segunda-feira, 21 de novembro de 2016


 Eu estou aqui me afogando,
 e você não está aqui pra ver...
 Eu me escondi e você
não teve a coragem de vir
e me arrancar desse buraco...
 Você sempre foi a minha metade
que ficava de fora do turbilhão,
enquanto aquilo tudo me corroía...
 E eu gostava da dor,
eu fingia que gostava,
porque eu sabia que estava me envolvendo,
e eu tinha medo de assumir pra mim mesma...
 Por causa do medo eu te fiz ir embora,
e agora você não me responde mais,
não me escuta te chamar...
 Eu não estou segura,
e você não quer ver essa cena,
com medo de se atolar comigo,
e eu te entendo...
 Não te culpo,
fui eu quem te fez ir embora,
e não deveria te fazer pensar em voltar...
 Eu sei que te machuquei,
não quero te atrapalhar,
juro que tudo o que eu preciso de você,
de te abraçar,
de me sentir segura...
 E você é esse meu lugar,
é o meu silêncio quieto,
é os braços quentes que me fazem sentir segura...
 Perdoa a imaturidade,
e a paciência que te fiz perder,
e o amor, e o tempo que te fiz desperdiçar...
 Eu sei que você está em tratamento,
e que provavelmente não deveria falar comigo,
e que eu sempre te faço estragar as coisas...
 Me diz que me perdoa,
por que esse buraco onde eu me enfiei
já está quase cheio,
e eu não chamei ninguém que me pudesse ouvir,
eu vou morrer sem glória,
sem plateia (o que é irônico, já que eu
sempre encenei muitas mortes,
e morrer assim é frio, e inglório,
e fétido, e feio, e triste...),
e se eu vou mesmo pro inferno,
como e sempre ouço, não quero não ter o seu perdão,
não quero te levar pra lá,
não posso te deixar sofrer mais uma vez,
e tanto por minha causa...
 Só não me deixa outra vez te foder...
 Eu não quero te foder com Deus,
nem com os seus Orixás,
nem com a sua nova mulher,
e nem quero te foder pra te levar
acorrentada pelos pés junto comigo pro Inferno...
   Eu amo você,
 e estou cansada de te ver sofrer e ter toda essa culpa.
 Vozes na minha cabeça gritam,
sussurram, e às vezes urram o seu nome
 Acho que é uma prévia do Inferno,
e algumas delas ás vezes discorrem com detalhes,
aquelas vezes todas em que eu te torturei,
e sabia, e não conseguia fazer diferente...
 Me perdoa a estupidez...
            Ingrid Nogueira.

sábado, 8 de outubro de 2016

E tinha os pensamentos atormentados por ela
todas as noites,
e todos os dias,
e todas as horas,
em todos os lugares,
em todas as referências...

Não havia cheiro que não lhe fosse conhecido,
e que não lhe fizesse lembrar dela...

E não havia outra luz que
não projetasse na parede,
ou no chão,
a imagem da sua mulher,
que por agora lhe era ex,
tinha-se ido...

E então se despediu,
mais uma vez,
como sabia que faria novamente
na próxima esquina,
 e na outra,
  e na outra,
   e na outra...
Pelo resto da vida,
até ela não voltar mais.

E enlouqueceu,
assim,
sem nem um pio...

Se absteve de emitir sons,
e assustar as outras pessoas
que naturalmente não a viam...

Ela nem estava mais ali,
ela nem queria mais voltar,
e sabia que ela ia morar distante,
e sabia que ela não mais ouviria a sua voz,
não viu mais motivos pra falar,
nem pra cantar,
vivia pelos cantos,
sussurrando,
cantarolando baixinho,
como se cantasse segredos,
(e realmente os cantava, só pra ela)...

Carregava longas conversas,
construía longos diálogos,
e idealizava um mundo com ela,
e em todas as paredes,
instalava barras imaginárias,
para que ela dançasse,
e se apoiasse,
como só havendo os dois naquela sala,
no último ensaio,
entre suas últimas palavras...

Gostava de reviver,
e de pensar que aquele momento,
era realmente, eterno.

Até definhar,
só,
triste,
vago,
frio,
nu,
vazio,
magro,
sem brilho no olhar,
sem um olhar,
sem voz,
até descobrir que ele mesmo
já não estava ali...

                                  Ingrid Nogueira.

Morreu,
e já conhecia o seu lugar no mundo.

Correu pra dentro de si,
e se derramou,
as bochechas já esgarçadas
interna e inteiramente,

"E nos curtos,
porém frequentes espasmos cerebrais,
me mata,
me observo dentro de uma eternidade finita em espaço,
e de repente volto,
me vejo numa poça funda de dores,
cacos de vidros imersos em mim,
cacos de mim
num mar de vidros quebrados,
cartas ao mar,
arrebentadas nas praias,
cartas em letras delicadas,
em envelopes garrafais,
que não eram pra Iemanjá,
e que por revolta,
ela me arrebentava cada uma,
sem saber que carregavam
pequenos e doídos pedaços de mim..."

Eu adoeci assim que te fitei,
me demorei em ti,
os meus olhos vidraram em você,
e te dediquei apreços,
esses me são carinhos
que eu jamais vou deixar.

Eu emagreci,
e andavam dizendo por aí
que isso não é normal.

Mas não fui eu quem decidi,
foi sem querer que eu adoeci.

Você é um vício
que me faz ficar.


                         Ingrid Nogueira.
E dela ainda não sei o que dizer,
porque o que dela me interessa
ainda tenho que descobrir.

A vida me ensinou
que somos programados,
direcionados pra cair,
mas ela é otimista,
e diz que "o cair nos proporciona o voar"...

Ela me deu novas possibilidades,
e me acalma,
me mostra,
com um jeito único,
a hora de parar.

Ela é leve,
a alma, o sorriso,
o olhar, o toque, o cheiro...

E por isso ela plaina
no lugar de cair.

"Mesmas direções,
outras maneiras"

Ela sabe muito,
e tem um mundo
maior que o meu,
e me deixa aos poucos entrar nele.

É mulher moleca,
voz de menina
e coração de moça...

Mesmo sendo outra mulher,
de um Universo próprio,
mais evoluída,
tem um interesse enorme
no meu mundo limitado...

Ela me freia...

E é tão linda quando a observo falar,
calada, e ela
tão empolgada no seu caso...

Mas quando se percebe sob a minha observação,
perde o jeito, a seriedade,
se esconde entre sorrisos e caretas,
pra tentar desviar a minha atenção,
e convertê-la em risadas,
mas só consegue me fazer
admirá-la ainda mais.


