domingo, 9 de julho de 2017

Eu me sinto sumir da sua vida,
aos poucos,
e isso dói demais.

Eu me sinto perder a graça,
perder a cor,
eu sumo e não faço falta.

Não te dói mais me ver ir,
é o que eu vejo nos seus olhos,
sua expressão não me mente...

Você não me toca mais,
e quando o faz,
a sua mão me faz derreter,
eu inteira fico suada,
estremeço e sumo.

Eu sumo aos poucos da sua vida,
e escorro nas suas mãos,
entre os seus dedos...
eu sangro,
escôo, e deixo de ser.

Você se vai aos poucos,
eu sinto, e fico,
não por querer,
mas por faltar reação.

Eu me lembro de uma cena parecida,
de ter presenciado essa cena,
de protagonizar essa cena,
eu vivi essa cena,
eu morri nessa cena,
escoei pelos olhos,
eu era palidez inteira,
nem nos meus olhos havia cor,
era calor,
mas de repente meu corpo inteiro estremeceu,
um frio súbito,
fui pro Paralelo,
mas nem lá me sentia em segurança,
a morte me perseguia,
eu parei de sentir.

Eu fingi que era brincadeira,
ou mentira,
que não era comigo até...
mas a dor me fez ver o quanto verdade era.


                         Ingrid Nogueira.