terça-feira, 6 de outubro de 2015

A voz dela me satisfazia,
e o cheiro, e a pulsação...

 Era como se estivesse ali comigo,
sentia suas mãos ali,
seu corpo,
mas era tudo delírio,
ela havia partido.

 Na noite anterior,
ela partiu  no meio da noite,
logo depois do prazer mental
e do corporal.

 Depois da pior discussão
que poderíamos chegar a ter...

 Mas eu nunca quis que chegasse a tal ponto...
eu só precisava dela ali,
mesmo que fôssemos continuar brigando,
mesmo que fosse pra erguermos juntas
os nossos braços e girar até cair no chão,
no meio do coreto do quintal.

 Só precisava dela ali.

 Precisava ser dela outra vez,
mas toda aquela noite foi tão maior...

 Mas não nos demos o bastante,
foi o que decidimos,
e eu sei.

 O que eu não sei,
e nem quero mais saber,
é onde foi que nos perdemos baby!

 E me perderia com e por ela novamente,
mesmo que fosse outro erro,
prefiro morrer acreditando que foi
fora da lei, mas não desisti,
eu amei.

 Sempre foi a ela quem eu quis,
minha primeira e mais esplêndida
bola-fora...
ou dentro, depende muito de quem vê,
minha bola errada mais acertada,
a única pena é ela não entender.

 Só ela é quem não quis,
e daqui eu vou seguir,
mas erraria com ela outra vez.

 Só pra constar,
guarde bem as asas que me arrancou,
me privou dos prazeres do voo,
mas se privou de ser  o motivo pelo
qual eu teria escolhido não voar.


                            Ingrid Nogueira.

Solitário Delírio no Verão Interior

 A luz baixa de agora,
me sugere falar dela.

 E a voz genial no vinil me
induz sentimentos e desejos proibidos.

 Vestia pouquíssima roupa naquela ocasião,
como era comum em todas as outras em que
sonhava sozinha acordada,
sem tê-la em meus braços.

 Poderia te ouvir gemer a noite inteira,
e realizar todas as suas vontades,
mimar você, e depois dar-te meus
braços em oferta para descanso.

 Já a sentia ali,
podia vê-la a me seduzir,
nua em pudores,
entregue ao momento,
entregue totalmente a mim e eu a ela...

 E como a letra da música descrevia,
quebrávamos todo o silêncio,
e os corpos, quebravam os gelos,
vertiam no mais puro carmim,
todos os rubores que ainda nos restavam.

 Cada póro do meu corpo se eriçava,
e enquanto dividíamos aquele copo
já suado de conhaque,
nossos corpos esquentavam,
e o que antes nos pareciam delírios,
tornava-se em realidade.

 Ela, esplêndida,
fingia não me dar confiança,
me virava as costas, sentada no sofá logo à frente,
mas colocava os cabelos todos de lado,
mostrando as costas, o ombro,
o pescoço...
 E tudo nela mostrava o quanto me desejava.

 Me olhava de lado,
de canto de olho mesmo,
assim, como se nada quisesse de mim,
 "_ Nada que não fosse a carne..."
repetia eu em pensamento.

 Acendeu um cigarro, que era enfeitado
por aquele suporte longo, afinado que ela adorava,
"_Qual era mesmo o nome daquela peste que me perturbava os sonhos?!
Ah sim! Cigarreira!"

 Era um charme aquele prolongar das mãos,
a sutileza com que tocava-lhe com os lábios,
um convite tentador e castigante para minha mente,
ajudava para que fosse composta aquela figura,
como o céu completando o horizonte.

 Mas o que lhe faltava em sutilezas,
sobrava e sobrepunha em delicadezas,
 por sua vez, apaixonantes.

 Foi quando o disco do B. B. King acabou,
e com ele foi junto todo o prazer daquela noite.

 Por que ela não estava mais ali,
ela nunca esteve ali pra mim,
nem nunca deixou que eu estivesse ali para ela também...

 Ah! se a tivesse aqui...

                       Ingrid Nogueira.

quinta-feira, 23 de julho de 2015

Nanyh... em silêncio


 Nunca soube guardar pra mim,
e sempre me doí.

 Porque me provoco dores todos os dias,
doei tempo, mesmo que não reclamado.

 Era meu lazer,
sempre tive prazer
na possibilidade morta de você.

 A possibilidade que faço questão
de desenterrar todos os dias,
ou melhor, noites...

 Me faço tão responsável quanto 
posso ser vítima,
e sou tanto vítima quanto 
poderia ser  responsabilizada.

 Queria tanto você aqui,
sendo minha âncora,
e eu, poder ser o seu porto,
sem a vista repetida e enjoativa
de todos os outros,
ser sempre nova pra você,
e me renovar em nós.

 É que eu me acostumei
em viver certas coisas em sua função...

 Não considere a possibilidade louca
de paranoia ou até a de fixação, 
eu só preciso de um "tempo detox"
dessa história.

 Traga os Homens de Preto,
apague apenas o seu período
em mim, apague toda sua parte 
na minha memória,
e deixe vivo em você,
mantenha vivos os momentos
doces, singelos e verdadeiros,
que é pra saber como me lembrar 
da minha porcentagem boa,
que embora pequena, é sincera.

 Me apague as marcas,
menos aquela,
escondida, discreta,
que nem uma limpeza geral no sistema
pode me fazer esquecer...

