segunda-feira, 22 de fevereiro de 2016

O meu coração,
Com sua petulância,
Decidiu morrer,
Ele decidiu ficar
Enquanto eu ia...
Ele tem vontade própria e quis ficar...
Ele preferiu se cortar,
Masoquista,
Patético...
E o amor, que se aloja,
O chamam de poético.
Ironia, visto que a dor
Que me causa prazer
Me deixa a sangrar,
E a doer...
O que tem de poético
Na falta de beleza?
Eu digo o que há!
Há o infinito,
Há o que não se poder explicar,
Há silêncio,
Há o observar,
E o sentir...
Há a atenção que ninguém te pode dar.
E no mesmo passo,
Uma solidão sincera,
Nua, pobre, aberta,
E o queimar calmo das pontas dos cigarros no cinzeiro...
Vida que escorre de mim aos poucos.

Ingrid Nogueira.

Coisa's

O surto do de-dentro
Me fez
Doer pra todo mundo ver...
Foram coisas as quais eu muito me exigi,
mas ainda não consegui alcançar,
são coisas as quais meu coração não sabe calar,
ele não se aquieta. 

Como o artista à sua criação,
eu me declino à esse amor que me tira a vida,
e me mata um pouco a cada instante. 

E agora soletro o que sinto,
sem nem ao menos conferir na tela
a falta de maestria da minha escrita. 

E o que sairia provavelmente
à letras trêmulas e corridas,
sai com erros caligráficos,
palavra que talvez nem exista.

E espero, simultaneamente,
uma resposta sua
sobre o que eu descrevi.

São coisas-medo,
são dores que aprazem
o meu coração masoquista.

E qualquer vibração
faz aumentar o palpitar
do meu coração,
e faz nascer uma esperança...

Agora que eu não tenho mais um coração,
esmurro o tambor,
esmurro as paredes e portas,
os vizinhos não me reconhecem...

O surto de dentro me fez
doer pra todo mundo ver.
E não viu quem não quis...

As coisas de você me fizeram surtar....


                           Ingrid Nogueira.

Cansaço... Espera preguiçosa

Cansei de esperar
As suas vibrações,
Espera inútil
e preguiçosa...
Cansei de esperar sinais de vida
Me dei conta da morte que te envolvia...
Esperei suspiros,
Mesmo que sem cor...
Mas era toda palidez,
Era fria e nem o resto de calor que havia envolta te aquecia o peito...
E o meu pobre coração?
Que eu te dei pra que tomásses conta?!
E agora como é que eu faço com esse meu peito oco?
Pra onde é que eu direciono agora o meu sangue, que sem destino coagula, me doendo, me ferindo, me matando aos poucos?
Como é que eu vou sair daqui?
Eu não vou levar seu corpo frio comigo...
Nem vou me deixar na inércia de uma espera vagabunda,
Pois então agora eu hei de partir e com o peito neutro,
Deixar teu corpo, e tua casa e tua falta de vida...
Não vou me esquecer, e menos ainda me culpar pela morte que espalhou seu cheiro doce por aqui essa noite...
Não vou chorar por você...
Sem palavras, sem afetos, sem cores, sem dor
Era o trato frio e, por vezes, infindo...
Mas hoje acaba o sofrer de uma esperança vaga
De uma vida vã.
Você estava tão livre, e me parecia bem...
Pena que não quis merecer tanta beleza...



                      Ingrid Nogueira.

"(H)AVIA" ELA

É que em todos
Os lugares
"(H)avia" ela...
E não sabia
Como lidar...

É a última sobre ela
Mas era como preto ou branco, a luz e a sombra...
Estava sempre,
Em todo lugar...
Me assombrava as visões.
E passando pelos porta retratos,
vi uma coisa familiar...
Era o seu sorriso,
Que não me deixa em paz...
Já disse,
Não queria estar ali...
Me obriguei a voltar e contemplar...
É que ele é um fenômeno...
Você é um fenômeno mundial...

No momento em que você ri,
Você vive, e explode pro mundo.
Mas prefere se reter,
Se contém e priva o mundo
De todos os seus risos,
E até dos sorrisos acanhados,
Brilho de alumínio,
Borracha colorida que mesmo assim não te rouba o brilho...
Olhos de gude,
Que me penetram a alma,
Como as originais num jogo de rua,
Dentro da 'caçapa' de terra...

Mas é que você se esconde de mim,
Me deixa te encontrar,
Me faz entrar e me envolver no seu mundo,
Me dá um pedaço disso,
E me tira o sorriso bobo,
Quando, logo em seguida,
Some na escuridão das suas paredes,
E as pinta, e escreve até o teto,
E enche com lembranças das suas pessoas importantes...
Eu já quis fazer parte dele...
Mas não era pra gente como eu,
Anjos andam em grupos,
E eu escolhi ser marginal...
À margem da lei,
À margem do seu amor,
À mercê do seu encanto,
Livre.

