terça-feira, 4 de novembro de 2014

 Agora escrevo sem intenções
de fazer com que você volte.

 Decidi escrever pra me expressar,
só pra colocar pra fora mesmo,
porque se não fizer eu juro que corro
o risco de explodir.

 Hoje eu juro que quero apenas deixar
registrado que te atingi sem intenção.

 Quero esclarescer que todas as
minhas dúvidas acabaram.
 Eu realmente amo você,
e cada erro, cada acerto, cada sorriso e lágrima.

 Dizer que todos os seus olhares diretos,
cada vez que nossos olhos se encontram
e se aproximam, me desfaço toda por dentro.

 Ok! Confesso que queria fazer você lembrar de nós,
mas era pra doer no fundo da sua alma,
pra te fazer doer e chorar.

 Mas além de  tudo espero que siga
em frente, olhando sempre para trás,
sem repetir esses seus erros.

 Penso em todos os agrados que me fez,
e só consigo me lembrar: um retrato.

 Lembro o quão livre me sentia a seu lado,
porque sentia que podia confiar em você,
que se eu tropeçasse,
me pegaria em seu colo,
evitando a minha queda trágica,
transformando a surpresa, o susto,
numa graciosa dança,
sem compassos antes marcados.

 E o tremor gostoso que toma o meu corpo
toda vez que lembro de você ainda hoje.

 É o mesmo que antes me tomava quando
pensava em você, ou te ouvia,
toda vez que nos tocávamos.

 O rubor que me tomava as faces quando
algum elogio de ti ouvia é o mesmo que
agora mantém meu coração pulsando.

 Os presságios que me tomavam a mente
e arrepiavam a espinha hoje se cumprem,
morremos um para o outro,
e já não nos vemos mais.

                                    Théo.                          
 Sozinho, frente ao piano,
sonorizei e harmonizei
todas as nossas palavras,
todas elas, ditas no decorrer daquele ano.
 Palavras pelas quais me horrorizei,
frases todas mal-elaboradas.

 Minha gaita,
a coitada já não sabe mais
como entoar loas dirigidas à ela.

 Minhas ninfas,
já não dispõem-me a graça
da sua presença,
pois sabem que minhas loas
serão todas suas,
todas encharcadas de você.

 Afrodite já se sente ridicularizada
pela gritante beleza entre os templos
que construí para você em mim.

 E foi, aquele ano,
apenas verão e primavera.

 Foram todos os meus verões e
primaveras da vida naquele ano,
só porque estavas vivendo
aquele ano em mim.

 E agora minha vida
é um eterno caminho
ao inferno, é assim,
são longos invernos
com folhas secas de outonos
passados a beira desse meu caminho.

 É toda falta dela.
 Antes não houvesse conhecido-a,
menos doloroso seria, se não tivesse
amado-a tão intensamente
naquele meu insano dezembro
que me passou como se fossem numerosos anos.



                                                Théo.