domingo, 28 de agosto de 2016

Sobre Fernandas (Que Não Rimam)

Eu levei um soco na boca do estômago,
 e eu não estava envolvida.

Fernanda era forte,
 Fernanda era promissora,
  E era maravilhosa...

Eu pensei em deixar pra lá,
 e deixei.

Fernanda voltou do pé da serra,
 E o doce que eu via,
  enjoou...

Fernanda era,
 E eu idealizava,
  Fernanda dançava,
   E eu travava...

 Fernanda ficou,
  E eu decidi partir,
   Ela quis continuar ali,
    E eu resolvi partir...

Eu a vi delicada,
 Mas levei um soco na boca do estômago,
  Eu não subo mais morros por Fernanda,
   E eu bloqueei,
    Porque Fernanda não é uma rima,
   E eu tentei rimar com ela...
  Foi vão,
Eu aprendi,
 Fui embora,
  Fernanda não chorou,
   Ela sabe que eu não sei não voltar...


        Ingrid Nogueira.

domingo, 7 de agosto de 2016

Eu sinto você,
e te ouço declamar minhas palavras,
meus sentimentos-poesia,
que te confiei em sussurros,
que te toquei,
me fiz livro-prosa.
Eu vejo essa cena,
seu corpo nu se mostrando trechos,
meio-coberto pela seda dos lençóis,
sua voz rouca,
cansada, ofegante,
transformando meu ambiente,
cheiro de incenso,
cheiro de cigarro,
cheiro de álcool,
seu cheiro, sua pele...
Chego a pensar que blasfemo,
não tenho você,
não posso te tocar,
mas te ouço,
e penso ser divino.
Te dou um lugar,
um pedestal,
um altar,
uma sala secreta,
um templo...
Eu te guardo em mim,
deusa de beleza extrema,
me seduz ao respirar,
perfume próprio,
almíscar entorpecente,
me inspira loucuras,
me borda calma,
silenciosamente na sua teia,
de onde eu não quero sair.
Senhora do meu querer,
não por me impôr,
mas por ser só o que eu quero,
dona dos detalhes que me enlouquecem,
que me reviram os pensamentos,
que me tiram o juízo.
A questão toda é que eu te desejo,
eu te vejo revirar minha cama,
meus lençóis,
meu corpo,
minha cabeça,
minhas roupas,
minhas cores e cheiros,
te vejo deixar rastros em mim,
e não posso te tocar.
É que você é inalcançável,
você está longe,
e brinca com minha imaginação,
você se mantém distante,
e me mantém em desatino total.
Me manipula,
me tira a voz,
me coordena os movimentos (cegos),
nus, e silenciosos...
Adoro a sua sensação,
e sinto divino,
e ouço divino,
e beijo divino,
e me calo ao te observar,
pra melhor te absorver,
pra te eternizar em detalhes,
os mesmos que me enrubescem,
os mesmos que me enlouquecem...
Faço loas, que por você são ignoradas,
te faço orações curtas,
em sussurros perturbadores,
que me enchem os pensamentos,
que não me deixam descansar,
perguntas que me atormentam,
e você se diverte,
e me ignora os pedidos,
e volta,
logo em seguida,
pra se banhar de todo o meu amor,
pra se lavar de toda a sua loucura.
E eu,
adoradora,
cedo à sua presença,
me entrego,
mesmo sabendo das dores
e dos seus outros amores.
E a cena se repete,
e me despedaça a cada partida sua,
e eu te ouço mais uma vez,
e te deixo me envenenar,
me deixo embaraçar em você mais um bocado.
Ingrid Nogueira.