Ingrid Nogueira.

Sobre perder pro pôker

Nunca joguei esse jogo,
Consequentemente nunca o perdi...
Mas a ironia,
É que mesmo sem contatos,
Ele ainda ganhou de mim.

Não me lembro de como eu entrei nessa,
Só sei que perdi aqui... Fui trocada,
O deram preferência,
Me permiti deixar nas mãos daquela jogadora,
E me cortei com aquela carta de papel...

A culpa não foi do jogo,
Nem das estrelas...
Foi culpa minha,
De não ter enxergado as prioridades,
As importâncias...

Eu era ficha na mesa,
Pena que já era dívida
Antes mesmo de começar o jogo...

Rodada inválida,
Roleta quebrada
Cassino veio à baixo
Já disse que coração não é casa de jogatina...
Amor não é jogo de azar...

Azar eu tive de encontrar e me apaixonar por você...
Vai lá na fabricação
E devolve seu 'PIRLIMPIMPIM'
Você não merece,
Não sabe fazer bom uso dele...

Vai acabar por se queimar,
Porque eu sou lenha seca,
Não tenho medo de fogo
Risco logo o fósforo,
Banhada de álcool...

E me livro da coceira,
Do cupim em que
Você se transformou...

Não coma minhas esperanças
Não sou moeda de troca
Não me aposte
Não aposte em mim...

Eu dou azar
Eu sou azar...
Atraio e danço com ele...
Que falando em você,
Tem sido o melhor par...



           Ingrid Nogueira.




Eu amo quem EU quiser!

Amo mesmo
Minhas escolhas
Sem regras

Eu amo quem EU quiser!

E ninguém tem nada com isso

Tanta gente no mundo
Se maltratando,
Se odiando..
Se assassinando..
E eu só querendo amar..
Ser livre pra isso... Foi aí que me dei conta
E liberdade pra entender, que realmente não importa
Em sentido nenhum,
O que qualquer outra pessoa pensa
Sobre minha opção de amor... Se isso me faz bem,
E faz bem à quem
Divide esse amor comigo,
Não existe quem tenha
O direito de se meter,
Ou de achar nada... O amor é um ato puro,
Demonstrações ingênuas,
E talvez nem precise disso,
FODA-SE o seu conceito
Do que é certo!
Não pedi conselho...
Não perguntei opinião

Eu amo quem EU quiser!

E o governo não tem nada com isso
E a sociedade não tem nada com isso
E as tradições também não

E o meu caráter não se mede por isso,
Nem a minha humanidade,
E nem minha moral...
Menos ainda meus feitos contribuidores do mundo.

Eu não me meço pelo
Meu amor,
Não haveria espaço
Nem pra medições,
Nempra comparações,
E menos ainda,
Pra sermões sobre ética e moral,
As quais não cultivam lá
Muitos seguidores... Eu amo quem EU quiser

E você não pode
Me arrancar a liberdade
Por falta de coragem sua
Em amar realmente alguém

Não me prive do maravilhoso
Se você só tem o bom pra me oferecer.. Você nunca vai ser
Gente o bastante
Pra me obrigar a desistir... Nada de tentar me fazer
me sentir culpada...
Minha liberdade me preserva
Do seu audacioso, porém envolvente, "ADEUS"

Ingrid Nogueira.
A gente
Ainda tem muito mundo
Pra rodar...
Muito mundo pra variar...

Por que nós temos tantas
Possibilidades baby...!
Eu não sei por onde começar.
É que eu nunca parei
Pra pensar nisso antes,
E eu estou grilada com "tudo tanto"...
É muita beleza rara,
Tanta utilidade fútil...
Não era o que eu me iludia na espera.

Eu vi demais,
Eu senti demais...
Eu senti falta,
Faltou calor,
E "aprochego"...
Faltou você comigo,
E agora eu tenho "tanto tudo"
Pra te mostrar...
E "tudo tanto" anda em falta...

Você tem carinho estocado?
Se prepara, que a estrada é longa
E as farpas não se medem
Talvez você precise esfriar,
Talvez aquecer...
Com certeza minha memória vai falhar,
E você vai ser a minha bússola...
Te cuida de proteger suas especialidades
Cuide de ainda ser sobre você...

O mundo, de grande,
Guarda muita dor,
E muita insanidade,
E muito "tanto"

Cuide pra não se machucar tanto,
Pra não se doer tanto...
Cuide da intensidade com que você leva a vida...
O mundo não é feito de piedades mútuas,
Mas a continuidade de dores
De vez em quando cessa,
Por algumas horas pequenas, que fazem valer a pena.

Ingrid Nogueira.

segunda-feira, 15 de fevereiro de 2016

Era regida pela liberdade
e se encantava por ela.

