sexta-feira, 18 de março de 2016

Subjetividade paga

Eu queria ser o risco,
Ou o MOTIVO dele
Impregnado na sua pele...
Subjetividade paga.

Sobre seu jeito particular de se marcar...
Seus rabiscos que ninguém além dela própria compreende,
Seriam sonhos alcançados ou pessoas a quem amou,

ou flores não dadas...?
Mas só o que eu sei é que nela existe um mistério
que eu sempre quis desvendar,
sem ainda ter sido permitida, me permito eu,
criar suas possibilidades, 
que por tantos momentos são também minhas...
E é tão incomum, que me atrai a atenção,
me prende em si, na liberdade que carregas,
por ser essência pura se espalhando pelo ar,
e pelo meu olfato tanto agradar...
É que tudo em você é tão livre,
e me encanta a autenticidade de que tanto se importa,
mesmo que te seja natural...
Por que me permitiria o Cosmos te conhecer senão
para me fazer pairar com tanta
delicadeza sutil de menina moleca que carrega e que a faz tão mulher...
Só por se pertencer tanto, é que a quero pra mim...
Por que acima de tudo o que eu disse,
ela é a única exceção...


Ingrid Nogueira.

Nota sobre lembranças

"Nota sobre lembranças:
Esqueça da dor
Esqueça do choro,
Esqueça do cheiro da flor...
Mas lembre-se, acima de tudo,
de ESQUECÊ-LA TODOS OS DIAS"

Trecho sobre amnésia proposital.
Sobre se reeducar emocionalmente...
Coração sendo domesticado,
So lovely for you... a day!
Porque sentimento pode sim ser acalmado ..
Mesmo que amanhã eu tenha me esquecido

e ela volte com esse sorriso,
com uma versão melhorada de ideias sobre o mundo,
sobre mim...
Não quero nunca deixar o amor que eu tenho,
domar novamente o meu coração
deixando o cérebro sem poder de decisão.
Coitada de mim,

antecipando o esquecimento do que é bom
sem ao menos considerar as faltas que sofreria...

Ingrid Nogueira.

Eu amo CÃIBRA

Eu Amo Cãibra
Não só a dos exercícios repetitivos e dolorosos,
Quero a cãibra do exercício repetitivo do amor.
Sempre me foi uma dor prazerosa,

mesmo que somente a muscular.
Depois, quando provei o seu tanto amar,

VICIEI-ME EM DOER-TE EM MIM.
Amo aquela cãibra emocional

que às vezes dá no músculo principal pulsante,
e dá de tanto amar...
Cãibra sim, de amor.
É que às vezes me canso de amar,

tem aquele cansaço de me esforçar,
mas a que eu gosto mesmo,
é aquela que dá depois da acelerada forte e repentina,
Depois de um abraço adiado há tanto tempo, 

Depois de tanto tempo sem te ver,
sem sentir a sua pulsação junto à minha.
Aquela que dá sempre que ouço a sua voz,

essa sua risada gostosa...
Depois de ver o teu sorriso largo, moleque...
E até mesmo depois de ver que chegou uma mensagem sua,
mesmo sem eu nem tê-la lido ainda,
o meu problema é com você, e é todo meu.
O meu amor é por você e ainda assim é todo meu.
Gosto da fadiga,

da cãibra do desejo que só você me causa. 


Ingrid Nogueira.

Fica à postos para a solidão

Sobre as disposições:
Fica à postos para a SOLIDÃO...

De quando outras presenças não te bastam,
De quando deixam de ser aconchegantes...
Sobre a necessidade quase inexistente

da solidão que um dia emerge
e nos afoga em nós mesmos,
Sobre aprender com as bandas favoritas:

"pega a solidão e dança..." 🎶
Sobre estar sempre à postos,

também para o que não der.
É que temos certos problemas

em ficar a sós com os nossos pensamentos,
mas ei!
Pensar não dói,
a dor de verdade é o penar pela falta do pensamento...
Mesmo que o seu silêncio grite

e ecoe dentro de você,
a solidão é uma alma necessária...
Mesmo que seja uma solidão interior,

se prepare para o dia em que ela vier,
não somos tão infinitos ao nível da onipresença...
Pois existem momentos em que,

por tanta presença superficial,
se tornam festas de solidões conjuntas...
Como um poeta que não se encaixa na sociedade,

uma doce alma num mar de sal...
Porque até as mais belas flores

precisam da silenciosa solidão para ser,
na própria essência,
as mais perfeitas...