                                Ingrid Nogueira.
E eram dois dois mundos que não se juntavam,
 eles não podiam se encontrar,
  e eles não sabiam...

Os encontros sempre explodiam,
 nada do que tentassem fazer os saciaria,
  seus beijos eram galáxias,
   e os astros se chocavam entre si,
    porque o espaço deixava de existir.

E eram Big Bang,
 Eram criação,
  Eram evolução,
   E viram o fim dessa raça.

Tudo em meio minuto de toques dos lábios,
 não souberam se dosar,
  e findaram o ser,
   atuaram,
    e sentiram dor.

Eram legítimos seres de amor.


                                Ingrid Nogueira.
Ela é um Universo
que não casa com o meu...

E daria tudo por aquela mulher,
mas ela não me quer.

E a tomaria por companheira,
ela, teimosa,
é lobo sem matilha.

Eu bebo,
pra envenenar as minhas vontades,
mas o efeito é contrário,
quando vi, na consequência,
o que havia cresceu...

O Sol recai,
e a Lua flutua,
estrelas cadenciam,
mas ela, no mesmo ponto,
não me deseja como pra receber
o meu calor de mulher.

Por ser sempre solitária,
me faz cortar o coração
lembrar que dela um dia
eu quis formar minha família.


                              Ingrid Nogueira.
Droga!

Eu me envolvi outra vez com ela...

Eu tentei mesmo me segurar.
Tentei me manter longe,
Mas acabei me envolvendo mais essa vez.

Voltou a ser minha musa,
sonhei novamente com ela,
e foram sonhos consecutivos,
contínuos, e outras vezes, até repetidos...

Contei à uma amiga
que temeu ser outro de tantos presságios,
temeu por já me ter visto chorar.

Mas não consegui tirá-la e
nem os sonhos da cabeça.

Estou impregnada dela.
e ainda  tem o segredo
que ia me contar.

Já me confessou que
tenta não se envolver,
que procura manter todos
à uma distância 'segura"
que não os permite envolvimento.

Não soube entender o motivo
de me deixar me envolver,
e mais,
porque se permitiu envolver,
se permitiu o gostar.

Longe dos outros,
que se contentavam com a distância segura,
eu me decidi por amar,


                 Ingrid Nogueira.

Tentei me tornar insosso,
tentei até ser um oceano neutro,
mas eles são insalubremente salgados.

Eu me forcei a não ligar,
a não dar importância.

Mas não foi altiva a minha voz.
E como fosse mudo o meu pedido,
ouvi o silêncio e a dor do seu olhar.

Não pude me conter.

É que eu te amo,
e não sei como me manter calada,
me encher de quietude.

Não me vinha nunca a sua resposta,
eu me afogava na espera por notícias suas,
pra ter certeza de como estavas.

Meu coração quase me salta do peito
pra ir ele mesmo saber de você.

Estou aflita
e essa dor da sua falta não me passa,
não me deixa nunca.

A solidão da sua falta
me arranca de mim aos poucos.

E como poeta que sou,
não me impeço de sofrer,
de chorar e de doer,
pois se pra você voltar for necessário,
que doa,
que arda,
que loa!

E com essa dor,
meu peito grite
e minha boca entoe loas à sua presença.

Que cada momento nosso
seja como uma cerimônia sem sequência.

Que o conforto do meu colo
te atraia e aconchegue.

Sobre seus surtos divinos,
seus pulsos se rasgam sozinhos
diante da lembrança.

Que meus braços sejam os rios
onde você quer mergulhar
e se deixar,
deixar que lavem e levem suas dores,
suas preocupações,
pra descansar em paz.

                                     Ingrid Nogueira.
Eu me lembrei dela,
foi aleatório, eu juro!

Percebi que ainda estava abalada,
que nunca a havia esquecido,
que ainda estava viva em mim...

Aquele sorriso em seus lábios
tão rosados, tão vívidos,
tão possuidores da minha admiração,
do meu desejo...

Eu os vi,
na minha frente,
me convidando à prová-los mais uma vez.

Mas ela não estava ali,

E senti o seu cheiro puro,
e forte, e convidativo,
como quando a vi pronta,
e acesa, e sorrindo,
com os punhos perfumados,
com as veias saltando de dentro da pele,
bombeando o sangue tão quente,
e rápido, dentro de tanta expectativa,
com tanta vontade de se entregar a mim...

Eu ouvi os batimentos do coração dela,
e a ouvi sussurrar besteiras no meu ouvido,
seguidas de um riso enquadrado no
canto esquerdo dos seus lábios,
acompanhado daquele olhar,
que me era irresistível...

Me voltei à mim,
ela morreu,
e quis ressurgir,
logo daqui...

Ela era espirituosa,
e seu espírito me irradiava
toda vez que me tocava.

Mas o meu orgulho me fez dela esquecer.

Ela me fez dançar na chuva,
e em seguida me arrancou o chão.

Me lembrei o motivo de
deixá-la naquela encruzilhada do caminho,
a dor já ali,
me era maior que os risos,
eu a amava, mas ela só era feliz sozinha...


                       Ingrid Nogueira.
Resolvi andar pela rua,
e vi uma bailarina que dançava,
vestida de branco,
ela acenou quando me viu.

Vi uma noiva louca,
uma bailarina sem amor,
eu vi uma mulher
velha e torta a dançar pela rua.

Via uma bailarina torta,
e me era graciosa,
era uma velha bailarina torta,
que desenhava no ar,
e pintava a vida com suas cores.

Não havia beleza,
mas a sentia à flor da pele,
eu senti a dor compartilhada,
o grito desesperador,
a falta do amor
que lhe partira e a deixara
numa eterna hipnose,
num êxtase indignador.

Via no seu olhar
um pedido de socorro,
via lágrimas escorrerem 
do seu coração 
num pedido silencioso de paz.

E dessa vez as cores não eram suaves,
mas se desfaziam,
eram tinta encharcada,
e à medida em que as colocava na tela do ar,
o vento as levava,
e apagava,
era um trabalho árduo
e inútil,
e frio,
e triste...

Passei,
levei comigo um pedaço da sua loucura,
e era também eu louca depois dali.

Ela era o meu mundo paralelo.


             Ingrid Nogueira.

domingo, 4 de setembro de 2016

À Beira da Morte

É lá que eu estou,
E é ali o meu lugar.

Quando eu me ausento daquele lugar,
Eu me desequilibro.

Minha casa é ali,
Eu moro à beira do abismo,
E me arrisco todos os dias
E preciso dessa adrenalina.

Eu não te obriguei a vir até aqui,
E menos ainda a se arriscar por mim,
Quando mais uma vez tive coragem de me entregar,
Eu ia mesmo era  voar...

