segunda-feira, 15 de fevereiro de 2016

Era regida pela liberdade
e se encantava por ela.

Não sabia se sentir ligada
a ninguém,
e nem ao tempo,
pois era ele próprio,
prisão, e não era real,
mas era...

Eu não quero estar aqui
eu não me propus...
 não é escolha minha estar aqui...
  e não me lembro por qual
motivo foi que me permiti
ficar,
que me deixei ser obrigada...

Amei tanto a liberdade,
que me fiz prisioneira
da sua observação...

Não quero mais ficar aqui.
Mas não me deixo sair,
eu quero coisas poucas,
e quero na sua simplicidade,
mas não me deixo largar de ti.


       Ingrid Nogueira.

Escrevo o que eu penso,
e ando não pensando
em nada...

E é um vazio irremediável,
é falta de palavras.

Eu não leio mais,
não durmo,
não penso,
não escrevo mais,

Minha mente não cria,
não tem amores,
não tem dores,
não tem protestos mais.

Eu não saio mais
de casa,
e não faço mais
nada.

Eu não durmo,
eu não sonho,
não saio,
eu não interajo mais.

Estou na  Filadélfia,
e sinto calor,
e sinto cores demais,
não assisto mais aos fogos
anuais,
eu não saio de casa,
não olho pela janela,
nem sinto cheiros de indústria,
nem assopro vapor,
(quente no frio).

Eu sinto saudades da
Filadélfia no inverno,
e me dói não estar
vivendo aquele inverno,
em que eu te encontrei...

Eu não moro mais
embaixo do metrô...



 Ingrid Nogueira.
Eu não consigo escrever...

O que passou,
agora não me inspira.

Não foi tão bom
quanto todos nós esperávamos,
porém foi tão mais doce,
foi tão cheio de pureza...

A dor não me fez mal,
morava ali um prazer
que me era favorável,
e trazia acumulada
em mim,
tanta disposição...

Meu corpo fiz como
se evoluísse, se transportasse
para outro lugar, e
pra outra realidade,
tanta imensidão...

Não acreditei que aquilo
pudesse realmente existir.

Por que me envolveu
e me iludiu, e me
doeu o abandono tanto...

Eu rezei tanto
(pedi repetidas vezes)
pra não te querer,
e depois pra não
te ter, e mais ainda...
 pra não te perder...

E quando você foi
embora, me fiquei muda,
e triste, e com todas as
lembranças...

O meu corpo ainda
clama os sentidos que
eu não conhecia,
mas foram despertados
por você,
e só funcionam
com você.


 Ingrid Nogueira.

Por que é que ela foi
a sua falha escolha?
 Porque se materializar
e fazer ser vista
através dela?

Inspiração,
porque ela pra ser
alvo de toda a sua
fonte, de onde você
nem flui?

Porque nela
você escondeu o
seu motivo?

 E porque,
qual foi a graça,
de me viciar nela?

Estou mesmo
te colocando na parede,
porque não é justo
comigo.

 Meu subconsciente
já tenta se preparar
quando eu vou à
um lugar onde eu
talvez possa a encontrar.

E eu não sei
aonde mais me
esconder.

Eu não sei prosseguir
daqui...

 Isso é um pântano,
e eu não quero me
afogar, eu não quero
me rasgar com as
suas raízes,
não sei esconder
que como uma serpente,
sorrateira ela se
escondia...

E fico lembrando
minha noite com ela...

Com verdade
eu afirmo que
nada foi a desejar...


Eu me arrependi
da rapidez,
e da brutalidade...

Agora eu te quero
doce, mansa, dominada,
mas que me queira
a mim também,
tanto quanto eu a você.

E como num princípio
de tempestade,
tudo junto...
 e um silêncio infindável,
a turbulência
que ainda vem...

E eu, mar,
que te absorvo,
com lentidão
e paciência daqui.

Eu quero a
sua calmaria
em mim,
e se não foi assim,
que a minha loucura
te confunda o saber.

Não quero suas
partes...

Deságua em mim,
você rio, eu mar...

Eu te amparo
quando fores
queda d'água,
e me misturo com
você, no momento
em que eu  encontro
a tua boca.


 Ingrid Nogueira.