Não sabia se sentir ligada
a ninguém,
e nem ao tempo,
pois era ele próprio,
prisão, e não era real,
mas era...

Eu não quero estar aqui
eu não me propus...
 não é escolha minha estar aqui...
  e não me lembro por qual
motivo foi que me permiti
ficar,
que me deixei ser obrigada...

Amei tanto a liberdade,
que me fiz prisioneira
da sua observação...

Não quero mais ficar aqui.
Mas não me deixo sair,
eu quero coisas poucas,
e quero na sua simplicidade,
mas não me deixo largar de ti.


       Ingrid Nogueira.

Escrevo o que eu penso,
e ando não pensando
em nada...

E é um vazio irremediável,
é falta de palavras.

Eu não leio mais,
não durmo,
não penso,
não escrevo mais,

Minha mente não cria,
não tem amores,
não tem dores,
não tem protestos mais.

Eu não saio mais
de casa,
e não faço mais
nada.

Eu não durmo,
eu não sonho,
não saio,
eu não interajo mais.

Estou na  Filadélfia,
e sinto calor,
e sinto cores demais,
não assisto mais aos fogos
anuais,
eu não saio de casa,
não olho pela janela,
nem sinto cheiros de indústria,
nem assopro vapor,
(quente no frio).

Eu sinto saudades da
Filadélfia no inverno,
e me dói não estar
vivendo aquele inverno,
em que eu te encontrei...

Eu não moro mais
embaixo do metrô...



 Ingrid Nogueira.
Eu não consigo escrever...

O que passou,
agora não me inspira.

Não foi tão bom
quanto todos nós esperávamos,
porém foi tão mais doce,
foi tão cheio de pureza...

A dor não me fez mal,
morava ali um prazer
que me era favorável,
e trazia acumulada
em mim,
tanta disposição...

Meu corpo fiz como
se evoluísse, se transportasse
para outro lugar, e
pra outra realidade,
tanta imensidão...

Não acreditei que aquilo
pudesse realmente existir.

Por que me envolveu
e me iludiu, e me
doeu o abandono tanto...

Eu rezei tanto
(pedi repetidas vezes)
pra não te querer,
e depois pra não
te ter, e mais ainda...
 pra não te perder...

E quando você foi
embora, me fiquei muda,
e triste, e com todas as
lembranças...

O meu corpo ainda
clama os sentidos que
eu não conhecia,
mas foram despertados
por você,
e só funcionam
com você.


 Ingrid Nogueira.

Por que é que ela foi
a sua falha escolha?
 Porque se materializar
e fazer ser vista
através dela?

Inspiração,
porque ela pra ser
alvo de toda a sua
fonte, de onde você
nem flui?

Porque nela
você escondeu o
seu motivo?

 E porque,
qual foi a graça,
de me viciar nela?

Estou mesmo
te colocando na parede,
porque não é justo
comigo.

 Meu subconsciente
já tenta se preparar
quando eu vou à
um lugar onde eu
talvez possa a encontrar.

E eu não sei
aonde mais me
esconder.

Eu não sei prosseguir
daqui...

 Isso é um pântano,
e eu não quero me
afogar, eu não quero
me rasgar com as
suas raízes,
não sei esconder
que como uma serpente,
sorrateira ela se
escondia...

E fico lembrando
minha noite com ela...

Com verdade
eu afirmo que
nada foi a desejar...


Eu me arrependi
da rapidez,
e da brutalidade...

Agora eu te quero
doce, mansa, dominada,
mas que me queira
a mim também,
tanto quanto eu a você.

E como num princípio
de tempestade,
tudo junto...
 e um silêncio infindável,
a turbulência
que ainda vem...

E eu, mar,
que te absorvo,
com lentidão
e paciência daqui.

Eu quero a
sua calmaria
em mim,
e se não foi assim,
que a minha loucura
te confunda o saber.

Não quero suas
partes...

Deságua em mim,
você rio, eu mar...

Eu te amparo
quando fores
queda d'água,
e me misturo com
você, no momento
em que eu  encontro
a tua boca.


 Ingrid Nogueira.

domingo, 14 de fevereiro de 2016

Eu não quero mais brincar
e não quero mais ficar...

Hoje eu quero sair de
você,
eu quero fugir daqui,
e quero sumir de mim.

 Eu não quero ficar
e chorar...

Eu prefiro me acovardar,
e experimentar coisas
totalmente novas
no meu exílio voluntário.

Ninguém vê paisagens
novas quando
decide ficar.

 Eu me poluí de
todas aquelas informações
sobre você,
que não me apetece mais.


 Ingrid Nogueira.
Eu era uma afirmativa
negativa.
 E nada me permitia
ser sim.

Me envolvia por alguém
que me fez retornar,
-não como Perseu à sua
Penélope..._

Me fiquei por alguém
que não quis ficar.