Ela me ouviu gritar seu nome,
Mas eu queria mesmo,
Era me libertar dela..

É que eu precisava daquela sensação...

Eu precisava morrer sem peso,
Eu sabia que no final do abismo tem um elástico,
Fino e tênue,
Sutil, difícil de acertar.

Antes de me jogar,
Calculei exatamente como deveria ter sido,
Mas o amor é imprevisível,
E a morte também.

Não era pra ter vindo atrás de mim,
Porque acontece que eu acertei,
E acabei na superfície novamente,
Mas você ficou lá embaixo...

E sabe qual foi a maior dor?!
Eu não morri,
E vivi,
Eu voltei pra viver todos os outros dias,
Sem ter o seu sorriso,
Sem poder ter seus olhos outra vez vidrados em mim.

E por minha culpa,
Você não prolonga nenhuma conversa comigo mais,
Eu quero a sua atenção,
E acho que vou ter que sumir daqui,
Eu não vou mais suportar viver à mercê,
Á beira da morte que é o seu amor,
A quina do seu sorriso...

           Ingrid Nogueira.

quinta-feira, 1 de setembro de 2016

Sobre Contradições

Sabe aquela noite?
Ela não foi muito boa,
E não foi a ideal.
Aquela noite não me fez,
Ela não me preencheu,
E não me convenceu.
Eu descobri que aquela noite
Não foi nossa.
Eu descobri que noite nenhuma
Pode nunca ser nossa,
Não do jeito que pensamos.
Mas você não me leva à sério,
E sabe qual é o problema?!
Você não se importa,
E sabe que devia falar comigo,
Porque quando lê o que eu sinto,
Você entende também...
Você sabe que esse texto conta de você também,
E que tudo aqui tem o seu cheiro,
Que você é o motivo,
Que suas cores me afetam,
E que o seu blazer Verde me arranca a atenção...
Eu vou escrever uma carta pro meu EU futuro,
Pra me lembrar de não me envolver novamente por você,
E lembrar também de que não é segura,
De que está sempre À ponto de naufragar,
E eu me recuso a arriscar outra vez.
Eu vou me lembrar de não olhar nos seus olhos,
E de não dançar com você nem mais uma música,
E de não te contar das coisas boas do meu dia,
Eu vou fazer um vídeo pra que o meu Alzheimer precoce
Não destrua os meus planos,
E me faça ceder À você,
E aos seus olhos pequenos,
E à sua risada boba,
E ao seu jeito moleque arteiro.
Eu vou tratar de te esquecer,
Antes mesmo de ter que
Tomar os meus remédios de lembrar.
Então não suma nunca,
Porque eu sou feita de mutação,
E não quero confessar que quando eu tiver que me esforçar pra lembrar,
Eu vou me esforçar pra lembrar de nunca te perder.
Ingrid Nogueira.

domingo, 28 de agosto de 2016

Sobre Fernandas (Que Não Rimam)

Eu levei um soco na boca do estômago,
 e eu não estava envolvida.

Fernanda era forte,
 Fernanda era promissora,
  E era maravilhosa...

Eu pensei em deixar pra lá,
 e deixei.

Fernanda voltou do pé da serra,
 E o doce que eu via,
  enjoou...

Fernanda era,
 E eu idealizava,
  Fernanda dançava,
   E eu travava...

 Fernanda ficou,
  E eu decidi partir,
   Ela quis continuar ali,
    E eu resolvi partir...

Eu a vi delicada,
 Mas levei um soco na boca do estômago,
  Eu não subo mais morros por Fernanda,
   E eu bloqueei,
    Porque Fernanda não é uma rima,
   E eu tentei rimar com ela...
  Foi vão,
Eu aprendi,
 Fui embora,
  Fernanda não chorou,
   Ela sabe que eu não sei não voltar...


        Ingrid Nogueira.

domingo, 7 de agosto de 2016

Eu sinto você,
e te ouço declamar minhas palavras,
meus sentimentos-poesia,
que te confiei em sussurros,
que te toquei,
me fiz livro-prosa.
Eu vejo essa cena,
seu corpo nu se mostrando trechos,
meio-coberto pela seda dos lençóis,
sua voz rouca,
cansada, ofegante,
transformando meu ambiente,
cheiro de incenso,
cheiro de cigarro,
cheiro de álcool,
seu cheiro, sua pele...
Chego a pensar que blasfemo,
não tenho você,
não posso te tocar,
mas te ouço,
e penso ser divino.
Te dou um lugar,
um pedestal,
um altar,
uma sala secreta,
um templo...
Eu te guardo em mim,
deusa de beleza extrema,
me seduz ao respirar,
perfume próprio,
almíscar entorpecente,
me inspira loucuras,
me borda calma,
silenciosamente na sua teia,
de onde eu não quero sair.
Senhora do meu querer,
não por me impôr,
mas por ser só o que eu quero,
dona dos detalhes que me enlouquecem,
que me reviram os pensamentos,
que me tiram o juízo.
A questão toda é que eu te desejo,
eu te vejo revirar minha cama,
meus lençóis,
meu corpo,
minha cabeça,
minhas roupas,
minhas cores e cheiros,
te vejo deixar rastros em mim,
e não posso te tocar.
É que você é inalcançável,
você está longe,
e brinca com minha imaginação,
você se mantém distante,
e me mantém em desatino total.
Me manipula,
me tira a voz,
me coordena os movimentos (cegos),
nus, e silenciosos...
Adoro a sua sensação,
e sinto divino,
e ouço divino,
e beijo divino,
e me calo ao te observar,
pra melhor te absorver,
pra te eternizar em detalhes,
os mesmos que me enrubescem,
os mesmos que me enlouquecem...
Faço loas, que por você são ignoradas,
te faço orações curtas,
em sussurros perturbadores,
que me enchem os pensamentos,
que não me deixam descansar,
perguntas que me atormentam,
e você se diverte,
e me ignora os pedidos,
e volta,
logo em seguida,
pra se banhar de todo o meu amor,
pra se lavar de toda a sua loucura.
E eu,
adoradora,
cedo à sua presença,
me entrego,
mesmo sabendo das dores
e dos seus outros amores.
E a cena se repete,
e me despedaça a cada partida sua,
e eu te ouço mais uma vez,
e te deixo me envenenar,
me deixo embaraçar em você mais um bocado.
Ingrid Nogueira.

terça-feira, 7 de junho de 2016

Visão distorcida, longínqua...

Eu te via AURORA
Mas você era só
Uma MANCHA DE ÓLEO
No chão molhado...

