terça-feira, 9 de abril de 2019

Covarde

Você andou escrevendo sobre mim,
tenho certeza de que a sua mulher não leu.

Deve ser difícil conviver com
um arrependimento tão grande,
e eu não me solidarizo com você.

Eu espero que essa dor te faça
amadurecer enquanto pessoa.

Que te faça respeitar suas companheiras,
espero que te ensine a dor da traição,
e que essa dor te ensine a ser gente!

Eu espero que seu caráter ainda tenha
conserto.
Mas que no processo
você se machuque muito,
e sinta a dor inteira,
em cada parte do seu corpo,
que esse músculo pulsante que não sente,
seja completamente rasgado,
que dele você tenha que juntar os pedaços,
que os cole com as lágrimas,
e todas as secreções doídas do seu corpo,
para que depois de inteiro ele passe a
sentir da boca pra dentro.

Que você deixe a deslealdade enterrada
no fundo do poço em que você
se encontrará.

Eu espero que doa tanto,
ao ponto em que te falte o ar,
pra você aprender a valorizar o que
um dia você me fez faltar,
pra parar de ser covarde e
valorizar o ar que é necessário
pra encher o peito e tomar a decisão
da sinceridade, para assumir você,
pra assumir o erro, pra assumir você,
pra assumir o término, pra assumir você,
pra assumir a traição, pra assumir você,
pra te deixar ir.

Espero que seja jogada de um precipício
pra deixar de ser covarde.

Espero que não tenha asas,
que não tenha ninguém lá por você,
para que aprenda o que é a solidão
e o silêncio (que é contínuo)
depois da covardia,
depois da traição.

Espero que não tenha asas,
pra ter que se virar sozinha.

E espero que em cada um desses momentos,
você veja o meu rosto.

E que remoa tanto o erro,
e que não erre com mais ninguém.

Espero que deixe de ser você
que deixe de ser covarde
que volte a ser você.

              Ingrid Nogueira.