Resolvi causar certos desconfortos que até ontem eu evitei... A sociedade sempre me impôs regras de "como me portar", "como ser" ... Cansei de toda essa ladainha, não vou mais maquiar, e está decidido! O que me faz ser eu, são as diferenças e aceitações que carrego comigo. Sozinha, resolvida, lésbica, atriz, jovem, e orgulhosa de mim mesma. Sem visar conforto aos leitores, eu sou desse jeito, e não vou me conter para agradar à ninguém. Sejam bem-vindos ao que eu sou!
sábado, 25 de abril de 2015
Quanto a mim,
sou uma dúvida constante,
uma dúvida insolúvel.
Pelos sulcos e protuberâncias que
afundam ou nascem e se deixam descobrir,
no rosto dos que ficam,
é que decidi pelas inúmeras partidas.
Fiquei tanto tempo inerte,
que meu punho, meus dedos,
quase não sabem mais se firmar.
Por tais motivos,
desculpe-me a letra
e as repetições.
Como já não saio,
não há outras coisas sobre as quais escrever.
Já não olho mais pela janela,
a cidade lá fora perder todo o interesse,
toda a graça quando ela se foi.
Depois que você partiu,
os recortes dessa casa tornaram-se
molduras das partes.
Partes de mim,
lembranças de quando eu vivia.
É como se formássemos
um quebra-cabeças.
Sou partes perdidas do
quadro que fomos juntas.
Desculpe-me as metáforas,
o saudosismo, as partes...
Sei que ainda há coisas
a se entender.
Eu vivo num tempo paralelo,
num espaço paralelo,
sou paralela a tudo.
Marginal, viciada, anormal...
é como, onde agora vives,
me chamariam,
eu só preferi continuar
naquele lugar paralelo que criamos,
naquele tempo em que ainda nos falávamos...
Helena d'Fleur.
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