Resolvi causar certos desconfortos que até ontem eu evitei... A sociedade sempre me impôs regras de "como me portar", "como ser" ... Cansei de toda essa ladainha, não vou mais maquiar, e está decidido! O que me faz ser eu, são as diferenças e aceitações que carrego comigo. Sozinha, resolvida, lésbica, atriz, jovem, e orgulhosa de mim mesma. Sem visar conforto aos leitores, eu sou desse jeito, e não vou me conter para agradar à ninguém. Sejam bem-vindos ao que eu sou!
sexta-feira, 1 de maio de 2015
Sobre os tons de cinza,
os meus são mais escuros.
Sobre palavra cortantes,
já não me são as preferidas.
Não ouse proferir meu nome novamente.
Sei que gostas da mistura,
eu sei também não me misturar.
Como eu disse,
sobre as comparações: cuidado!
Sabe porque amor?!
Fui feita pra não dar certo,
pra ser diferente,
pra não combinar,
pra ser sempre ao meu jeito.
Entendi enfim,
que fui pra não ser,
que não pude e nem posso
ter alguém, é minha sina,
meu enredo, minha complicação,
como todos os outros têm,
sem admitir.
Ingrid Nogueira.
O silêncio e o grito,
cortantes.
Seu silêncio, seu grito,
ambos curam.
E é porque são seus.
Nunca vi tanta incoerência
em uma só pessoa como me
mostras ter.
Sua calma enlouquecedora,
e a forma neutra de agir.
Seu cheiro de almíscar que
ambiguamente me atrai e afasta,
como se numa armadilha se posicionasse.
E o meu coração já não sabe
o que pensar, o que querer,
quem escolher...
Mas sabe ele que o seu
mistério me tira do sério,
me faz levantar,
me arranca do meu lugar...
Ingrid Nogueira.
Eu nunca havia dito nada sobre isso à ela. Talvez porque pensasse que era cedo demais, ou que iria duvidar e até mesmo não aceitar. Talvez foi por vergonha ou por orgulho mesmo... Não sei bem porque foi que não disse antes, o que eu sei é que não posso mais guardar só pra mim, e mesmo com ela já em outro país, com sua vida completamente reconstruída, eu preciso falar. Mesmo que seja tarde demais, mesmo que não me ame, mesmo que sofra de Alzheimer e por isso de mim haja se esquecido, ou que tenha sido por ódio. Mesmo que nunca chegue às suas mãos, mesmo que ela nunca leia:
Quando ela chegou na minha vida,
entendi o motivo de ter havido outras.
No momento em que ela vinha surgindo
lá na porta daquele bar,
foi-me apagando um a um os rostos de antes,
como se tivesse me criado, amadurecido,
aprendido em relacionamentos entre eu e
manequins, pessoas mascaradas,
mulheres sem rosto.
Como se tudo antes fosse uma preparação
para não fazê-la chorar.
Só agora entendo que não deveria haver
nenhuma mulher depois dela,
o tempo me preparou para não deixá-la passar,
para que não a deixasse ir.
Ingrid Nogueira.
Como se fosse proibido,
a gente só se encontrava à noite,
sob a luz do luar,
como fazem os lobos em suas matilhas.
Fora isso,
dois desconhecidos,
duas ilhas
e o que nos afastava tanto
nem era o mar.
Agora jogo com as palavras
e faço malabarismos,
só para encontrá-las.
Tentando burlar o sistema monótono
ao qual fui submetido,
falo com você umas duas horas por mês.
Ingrid Nogueira.
Não estou me entendendo.
Te conheci na outra semana,
e já estou te escrevendo freneticamente.
És meu frenesi de ideias,
minha fonte quase inesgotável de prazer.
Viajas em um mundo paralelo,
e eu fico aqui,
pairando em pensamentos,
que apenas te admiram e debuxam.
Me perco nesses teus
traços fortes e bem delineados.
Ingrid Nogueira.
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