segunda-feira, 9 de outubro de 2017

Da Despedida

Eu te vi imergir,
mas não tive forças
pra te salvar,
foi escolha sua,
eu não tive reação.

Você me viu chorar,
e me pedia pelo olhar,
pra não te abandonar,
e então eu fiquei ali...

Sem nenhum reflexo,
eu te vi afundar
por vontade própria,
e não me deixava te buscar.

Você arquitetou bem seu plano,
não existia espaço,
ou possibilidade de eu descer até aí
pra te pegar no colo,
você não queria ser salva.

E hoje eu convivo com
a falta de você,
e do seu sorriso,
eu não me lembro mais
dos seus olhos,
porque eles me foram frios
nos últimos momentos,
e eu não gosto de lembrar.

A espinha congela,
a pele arrepia,
a mente cria um blackout,
eu vou pra fora de mim,
e sinto cada batida do meu coração,
sinto o sangue correr dentro de mim.

Eu sinto novamente a pressão
dos seus dedos na minha mão,
implorando pra eu não te soltar,
mas era tudo loucura,
você nunca tocou as minhas mãos.

Eu nunca te olhei nos olhos,
mas eles me pareciam frios,
eram extremamente penetrantes,
mas você não me via...

E eu queria que seus olhos
quisessem penetrar os meus,
eu sempre desejei que
o objetivo dos seus olhos fossem os meus,
mas você não me notava...

Por que você estava no
meu quarto àquela hora?
Como foi que você surgiu lá?
Você nunca tinha dividido sequer
a sala comigo...
embora eu quisesse muito.

Meus últimos suspiros
tiveram a melhor espectadora,
mas nem isso pôde me salvar,
eu senti sua alma estremecer
quando em contato com a minha,
suas janelas escorriam
como se chovesse,
gotas salgadas,
cintilantes, e eu não as pude impedir...

Eu fui embora
e não me despedi.

    Ingrid Nogueira.