O problema com a minha impressão de você,
É que é uma ideia de você que eu criei,
E você não atende às expectativas,
Você é pouca...


Eu não sei no que eu acredito sobre você,
Eu prefiro imaginar você moleca,
Mas você agora é indefinida.

Não é meio de caminho,
Não é início de caminho,
Não é o final dele...
Você é intercessão dele,
Passa e não se importa,
Toca, muda, e não se lembra.

Você não dá a mínima,
Por que a sua "liberdade",
A sua "vibe",

Te deixa aleatória,
Pipa avoada,
E eu sou a menina que fica...


Como conta no seu corpo,
Histórias que você escreve,
E finge que não vê.



      Ingrid Nogueira.

À um Corazón Negro que me fez calar...

Sinto minhas mãos se desfazendo,
Sinto que delas escorre toda a minha poesia.
Sinto que te perco a rima,
Eu sinto que te perco...


E te vejo indo
Sem olhar pra trás,
É o que me dói.
Eu escorro na imagem,
No espelho,
Eu escorro pelo ralo,
E pela pia no banheiro,
A cada passo que eu deixo pra trás,
Me deixo ficar,
Me desfaço,
Deixo rastros...


Eu me derreto,
Não tenho forças pra ficar,
Nem pra tentar.

E o que fica,
É meu coração inteiro,
Numa porcelana,
Dependurada num colar.

Que antes eu carregava,
E um dia eu te deixei.

Você se foi
E se desfez,
Deixei pendendo nos ossos
Do meu peitoral,
Por dentro deles,
Ficava vazio,
E quando eu andava,
O sentia pender,
E colidir,
Hora contra o vazio,
Hora contra os ossos que o detém,
Num ato de rebeldia,
Auto rebelião...


E agora que me acabo,
Ele é o único que
Me fica inteiro,
E a casa fica com
O meu cheiro,
Me deixo essência.


         Ingrid Nogueira.

Eu não vou parar!

Nem por um segundo,
Nem por uma pedra no caminho,
Eu não vou parar,
Porque o movimento me mantém.
Eu me deixo respirar,
Enquanto não paro,
Sossego a alma.

Me deixo aprender
Com as passadas largas,
Com as aceleradas do coração,
Com a adrenalina correndo nas veias.

Com o perigo de não parar,
Com os riscos dos movimentos,
Que me são contínuos,
Mas nunca constantes.

E te ensino a viver,
Te mostro as luzes,
E te faço entender.

O mundo é único,
E viver o novo não dói,
E quando sim,
Nós dissimulamos,
A dor é nossa e
Não cabe à mais ninguém,
A decisão é sua.

Eu não vou parar!

Ingrid Nogueira.

Ela tem olhos grandes

Eu te encontro
Nos olhos da noite,
E ela tem olhos grandes.


Te encontro
Na agonia dos gritos
Sentidos da noite.

Te encontro
E gosto do que eu vejo
Porque não te deixas
Inundar pelo que te rodeia.

Te encontro
E me encanto
E me perco
E não tenho mais um caminho
Eu esqueço completamente
Dos planos.

Te encontro no escuro,
E és fresta de luz,
E te ouço agonias,
E me és calma...


Eu te encontro
E te desejo
E deixo,
Porque és muito mais
Do que eu posso
Levar comigo,
A gente se encontra
Por aí afora,
Pelo caminho,
Na aurora.

Ingrid Nogueira.

Ah quem dera...

Se a luz do Sol
Me aquecesse a pele
E me inspirasse a caminhada...


E se no meio da caminha
Ao Sol eu te encontrasse,
Se a gente se tromba
Na rua, ou na praça...


Se o seu sorriso me encanta,
Eu me estrepo,
Eu me arrebento por te admirar
E deixar tudo mais ao aleatório.
Eu deixo as regras de convivência,
Os "Olás" superficiais,
As regras subentendidas de circulação...


Eu esqueço a minha música,
No fone,
No último volume...

Você é o meu mundo
Naquele instante.

E depois do sorriso,
Me vais,
E me escorre pelas mãos,
Me desliza e
Me some pelas ruas...


E se, à noite, a Lua
Com suas carícias carentes,
Me fizesse sair do meu lugar,
E ir ler Ginsberg na mesma praça...


E se lá,
Eu ainda te encontro,
E tento com os olhos
Te fazer afagos doces na mente...


E se, aí do outro lado
Você me olha,
E me sorri em
Olhos de estrelas novas,
Que nem o negro Universo
pode ofuscar...


Se tudo isso me acontece,
Serias minha e não mais sua,
Tendo em vistas sãs,
Que te fiz minha
Sem te roubar,
Te fiz minha sem te prender,
És minha, porque eu te amo
E nada se passa paralelo à isso...


Ingrid Nogueira.

Eu quero a sua nudez pura

Eu quero tirar tudo de você devagar,
Tudo o que te veste,
E te cobre do meu olhar,
Tudo o que te limita me transbordar,
O que te deixa incômoda ao me transpassar...

Traços de mulher

Eu te quero livre,
E um sorriso estampado,
Daqueles que já se sabe à que veio...


Eu quero a sua nudez pura,
Livre e sincera,
Despreocupada e originalizada.

Eu quero o cheiro da liberdade que paira em você,
E quero a leveza do seu toque,
E a gentileza ao me chegar.

Quero pactos silenciosos entre nossas peles,
Nossas almas,
Que conversam ao se tocar.

Quero as protuberâncias das cicatrizes,
Das celulites,
Dos ossos e das curvas do seu corpo
Se apresentando ao meu.

Quero a cumplicidade de
Ter você inteira pra mim,
De me dar inteira pra você,
Sem pensar no amanhã,
Sem pensar em consequências e
Obrigações sociais depois.

Eu quero o "Oi!"
O êxtase,
E o "Tchau!"

Com ou sem beijo estalado,
Quero o seu suor sagrado nos meus seios...


As suas mãos lendo
As minhas linhas,
As minhas curvas...


Te quero inteira quando me vier.
Quero o seu riso sincero,
De menina,
E o seu contorcer de mulher,
Sua gargalhada culta,
E seu revirar de olhos diabólico.

Te quero inteira,
Mesmo que antes aos pedaços...
Te quero minha,
Mesmo que depois
Aos fiapos.

Ingrid Nogueira.

Neutralizador... Ou nem isso serve

Sinto a sua falta,
Tomo um anticonvulsivante,
Durmo.
Amanhã o dia é outro...

Eu não sei ignorar o meu pensamento sobre você,
Eu não sei ignorar você,
Eu não sei você...

E essa agonia me mata aos poucos,
Me afogo em tudo o que eu sinto,
Me escondo no sono
(Ainda que induzido)

Te neutralizo acordada,
Pra ter que fugir de você em sonhos.

