sábado, 25 de abril de 2015


 Não te adiantará
vagares por todos aqueles lugares em
que eu falava e frequentava.
 Pois todos me lembram você
e por tal razão, foi que
deixei de frequentá-los.

 Cansei de esbarrar nas suas lembranças,
ou diria nossas?!

 A questão é que se assim
me caçares, aí é que
não me verás novamente.

                                                                  Flora.                                   

 Quanto a mim, 
sou uma dúvida constante,
uma dúvida insolúvel.

 Pelos sulcos e protuberâncias que
afundam ou nascem e se deixam descobrir,
no rosto dos que ficam,
é que decidi pelas inúmeras partidas.

 Fiquei tanto tempo inerte,
que meu punho, meus dedos,
quase não sabem mais se firmar.

 Por tais motivos,
desculpe-me a letra 
e as repetições.

 Como já não saio,
não há outras coisas sobre as quais escrever.
 Já não olho mais pela janela,
a cidade lá fora perder todo o interesse,
toda a graça quando ela se foi.

 Depois que você partiu,
os recortes dessa casa tornaram-se 
molduras das partes.

 Partes de mim,
lembranças de quando eu vivia.
 É como se formássemos 
um quebra-cabeças.

 Sou partes perdidas do
quadro que fomos juntas.

 Desculpe-me as metáforas,
o saudosismo, as partes...
 Sei que ainda há coisas 
a se entender.

 Eu vivo num tempo paralelo,
num espaço paralelo,
sou paralela a tudo.

 Marginal, viciada, anormal...
é como, onde agora vives, 
me chamariam,
eu só preferi continuar 
naquele lugar paralelo que criamos,
naquele tempo em que ainda nos falávamos...


                      Helena d'Fleur.