 Estive ali em vão.

 Me "curei" do que eu
não precisava me curar,
de uma ferida que
na verdade nem
existia e eu me
deixei acreditar.

 E ela não estava aqui,
mas a minha mente
não me permitiu enxergar,
e como aquela bailarina torta,
eu via, como numa pirueta,
o mundo distorcido,
encurvado e dentro de voltas.

 Como num caleidoscópio,
dentro de cores e
imagens repetidas.

 Foi uma enorme convulsão
febril de dores e alegrias,
e acontecimentos em
total desconexão.

 E aquela voz,
se distorcendo e como
que se contorcendo em mim.

 E toda aquela viagem
me era já conhecida,
eu já havia passado por ali.

 Mas ela não me deixava
o direito da conclusão.

Os fatos sobre ela sempre
me acabam antes do fim.

 E se eu tivesse a
conclusão nas minhas mãos,
seria igual ao começo,
seria fim pra um
início desesperador
como foi o seu...

 Por que eu sou atrapalhada,
sou de amores desconexos,
de sentimentos loucos
e insanos.

 Meu coração é desengonçado,
e me faz amar,
e doer, e chorar,
eu dói pela bagunça de ser.

 Ingrid Nogueira.
Coração apertado,
e eu não sabia como
ter notícias suas.

 Eu me recluí,
fui rejeitada,
meu amor foi julgado,
minha alma não
soube se aquietar,
eu sumi.

 Me senti marginal,
de uma forma que
nunca havia me
doído antes.

 Todos os meus sentidos
falharam,
 e eu não soube me
proteger,
 eu me fechei pra
tudo,
 me cobri de sono.

Foi confortável pra mim,
eu me joguei naquele
mar de mim...

 Corri pr'aquele exílio
voluntário,
 mas você não quis ficar
lá.

 Nem meus pensamentos
te podiam querer,
eu não te prendia
em mim.

 É que você nunca
carregou uma âncora...

 E como uma das ninfas,
eu me entreguei...
 mas o encanto foi contrário,
e quando você se foi,
eu me fiquei,
e me feri de morte...

O que morreu em mim,
não podia mais me acalmar,
e um desespero gigante
me tomou pelo braço,
e eu me deixei ficar,
e me deixei abraçar...

 Me envolvi por você,
e pelo que eu me
prometi em seu lugar.

 Eu dancei,
mas hoje não danço mais,
eu me cortei,
e agora já não sangro mais.

 E hoje eu já nem me
escondo mais.

 Me permiti doer,
me deixei entender
que a dor só acaba
quando dói.


 Ingrid Nogueira.

Eu não vou publicar

Era como se no mar
houvesse uma loa,
 e se todos os seres de luz
a entoassem,
 eu sonhei com você,
e quando acordei,
corri pra janela,
mas não te avistei...

 E naquele vasto mar,
nem a nau no porto.

 - Você não ancora,-

Durante a noite eu
ouvi alguns cânticos
vindos do seu navio,
e eram músicas tristes,
acompanhadas por
um violão choroso...

 - Troque pela gaita,
de choro mais suprimido.-

 Mas eu que não quis chorar,
não levantei da minha cama,
não abri os olhos,
achei refúgio antes,
no beco debaixo do travesseiro.

 Eu corri léguas em
poucos segundos (me parecia tão longe...).

 Eu gritei tão intensamente,
minha alma estava desesperada
e não achei abrigo no
seu peito...

 Corri e acendi um cigarro,
tem um copo de vinho
em cima da mesa,
mas você gosta de
tequila...
 Marinheira louca,

 Como o Jack,
capitã do próprio navio,
de sagas solitárias,
de perigos e histórias
nunca provados.

 Eu não sonhei.


 Ingrid Nogueira.

"INADMISSIVA"

Eu escrevi sobre ela,
mas não vou publicar.

Ela já é pública demais,
carismática demais,
talentosa demais...

Não vou contar
pro mundo que
a gente tinha um
amor (que só existia
na minha cabeça)

Sou parte, em ruínas,
do passado dela,
de uma parte
da qual ela fez
questão de esquecer...

Ela é reticências,
e de se conter,
não faz mais questão.

Livro aberto (de páginas
arrancadas),
sorriso completo (escasso
de alegrias),
um universo (vazio)
de liberdade (limitada)...

Contraditória de natureza,
sangue quente e
suor frio...

Rastejante,
de grande estatura,
veloz e de riso lento...
e o tempo que para
quando você sorri...

Criatura farta,
de brilhos exaustos,
e teimosia lenta...
 Filha de Poesia,
me deixa terminar de
te criar...

Carinho é o que
não vai faltar...

Pena que você é
mundana,
viajadora do
"por aí"...

 Ingrid Nogueira.