Eu fujo de você.
Ingrid Nogueira.

Invisível exuberante

Estou entalada
Com um universo
Atravessado,
Ele rouba de mim
A voz, já muda...

É que você não vai entender nada,
E a sociedade não vai dar o braço à torcer,
E eu não vou me submeter...


Eu me cansei de você,
Cansei de arremeter,
Eu me cansei de me conter...


Nunca fui de me prender,
Não tem por quê te prender,
Você é como um pássaro,
De quem eu ouço o canto,
Mas a quem não quero ver...


Eu não sou de agora,
Eu sou o futuro,
E nada aqui está preparado pra mim...


Eu vou apagar a luz,
Fechar as janelas,
A alma não vai mais fazer morada,
Vou viajar,
E não quero mais ficar,
Nem pertencer,
Eu quero manter...


Que fique aceso,
Que esteja aberto,
Mas que não escape...


Ar fresco, mulher,
Ar fresco
De uma brisa leve,
De um sentimento exposto...


E que se foda a sociedade,
Como tem feito desde a primeira "civilização"...


Ainda anda em círculos,
E não se sobe uma escada em ziguezague...


Ingrid Nogueira.

Do amor nada

Eu que não sei
Nada do amor,
Tento te descrever...
Mas você tem um
Mistério no olhar
Que me prende...

E eu não consigo proferir
Nenhuma palavra,
Eu passo a desconhecer
Qualquer detalhe
Da mais básica gramática...


Eu engulo a minha voz
Me petrifico nos teus olhos,
Me deixo esperar.

Como no olhar de Monalisa,
Me segura a atenção,
E me atrapalho nas palavras,
Tropeço nas poucas bolhas
De ar que eu permito sair da minha garganta.

Afogo na água
Que me foge da boca,
E por todos os póros,
E orifícios de fuga,
E me transbordo de você...


Eu não sei nada de me deixar,
E não sei nada de você,
E isso é o que me faz
Te procurar,
E me empurra à sua beira de ser,
A sua defesa do mundo,
Sua desconfiança,
O seu "não-saber"
Ou o "não-querer"
Ou até mesmo o "saber-muito-bem-de-si"...


Não me preocupo
Em saber nada do amor,
E de você me intriga a mente,
Mas você se mantém distante,
Tenta se proteger do mundo,
Mas eu não faço parte dele,
Eu posso ser o seu aquário se você quiser,
Pra não ficar sem lugar,
É só que eu quero saber de você,
Sem ter que necessariamente,
Te ter... 


Não pretendo ter a sua posse,
Não quero ser sua dona,
Quero compartilhar da sua liberdade,
É só o que eu sei ver,
Por cima da água doce
Que me enche a alma...


Água de Oxum,
Que me enche,
Me lava,
Me guarda,
Me dá vida
E me protege,
Da minha mãe que
Me acalanta
Quando não sei de mim...



Ingrid Nogueira.

Eu sou um cubo de gelo

Sou fria sim!
É meu direito.
Sou um cubo ambulante de gelo,
E não devo calor à ninguém.
Eu sei controlar
A temperatura do que eu sinto,
Sou dura e fria,
E se eu sou assim,
É direito meu!

E como uma pedra de água sólida,
Se o que me vier de encontro
Me aquecer,
Me deixo derreter.

Me mantenho como
O ambiente me favorecer,
Quando me deixei maleável,
Fui bebida, fui cuspida,
Passei em corpos
Onde não fui notada,
E onde eu reguei,
Nasceram flores,
Com cheiro de maturidade.

Aprendi a ser garoa
Quando arriscar chover,
Aprendi a gotejar
Quando perceber que algo dali pode brotar,
Aprendi a me conter quando
Desnecessária a explosão,
Aprendi a ser rio manso
Quando na tempestade um trovão me gritar,
Aprendi a respirar,
Quando numa gruta eu achar sossego...

E aprendi a me manter
Quando nos Icebergs
Do amor, a dor parar o meu coração...

Eu sou um cubo de gelo
E eu não me sinto na obrigação
De estar branda porque
O SEU momento me pede
Um carinho,
Um calor,
Um cuidado...

Porque meu amor
Não se mede pela sua vontade.

Ingrid Nogueira.

Sobre molecagens...

Eu gosto de brincar
Na chuva,
E gosto de dar risada alta...

Eu gosto do que não faz muito sentido...
Eu gosto do que se sente
Mas não se explica.

Eu gosto da liberdade
De não pertencer...

Eu acho que nem sei mais beijar,
E talvez nem faça isso de novo,
E não me importo com isso...

Eu só gosto da não-obrigação

E quero não ter que ter postura,
E quero não ter que ter um nome...
E não ter que ter um amor...

Por que eu sou amor,
Por que eu sou a liberdade,
Eu caibo em mim,
E caibo nisso,
E não preciso usar palavras complicadas,
Eu não preciso enrolar a sua mente.

Por que o simples é bom,
Ruim é não entender.
Eu não ligo pra quem não entende,
Só ligo pra quem ama,
Eu gosto da essência,
Eu sou essência,
E me dou, sem ter que haver uma troca,
Por que eu não gosto das obrigações,
Não gosto de imposições,
E quero amar,
Sendo livre. 


      Ingrid Nogueira.

quarta-feira, 20 de abril de 2016

Sobre desejar ficar pra sempre

E queria sair dali...
Mas ela era o feitiço
Que me rodeava,
Que me prendia ali,
Prisão voluntária.

Com a sua oferta
Do melhor vinho,
O disco tocando,
Uma voz rouca e aveludada
(A original)
E a outra que arranhava
(Seus arranhos sonoros,
Tentativas frustradas)
E a mulher na capa,
Debruçada, apreciava
Seu dueto involuntário
Com uma desconhecida
De afinação questionável,
Mas de ótimo humor,
E de uma liberdade,
De uma sensualidade convidativa...
A mulher descansava na capa,
Escorada na vitrola,
Que foi herança da avó...
E completava o convite
Com uma boa conversa (solo)
Como uma boa louca,
Falava sozinha,
E eu, ouvia acompanhada só,
Não me esperava dizer
Uma palavra sequer,
Nem aceitar, nem recusar...

"- Só fica..."

E tudo acontecia conforme
O enredo da noite levava,
Ela dizia e em seguida,
Obedecia ao que foi dito,
E eu era como uma boneca
Dentro da casa,
Adorando a brincadeira,
E adorando mais ainda
A sua criança,
Eu queria brincar também,
Mas me deixava conduzir
E paralisar ainda mais
A cada movimento espontâneo dela,
A cada novo detalhe
Que eu descobria...

