EM VOCÊ...

 Te amo,
  Mas ADEUS...

              Ingrid Nogueira.

quinta-feira, 7 de maio de 2015


 Sobre as nossas diferenças,
sempre preferi ignorar,
apesar de tão gritantes.

 É que nós somos opostas,
pra aquecer, nas noites frias e sugestivas,
eu bebo chá e você cerveja...

 Somos extremos boêmios diferentes,
eu me afogo em edredons, leituras e escritas quentes,
e você, em festas, bocas e corpos alheios...

 É que somos sequenciadas...
você primeira e depois eu...
amor, traição e arrependimento,
nascimento, maturidade e sucesso...

 É que as entregas entre nós 
têm pesos diferentes,
a da mente, 
a da paixão,
a do corpo...

 O arrependimento,
pra você teve que valer,
e pra mim tem um 
peso insuportável e 
por consequência o rompimento 
por visto quase infinito...

 É que sobre te ter como amiga
nunca me deixou confortável...

 Não sei como lidar,
você se esquenta com 
outros corpos sobre o seu,
e eu tremo de frio, 
esperando que o meu 
moletom esgarçado me esquente as pernas,
e os dois pares de meias aos meus pés...

 Eu tenho um quase infinito guardado...


 P.S.: Nega...

               Ingrid Nogueira.

sexta-feira, 1 de maio de 2015


 Sobre os tons de cinza,
os meus são mais escuros.
 Sobre palavra cortantes,
já não me são as preferidas.
 Não ouse proferir meu nome novamente.
 Sei que gostas da mistura, 
eu sei também não me misturar.
 Como eu disse,
sobre as comparações: cuidado!
 Sabe porque amor?!
 Fui feita pra não dar certo,
pra ser diferente,
pra não combinar,
pra ser sempre ao meu jeito.
 Entendi enfim,
que fui pra não ser,
que não pude e nem posso 
ter alguém, é minha sina,
meu enredo, minha complicação,
como todos os outros têm,
sem admitir.

                      Ingrid Nogueira.

 O meu mundo está em reforma,
não posso receber ninguém,
principalmente você,
que me vira o juízo,
e esse é o canto que
mais me preocupa,
é o cômodo do qual mais me ocupo.

                                            Ingrid Nogueira.

 O silêncio e o grito,
cortantes.
 Seu silêncio, seu grito,
ambos curam.
 E é porque são seus.
 Nunca vi tanta incoerência
em uma só pessoa como me 
mostras ter.
 Sua calma enlouquecedora,
e a forma neutra de agir.
 Seu cheiro de almíscar que
ambiguamente me atrai e afasta,
como se numa armadilha se posicionasse.
 E o meu coração já não sabe
o que pensar, o que querer,
quem escolher...
 Mas sabe ele que o seu
mistério me tira do sério,
me faz levantar, 
me arranca do meu lugar...


                               Ingrid Nogueira.

 Eu nunca havia dito nada sobre isso à ela. Talvez porque pensasse que era cedo demais, ou que iria duvidar e até mesmo não aceitar. Talvez foi por vergonha ou por orgulho mesmo... Não sei bem porque foi que não disse antes, o que eu sei é que não posso mais guardar só pra mim, e mesmo com ela já em outro país, com sua vida completamente reconstruída, eu preciso falar. Mesmo que seja tarde demais, mesmo que não me ame, mesmo que sofra de Alzheimer e por isso de mim haja se esquecido, ou que tenha sido por ódio. Mesmo que nunca chegue às suas mãos, mesmo que ela nunca leia:

 Quando ela chegou na minha vida,
entendi o motivo de ter havido outras.
 No momento em que ela vinha surgindo
lá na porta daquele bar,
foi-me apagando um a um os rostos de antes,
como se tivesse me criado, amadurecido,
aprendido em relacionamentos entre eu e
manequins, pessoas mascaradas,
mulheres sem rosto.
 Como se tudo antes fosse uma preparação
para não fazê-la chorar.
 Só agora entendo que não deveria haver
nenhuma mulher depois dela,
o tempo me preparou para não deixá-la passar,
para que não a deixasse ir.

                                     Ingrid Nogueira.

 Como se fosse proibido,
a gente só se encontrava à noite,
sob a luz do luar,
como fazem os lobos em suas matilhas.

 Fora isso,
dois desconhecidos,
duas ilhas
e o que nos afastava tanto
nem era o mar.

 Agora jogo com as palavras
e faço malabarismos,
só para encontrá-las.
 Tentando burlar o sistema monótono
ao qual fui submetido,
falo com você umas duas horas por mês.

                             Ingrid Nogueira.

 Não estou me entendendo.
 Te conheci na outra semana,
e já estou te escrevendo freneticamente.

 És meu frenesi de ideias,
minha fonte quase inesgotável de prazer.

 Viajas em um mundo paralelo,
e eu fico aqui,
pairando em pensamentos,
que apenas te admiram e debuxam.

 Me perco nesses teus 
traços fortes e bem delineados.

                                           Ingrid Nogueira.

 "E quando eu crio coragem e tomo a decisão de te dizer,
é aí que ao abrir minha boca,
sinto-me dentro de um envólucro escuro.

 Você me enrubesce de raiva
para que eu diga,
mas sem saber,
me envolves em amargas dores,
em insanas vergonhas."

                                                     Ingrid Nogueira.