terça-feira, 25 de julho de 2017

E tinha alguma coisa acontecendo
ela não sabia como se sentir.

Ela nem sabia o que estava a incomodando,
havia certa maresia se levantando
mas não era noite de lua cheia,
seus mares estavam agitados.

Como se soubesse que estava
a ponto de ser trocada,
de ser estraçalhada mais uma vez.

Ela sabia que estava pagando
por alguns erros do passado,
e por isso tinha que suportar,
de pé,
viva,
firme.

Mas ela era frágil demais,
como o anjo de vitrô,
que uma vez lera num
livro de literatura antiga,
daqueles que ela achava fascinantes,
e voltando da lembrança,
sofreu,
como se La Femme
lhe tivesse arrancado
aquele órgão
(que é mais um músculo)...
o... como é mesmo o nome?!
Ah! Isso!
O coração
com as mãos.

Ela desmoronou
decidiu que
se tinha que passar por tudo aquilo,
para quê prolongar a dor?
que tudo passasse logo de uma vez,
melhor uma dor intensa que passe  rápido
que uma dose pequena de dor a cada dia,
como se fosse receitada pelo médico.

Mas a vida é curta,
e é rápida,
e pode ser muito triste,
ao mesmo passo que é extremamente feliz,
é emocionante,
ao mesmo passo que pode ser
absolutamente frustrante
ou ainda, angustiante.

E tudo ela precisava que
lhe fosse intenso,
mas o intenso ás vezes dói...

Ela que a maresia não era amiga,
e naquela noite,
quando a convidou pra dançar,
sorriu um sorriso sarcástico,
seus olhos queimavam
não havia calmaria,
só barulho,
muito barulho
muita onda,
e depois uma sensação
de ouvir urros de dor
e de tristeza.

Ela não sabia,
mas a sensação era
a premonição do que
estava chegando,
calado...
Seus pulsos doíam,
a alegria escorria
pra fora daquele corte,
a confiança,
de braços dados,
e não olhavam pra trás...

Alguma parte dela morria
ali,
naquele exato momento,
e ela não conseguia entender
o motivo de tudo aquilo...

A traição escorreu
pelos seus olhos,
a cena doía ardido...
doía agudo no fundo da garganta,
no final do coração,
mas ela já duvidava se era ali
que o seu sentimento estava morando,
porque ela se sentiu vazia
naquele exato momento.

Havia sido roubada,
enganada,
ela não tinha deixado nem suas palavras...

Tivera que começar a vida
de um ponto 0,
ao qual, agora,
ela tinha consciência de
que nunca pararia de visitar,
cada amor,
todos doídos,
era a sua sina,
e nada poderia mudar aquilo...

A vida arrancou o amor dela...



Ingrid Nogueira.