Ingrid Nogueira.

A solidão é uma alma necessária

Diga o que disser,
essa também é a verdade.
Também sim,

pois há várias delas por aí...
Pense como quiser e o que pensar,

a solidão é uma mulher a quem todos mentem não amar...
A solidão é minha mulher,

e não aceito nunca dividi-la...
Até pouco antes de encontrar alguém

"que fosse me completar"...
E o que de mim os outros pensam,
que guardem na sua própria falta de palavras,
na necessidade do 'com quem falar' se agora estou só,
sem nem cavalo, nem rebento...
Que se tenham conclusões

e que as sejam precipitadas,
mas que já existam...
E que falem, contem aqui,
nessa convenção vazia-lotada,
da própria solidão,
essa que se sente dentro,
no meio do vazio-cheio que cabe no peito...

Ingrid Nogueira.

Do que eu não sei, não tenho voz pra falar

Sobre uma frase que se encaixa no meu hoje,
e serve para algumas pessoas que não sabem
se colocar no lugar e menos ainda se calar....
Porque o seu julgamento me doeu,
já não me dói mais,
uma vez que já deixou de existir na minha vida,
com uma cruz por lápide,
sem escritos, nem nome, nem lembranças...
Morta na paixão e na memória, 

de tudo a louca sou eu,
e saio feliz disso o que tivemos,
e não vive mais.


Sobre a dor que me causou
por não trabalhar e colocar em prática a empatia...
Pena que dor de si, só o outro...
Não tente...
Não fale...
Comigo outra vez não!!!!


Não tem mais legalidade
pra permanecer nas minhas terras, no meu peito...
Não tem mais o direito de me desconcentrar,

de me desconcertar, de me tirar todo o foco,
menos ainda de me cobrar o amor no qual nem você acreditava...
Calei você em mim,

arranquei todas as evidências de você
que haviam no meu mundo,
então não me venha falar,
com uma voz que eu já calei,
sobre aquilo que você nunca sentiu.

Ingrid Nogueira.
O que eu digo não tem sentido,
Assim como minha cabeça não tem um rosto,
Consequentemente não tenho uma boca,
E essa boca não carrega uma voz ...

Para o que eu vejo, dou as costas,
ignorando a realidade,
Pra ter a sensação de que amanhã,

quando eu acordar, tudo terá renascido diferente. 
Os ouvidos que escondo debaixo dos cabelos,
ouvem apenas o que eu absorvo,
O que do de-fora decido carregar em mim...

Suas escolhas não me representam,
Sou regida pelo que penso,
Sou meu país, e dele,

eu mesma sou rainha, madre, clero e burguesia...
Não ignoro o que odeio em ti,
porque é isso o que em ti me faz te amar.
Ninguém me vê, ouve ou sente,

sou abstrata e acabo por despercebida em ti...

Ingrid Nogueira.

Normalidade sufocante

Morreu meu coração
De pane no sistema,
Sangue envenenado
De paixão ácida...

Mas era tão normal,
Ele estava acostumado...
Se envenenou aos poucos,
Pelos aromas que só eu sentia,
Pelo amor que só eu via,
Que nem precisava ser fingido...
Eu me enganava pra tentar amar,
Pra me sentir na ilusão do amor...
Não preciso mais disso,
Já tirei os pedestais onde eu a colocava,
Todos na mesma colocação,
Nem menos, nem mais merecimento,
Ordem de proporção...
Amo mais à mim, e nem assim meu coração volta a bater.



Ingrid Nogueira.

Vertigem celeste

Eu não olhei
Para o céu hoje
Não olho
Pra ele nunca mais...
O céu me dá
VERTIGENS...

O céu é lugar de anjos,
e eu decidi me livrar dessa prisão...

Acreditei que havia chegado ao céu
quando tinha a sua companhia,
Acreditei que havia um céu

enquanto ainda estavas ao meu lado...
Hoje tenho alergia do que me faz lembrar-te...
Como a poeira me causa coceiras,
o céu (que me traz você de volta), me dá vertigens...
E quando o olho, quero descer de onde estou...
Mas é que estou tão longe agora, 
Que não penso em voltar.
E tudo o que me traz você, me faz olhar pra trás...

Regra minha: sem espelhos pela frente,
sem vidros pelo caminho,
sem feridas do acaso destrambelhado.



Ingrid Nogueira.