Ela me tinha,
Sabia que eu só iria embora
Se eu desejasse ir,
Então tratou de me fazer
Querer ficar...
E eu me dei ao seu prazer...

Essa noite eu quero só ficar,
Como na súplica dela,
É o que basta...


            Ingrid Nogueira.

sexta-feira, 15 de abril de 2016

Da madrugada que me brilha

Sobre o escuro nada assustador:
 -Eu peco!
E danço com o Diabo
De saia rodada,
De salto alto
E de risada assombrosa...
Por que eu decidi que
O meu mundo
Brilha do meu jeito...

Num globo de vidro,
Uma cena congelada...
Eu sou a bailarina torta,
E o Pierrot desbotado...
Eu sou uma lágrima
Que desce lenta
E cai com delicadeza,
Que faz um estrondo
Ao tocar o chão...
Sou a navalha que corta os pulsos,
E também a mão de quem remenda,
Com paciência,
Os caminhos mal traçados...
Eu sou o amor
Eu sou o fracasso,
O sucesso e a ilusão...
O êxtase e
A morfina na veia.

Trago você pro mundo,
E da sua artéria,
Trago a vida,
Mixo lenta e novamente,
A sua pulsação explosiva...

     Ingrid Nogueira.

domingo, 10 de abril de 2016

Sobre periculosidades...

Na gangorra,
Eu balanço entre
As possibilidades de morte...

Balanço entre as possibilidades,
E discuto,
Numa luta de interesses mesquinhos,
Eu me rasgo,
Me dilacero,
Corto os punhos...

Tentativas inúteis!

Eu me deito n'um lugar
Que não é meu,
E me sento n'um lugar
Que não pertence a mim,
Eu como n'uma mesa
Que não me cabe,
Uso talheres que carregam nomes traçados,
Que nem ao mínimo
Parecem o meu...
E vivo me perguntando
Onde é o meu lugar,
E por que não saio a procurar...
Eu vivo remoendo,
E é uma vida baixa,
Uma vida pouca,
Que não emana,
Que não tem força...
Eu me sinto
Fria,
Eu me sinto nada,
Eu me assento
Por que não consigo me sustentar.

Eu me vejo ir,
Me sinto doer,
Eu quero gritar,
E nem voz pra isso eu sei ter...

Eu não me fiz crescer,
Eu me deixei domar,
E agora me dôo,
E remôo,
E não grito.

Como uma ovelha muda,
No matadouro,
Eu estou,
E me deixo enlouquecer,
E pinto as paredes,
Eu escrevo no teto
Que há em mim.

Me coloco numa caixa branca,
E me deixo fluir,
Por que eu me aguento a dor,
E me permito enlouquecer.

Mas não sei qual caminho trilhar,
Eu cresci com medo,
E agora não sei me virar.

Eu enlouqueço todos os dias,
Todo santo dia,
Todo o final do dia,
Eu grito,
E existem muitas de mim
Dentro de mim,
E não te deixo entrar
Na minha solidão,
Não bata na porta,
Não entre,
E ao sair,
Não bata a porta...
Eu sei o que eu
Escondo em mim.

Ingrid Nogueira.

Sobre ela: Erva dos dramas...

Venenosa,
E alucinógena...
Totalmente nociva.

Nociva ela, e nociva você...
À minha saúde mental,
E à minha saúde sentimental,
E à minha saúde psíquica...

E eu gosto desse perigo,
E preciso sentí-lo,
A adrenalina que corre
No meu corpo,
Me fez viciar em você.
Eu odeio amar,
O que em você,
Me faz morrer.

Ingrid Nogueira.

Da minha janela eu não vejo...

Nada!
Eu não olho mais através dela,
Desde que ela foi embora,
Eu pintei os vidros,
Um por um,
Parei de ver lentamente.

Por que ela era o motivo
De tanto eu espiar por lá,
A minha casa era a janela,
Minhas paredes eram de vidro,
Então pintei um horizonte novo,
Não mais vejo aquele "Belo"
Pelo qual ela costumava andar...
Por que ele já não é mais
Tão lindo,
Nem tão vivo...
Ele não sorri mais.

Os olhos dela não brilham mais por lá... Foi escolha minha:
Eu não vejo mais pela janela,
Por que eu não tenho uma...

        Ingird Nogueira.

Eu só nada por hoje...

Sobre ela me perguntar:
- Não, eu não estou bem...
Sobre o que aconteceu:
- Nada!

Nada de interessante,
Nada de intenso,
Nada de colorido,
Nada de quente...
É que por hoje eu sou um mar vazio,
Um imenso nada...
Eu só "nada"
E "nado" de braçada...
Por que não me interessa,
Eu não quero mais chegar...
 Não quero atender o telefone,
Não quero mais ouvir teu nome...
Se reparasse no que eu digo,
Saberia que bem eu estou
quando falar do mundo todo
ainda é pouco...
Mas hoje eu só nada.
O "in" me faz por hoje,
É que eu sou o avesso hoje,
Eu decidi estar do outro lado,
Insossa, só pra saber como é...
 Hoje eu decidi não ser,
E nem estar,
Eu vou apenas ficar,
Num espaço paralelo,
que de certa forma te ocupa o olhar,
Num tempo em que te tomo a observação...
Hoje eu vou me matar,
E cortar o meu rosto,
E me dar de bandeja ao que desejar,
Eu vou beber lágrimas,
Eu vou me embriagar dos confetes de carnaval.

Por que eu não quero ser vista,
Eu não quero ser compreendida,
Eu quero ser sentida,
Eu quero que você sinta a minha dor,
Quando parar e observar,
Por que eu te dei o meu sorriso,
E você o achou amarelado demais,
Eu escovei,
você achou torto demais,
e eu tratei...
Você achou certo demais,
desalinhei...
 Eu te fui tudo demais,
Pequei...

      Ingrid Nogueira.

Pára

Pára de só aparecer quando te convém,  Pára de voltar pra massagear o ego,
 Vê se esquece de uma vez, e logo,
que eu ainda existo.
 Deixe outras pessoas chegarem perto,
 Se mostre, talvez o seu monstro interior simpatize com os delas...
 Me deixa de uma vez quieta aqui,
 Esse canto é quente,
 Já guarda minhas marcas,
 Eu pixei,
 Pra ser vândala
 Eu pixei pra sentir a liberdade,
 Fui eu que pixei,
 Pra mostrar que eu posso fazer coisas que não agridem, mas os outros rotulam como "fora do normal"
E como quem tatua a pele a vê sangrar,
 Eu te tatuei em mim,
 E agora só,
 sou eu quem me vê definhar...
 Meu coração não é criança,
E já aprendeu a lidar com a sua falta,  Com a sua ausência decidida.
 Eu ainda sou moleque,
Apesar da barba e das contas pra pagar... Só por favor, PÁRA!!!
Pára de assombrar meus sonhos,
 Me deixa descansar...!
  Você não é mais o fardo
 Que eu achei bonitinho e quis levar... Mas sempre se deixa na minha porta, dentro de uma cesta e pede pra voltar... Só não se deixa mais aqui.
Que eu não vou mais aceitar...

