terça-feira, 4 de novembro de 2014

 Sozinho, frente ao piano,
sonorizei e harmonizei
todas as nossas palavras,
todas elas, ditas no decorrer daquele ano.
 Palavras pelas quais me horrorizei,
frases todas mal-elaboradas.

 Minha gaita,
a coitada já não sabe mais
como entoar loas dirigidas à ela.

 Minhas ninfas,
já não dispõem-me a graça
da sua presença,
pois sabem que minhas loas
serão todas suas,
todas encharcadas de você.

 Afrodite já se sente ridicularizada
pela gritante beleza entre os templos
que construí para você em mim.

 E foi, aquele ano,
apenas verão e primavera.

 Foram todos os meus verões e
primaveras da vida naquele ano,
só porque estavas vivendo
aquele ano em mim.

 E agora minha vida
é um eterno caminho
ao inferno, é assim,
são longos invernos
com folhas secas de outonos
passados a beira desse meu caminho.

 É toda falta dela.
 Antes não houvesse conhecido-a,
menos doloroso seria, se não tivesse
amado-a tão intensamente
naquele meu insano dezembro
que me passou como se fossem numerosos anos.



                                                Théo.                                      

Nenhum comentário :

Postar um comentário