Resolvi causar certos desconfortos que até ontem eu evitei... A sociedade sempre me impôs regras de "como me portar", "como ser" ... Cansei de toda essa ladainha, não vou mais maquiar, e está decidido! O que me faz ser eu, são as diferenças e aceitações que carrego comigo. Sozinha, resolvida, lésbica, atriz, jovem, e orgulhosa de mim mesma. Sem visar conforto aos leitores, eu sou desse jeito, e não vou me conter para agradar à ninguém. Sejam bem-vindos ao que eu sou!
domingo, 21 de junho de 2015
Escrevia torto,
não acertava nem seus passos...
Tinha tortas as mãos,
o olhar e o carinho...
Era torto em essência...
Foi endireitado pela falta de amor,
passou a filtrar o sangue que
lhe corria nas veias...
passou a transformá-lo involuntariamente
em arsênico intra-venoso.
Morreu tentando dizer,
sem nunca proferir palavra alguma à ela...
Seria o pedido de perdão mais dolorido,
o mais extenso,
o mais profundo,
o mais gritante dentro de
tão amargo silêncio...
Ouvia-se o grito daquela pobre alma,
apenas olhando-o no olho...
Lia-se nos movimentos,
a ansiedade para que o perdão
lhe fosse concedido.
E sobre aquele corpo,
entrevado na cama...
Tinha tanta loucura embutida,
tanta calma escondida em
tanta falta de movimento...
Foi-me a leitura visual
mais complexa até os dias atuais.
Ele era o caso mais sério
de escrita obscura no olhar...
Carregava um mundo trancado
dentro de si,
um mundo fantástico que aguardava
o perdão nunca proferido,
pela simples falta de pedido...
E a moça,
que lhe aprisionava,
nem fazia ideia a coitada...
Ingrid Nogueira.
Sobre ir sem pesares atrasados
Quando me dispus na frente do computador,
não sabia exatamente sobre o que escrever...
Bem, a vida anda bem complicada,
muito cheia e sob alguns aspectos, muito fria.
O vazio que carrego no peito,
eu soube que não foi culpa de outra pessoa,
eu tive culpa por permitir que o causasse
tão profundo em mim.
Ia falar sobre o quão eu me indignei pelo
que me foi feito,
mas decidi parar de ignorar minha responsabilidade nisso,
dei espaço, fiz sentir-se importante...
Mas agora já não importa mais,
partirei e levarei comigo o vazio,
deixarei que viva em paz e sem medos,
sem os medos que sentia de me encontrar,
do risco de querer retomar...
Irei pra longe,
sem mais riscos,
sem mais possibilidades,
sem mais dores com causas.
E com tanta distância eu reconstruirei
aquilo tudo o que um dia sonhei aqui,
tudo o que idealizei com tal alguém, eu enterrei
no fundo do quintal,
a caixa era trancada e a chave não se pode encontrar.
O túmulo (de mina) ficou silenciado,
o mapa do tesouro eu não fiz,
por questões óbvias de orgulho mútuo.
Mas antes de partir,
fiz questão de lhe arrancar
as cascas da ferida que
o nosso caso se tornou naquele alguém.
Sobre a paz que quero livre em mim,
me propus a buscar sem limites,
sem apegos e com riscos mútuos
de dores infindas.
Ingrid Nogueira
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