  Ingrid Nogueira.

Das coisas mínimas...

Saber da risada
Só pra sentir falta...
Entender o mistério
Só pra se intrigar...
Beijar a risada
Só pra não parar...

É que me ligo tanto
Nas coisas pequenas,
Reparo no que
Não se precisa dizer...
Os sinais que me fazem prender,
Que são "simples",
Que talvez faça com que os outros percam a graça...
Até o jeito como ignora a minha presença,
Charme negado,
O aperto na nuca,
Mesmo que estivesse de burca,
Que os olhos não taparia,
E me faria afogar no negro
Do mistério,
Na profunda e penetrante inconclusão...
Fico inquieta com
Seu fatos bobos,
Com suas manias simples,
E seu irritantemente igual...
Me chama a atenção a risada e até mesmo a concentração...
A falta de graça quando descanso os olhos em você...
O problema é que me ligo fácil...
E você vai embora,
Como todos sempre vão.
Vai descobrir que eu era legal e engraçada no começo,
Mas que não sou lá tão especial...
E quando meter o pé pelo mundo,
Vou estar aqui,
Mais uma vez,
Lembrando das irritâncias,
Das manias,
Dos simples,
E dos mistérios,
Mais essa vez  ficarei...

Sofro de gostar-de-estranhezas...
De minimalidades...
De souvenirs pessoais...
É que brinquei de destrinchar...
Gostei do que achei.
Me perdi no ficar.

 Ingrid Nogueira.

quarta-feira, 23 de março de 2016

Tô enjoada...
Tô grávida de um ser do mundo paralelo...
Tô grávida de um disco voador,
Grávida de um sonho bom,
Do amor...
Acho q enjoei das delicadezas

com os seres que infelizmente não amam...
Sem coração...


    Ingrid Nogueira.

Sobre ir...

Mambembe, cigano,
Errante, nômade,
Saltimbanco,
Sou todos que posso,
Sem me condenar
A ficar...
Desaprendi a ser a parte que fica,
A parte deixada pra trás....
Eu sou agora a que vai...
E seu eu te amar,
Te levo,
Mesmo sabendo que tens que ficar...
Porque aos que me importam,

mesmo que fiquem, jamais serão deixados pra trás...
Me acompanharão em pensamentos,
No compartilhamento de alegrias e dores...
No palpitar do coração,
Em cada liberação de adrenalina do meu corpo...
Em todos os momentos importantes estarão em minha vida,
Mesmo que estando lá onde ficaram.



Ingrid Nogueira.

Que dure enquanto seja eterno

Sobre as minhas contradições,
e algumas discordâncias dos grandes autores...
Sobre meu olhar controverso...
Minha opinião sobre qual deveria ser a ordem...
Talvez fosse mais justo...
Que fôssemos incessáveis em nós,

e que durasse o tempo que fosse,
seria eterno em nossas mentes...



      Ingrid Nogueira.

É que eu ainda vou estar aqui...

Porque por hoje
não vou saber te acalentar,
nem aquecer o coração...
Mas mesmo assim vou estar por aqui,
no cantinho,
à espera de atenção...


  Ingrid Nogueira.
E que o riso que me arrancas dos lábios,
Me cale a boca e acelere o
músculo sentimental que guardo no peito...

Sobre amar o seu sorriso
e querer te entregar minha calma,
e fazer reviver meu pobre coração...


    Ingrid Nogueira.

Da moldura da LIBERDADE...

É que o ângulo
mais bonito do
seu sorriso não
me permitia 
registrar em foto,
não pude capturar
por causa da beleza
que carrega na sua
LIBERDADE...

E você, se quiser,
que aproveite bem o momento...
Que seja menos importante o celular,

o registro material, o palpável,
a prova concreta...
Prefira acreditar que foi mesmo um sonho,

que você foi capaz de criar/viver algo bom,
sem ter a obrigação de mostrar/contar/provar
pra sociedade que foi certo,
o quanto foi bom ou como você se sentiu...
Queira eternizar em você e nela,

na memória, no mistério, no segredo de vocês
(que seja algo que os ligue em sussurros),
na beleza do exclusivo em vocês...
Aproveite o êxtase da presença dela,

eternize-a como musa, como anjo,
como flor e como for...


     Ingrid Nogueira...

Poisé...

É que isso de ser legal,
Dói, cansa, machuca
E deixa mal,
Deixa marca,
Faz o coração doer,
Endurecer, amargurar,
Querer esquecer...

  Ingrid Nogueira.

Sobre consequências das voltas que o mundo dá...

Eu sei que por aí,
Pelas voltas que o mundo dá,
A gente ainda se encontra;
Se abraça,
Se beija,
Se ama mais;
Mas não volta;
 Deixa as voltas pro mundo
Que não fica tonto...

   Ingrid Nogueira.

Sobre se deixar Ser...

Hoje eu me banhei de um sentimento novo...
E me deixei chover sobre a cidade...
Chovi colorido,
Chovi poesias em dobras,
Origamis de sentimentos...
Chovi a coragem de ser.

É que eu não resisto às cores
que me enchem por dentro,
E às vezes transbordo...




Ingrid Nogueira.
É só olhar...
Observação é um dom...
Que eu procuro desenvolver...
Que talvez, um dia fale por mim...
Dentro de ouvidos distraídos...
De almas surdas...
É que o olhar é armadilha...


 Ingrid Nogueira.

Sobre as cores e suas coradas...

 Sobre ela...

Gosto da sua sensação,
Daquela sua falta de palavras,
Gosto dessa minha parte que te ama
E sempre me acelera o coração
Ao mínimo sinal de você.

 Sobre as cores
 e suas coradas...

    Ingrid Nogueira.
Em que peito mora SUA música preferida?!

Fiquei a pensar no ritmo da sua música,
E não podia me convencer de como nenhum outro peito
Sabe tocar a sua sinfonia.
Mas é que eu não gostava de nada antes de você...
Não me permitia obedecer aos compassos...
Mas o prazer da música que de você emana
Me conduz à coerência do ritmo,
Me deixei ficar na sua melodia...


      Ingrid Nogueira.

Sobre questões jamais esclarecidas...

 _Eu vim nesse mundo pra quê,
     Senão pro AMOR?!

Entre tudo isso,
me refaço com amor...
Só fique essa noite,
sem precisarem explicações.
Segredo nosso...
Juro te guardar com carinho.
Nunca mais no pano de guardar confetes...
Pq depois de você
não precisei mais do carnaval...
Me deixa fazer transbordar em você
essa sensação q você desperta em mim.

     Ingrid Nogueira.

Sobre acordar sem rumo...

Por hoje não tenho cor...
Sou palidez por inteira
Sonhei que tinha você,
E acordei num mundo
Que não era meu...

     Ingrid Nogueira.

Sobre se entregar por inteiro...

Quando eu chegar a te chamar,
Saiba que não terá mais volta,
Cuidado com o quanto você pede,
Com o quanto você quer...
Não costumo me tomar de volta...

    Ingrid Nogueira.

D'aquela DOR Sozinha...

Sinto que deveria escrever agora,
Mas não consigo...
Agora está tudo doendo dentro de mim...
E é aquela dor sozinha...
Sem mais...
Sobre aquela dorzinha pequena
que suprime tudo em nós...
Nunca é tarde pra doer...
Logo em mim,
que sempre esperei,
Doeu e não chorei...
Sobre a dor de agora,
E os quereres...
Choro doído, coração calado,
resmungando...
Choro livre q resolve não sair...
Sobre o que aconteceu...
Aquilo que deve ficar dentro...
Sobre o aperto no coração,
Aqui dentro tudo dói,
mas eu não chorei...


    Ingrid Nogueira.

Da TEIMOSIA...

Que me parte o coração...

E eu teimo no que me dói,
Não só por teimar...
É um teimoso de amar,
De querer ficar perto e aí doer...
Eu peco na quantidade de fazer bem?!
É que eu sempre quis me achar em você...
E mais essa vez me perdi.


 Ingrid Nogueira.

Da ANSIEDADE...

Que antes me fazia
Roer as unhas,
Mas que hoje me dói o peito...
Da vontade de te ver,
Que sempre me acelerava o coração,
Que só fazia crescer alguma coisa

que ainda não tinha nome...
Da dor que agora me rói o peito,
Que me faz enxergar agora a força,

o vigor e o tempo que perdi...
Até a MATURIDADE,
pra eu saber lidar,
e guardá-la com calma...
Pr'eu não me ferir tantas vezes mais,
e saber entender o mundo a minha volta,
desse meu jeito louco,
que talvez não seja o certo
(e que também não se define como errado).
Pra ter agora, a coragem de estar aqui e me fazer lembrada...

Ingrid Nogueira.

Da MATURIDADE...

Que agora me chega,
E arrepia a espinha toda,
Que me faz mais mulher...
Do tempo que anda corrido, e correndo...
Quando a gente cresce quase que sem perceber,
E quando viu,

já virou uma indefinição ambulante,
mas consciente...
Dos limites dos outros que se aprende a respeitar.
Do partilhar que agora a mente exige,

dos amigos que decidiram ficar sem hesitar...
Dos "cabelos brancos" que começam a se sentir a vontade,

e das várias "obrigações/pressões" sociais
que nós decidimos seguir ou não fielmente...


    Ingrid Nogueira.

sexta-feira, 18 de março de 2016

Subjetividade paga

Eu queria ser o risco,
Ou o MOTIVO dele
Impregnado na sua pele...
Subjetividade paga.

Sobre seu jeito particular de se marcar...
Seus rabiscos que ninguém além dela própria compreende,
Seriam sonhos alcançados ou pessoas a quem amou,

ou flores não dadas...?
Mas só o que eu sei é que nela existe um mistério
que eu sempre quis desvendar,
sem ainda ter sido permitida, me permito eu,
criar suas possibilidades, 
que por tantos momentos são também minhas...
E é tão incomum, que me atrai a atenção,
me prende em si, na liberdade que carregas,
por ser essência pura se espalhando pelo ar,
e pelo meu olfato tanto agradar...
É que tudo em você é tão livre,
e me encanta a autenticidade de que tanto se importa,
mesmo que te seja natural...
Por que me permitiria o Cosmos te conhecer senão
para me fazer pairar com tanta
delicadeza sutil de menina moleca que carrega e que a faz tão mulher...
Só por se pertencer tanto, é que a quero pra mim...
Por que acima de tudo o que eu disse,
ela é a única exceção...


Ingrid Nogueira.

Nota sobre lembranças

"Nota sobre lembranças:
Esqueça da dor
Esqueça do choro,
Esqueça do cheiro da flor...
Mas lembre-se, acima de tudo,
de ESQUECÊ-LA TODOS OS DIAS"

Trecho sobre amnésia proposital.
Sobre se reeducar emocionalmente...
Coração sendo domesticado,
So lovely for you... a day!
Porque sentimento pode sim ser acalmado ..
Mesmo que amanhã eu tenha me esquecido

e ela volte com esse sorriso,
com uma versão melhorada de ideias sobre o mundo,
sobre mim...
Não quero nunca deixar o amor que eu tenho,
domar novamente o meu coração
deixando o cérebro sem poder de decisão.
Coitada de mim,

antecipando o esquecimento do que é bom
sem ao menos considerar as faltas que sofreria...

Ingrid Nogueira.

Eu amo CÃIBRA

Eu Amo Cãibra
Não só a dos exercícios repetitivos e dolorosos,
Quero a cãibra do exercício repetitivo do amor.
Sempre me foi uma dor prazerosa,

mesmo que somente a muscular.
Depois, quando provei o seu tanto amar,

VICIEI-ME EM DOER-TE EM MIM.
Amo aquela cãibra emocional

que às vezes dá no músculo principal pulsante,
e dá de tanto amar...
Cãibra sim, de amor.
É que às vezes me canso de amar,

tem aquele cansaço de me esforçar,
mas a que eu gosto mesmo,
é aquela que dá depois da acelerada forte e repentina,
Depois de um abraço adiado há tanto tempo, 

Depois de tanto tempo sem te ver,
sem sentir a sua pulsação junto à minha.
Aquela que dá sempre que ouço a sua voz,

essa sua risada gostosa...
Depois de ver o teu sorriso largo, moleque...
E até mesmo depois de ver que chegou uma mensagem sua,
mesmo sem eu nem tê-la lido ainda,
o meu problema é com você, e é todo meu.
O meu amor é por você e ainda assim é todo meu.
Gosto da fadiga,

da cãibra do desejo que só você me causa. 


Ingrid Nogueira.