 Quero apenas ela em mim.

 Eu te amo,
embora seja apenas eu,
e que eu ame sozinha,
só não me faça lembrar os motivos,
os cortes, as dores, nem as decepções...

 Nanyh,
era segredo, era doce, era secreto,
era você, e nem você mesma sabia...

 Tão claro, reluzente e simples...

 É que você não viu,
e eu não assumi mesmo que em segredo,
não na sua quantidade ideal...

 Talvez tenha sido esse o maior 
fator, o maior problema, 
e acabou assim.

 Só não me obrigue a lembrar dos motivos,
dos porquês, da maneira, das palavras...
do jeito que estamos levando 
sempre foi o que elegemos o ideal,
mas me machuca muito,
preciso de um mundo novo pra explorar,
um em que não me apareçam os seus vestígios.

 Não pela falta,
mas pela dor que a sua presença 
me provoca, que sua ausência me faz desesperar.

     Ingrid Nogueira.

Aurora Momentânea



 Não mais a mostrava ao mundo,
e a mantia em segredo.
 Em seus aposentos reais,
contra sua vontade,
cárcere privativo cósmico.

 Era privada de mostrar-se,
abrilhantava as noites e dias,
nada que passasse disso.

 Mas foi sempre passível,
nada que contrariasse...


 E como num sonho,
ela estava exatamente ali,
quando adentrei aquela sala
e os meus olhos se abriram,
e vi a mais doce criatura...

 Ela carregava a cintilância da noite
e o brilho da manhã,
todo o ardor da tarde,
e ainda assim era o ser mais coerente 
que pude ver.

 Em sua vestes,
trazia as cores e tons,
os mais diferentes,
os mais enfurecidos e 
também os mais delicados.

 Aí então eu pude entender
tanto cuidado dele com 
tão precioso ser.

 Nunca foi um cárcere intencional,
ninguém nunca esteve apto ou preparado
para lidar com tanta pureza,
nunca saberiam como tocá-la
nem amá-la da forma certa,
com a delicadeza necessária...

 E ela sempre compreendeu.

 E era tão delicada,
que nem se constrangeu quando 
a encarava, maravilhada...

 A Imensidão sempre coube em tão pouco,
sempre se fez tão contraditória...

 E o seu senhor,
o onipresente Tempo,
tão rígido, se espantou,
quase me fez desmaterializar ali mesmo,
na frente dela e de todas as suas servas.

 Mas o encanto que percebeu no momento 
(que não mais o pertencia),
o impediu até de mover-se.

 E pela primeira vez o poderoso senhor 
de todas as eras parou,
se rendeu à tanta compatibilidade,
à tanto respeito, 
todo o carinho que houve ali.

 Era o ser (se é mesmo essa atribuição devida à ela),
ou mesmo divindade,
mais iluminada que encontrei.

 Nunca li sobre sua existência,
mas logo que encontrei-a ali,
tão despida de constrangimentos,
rubores, e mesmo defesas,
identifiquei-a,
era ela mesma.
 Aurora, despida de suas 
obrigações luminosas, agora, 
com todas as suas cores livres 
de vestimentas contidas,
sem nenhuma "lucidez" imposta à ela,
era o seu momento,
e acabei invadindo-o,
registrando-o na minha mente,
roubando-o e correndo o risco de punição eterna,
mas aquele havia sido o nosso momento,
e ficamos entorpecidas,
e estou viciada nisso,
mas ela não pode fazer parte da minha realidade,
nem eu da dela...

 Temos, entretanto, 
aquele momento eternizado em nós,
e nem se quiséssemos nos enjoar uma da outra,
nós conseguiríamos.
 Temos um lugar ao qual somos ligadas,
e não nos prende, nos deixa livres pra ir...
e é tal liberdade que nos vicia,
nos faz querer estar ali cada vez mais...
e não mais sair.

 É o encanto dela...

 Aurora...
   Deusa de todas as minhas cores
    e inspirações e expirações,
      minha fonte de luz...

        Ingrid Nogueira.

Outra Noite Perdida


 Mas é que na madrugada passada
eu só passei,
e no sentido mais puro.
 Perdi o sono lembrando do seu cheiro,
do seu sorriso e do seu olhar.

 Eram os desejos gritando 
nos meus ouvidos.

 É que bate a vontade louca
de ter você morando em mim 
e todas as músicas que eu ouvi
tentam sufocar meus desejos,
se tornaram nossas...

 E pode ser com mais ninguém,
não dessa forma, 
não autoral da nossa forma de sempre.

 O aperto de ainda ontem
me fez não poder trair-me,
não me deixou matar-te dentro de mim.

 Eu gritei calada,
e tudo me sufocava o sorriso,
cópias deste apenas havia nas lembranças.


 E entrelaçavam-se nas cortinas dos meus olhos,
eram todo o colorido das pupilas,
que agora já não brilhavam tanto.

 Coloquei óculos escuros logo ao acordar,
não pretendia vê-los refletidos no espelho,
os sorrisos e gargalhadas,
não logo pela manhã...

 Mas à noite assombrava-me o sono.

 Era o fantasma que 
eu queria materializado,
ali do meu lado,
na cama, grudado em mim,
me dando a segurança 
que costumava transpirar.

 E a maior pena, é que
sempre desejei nunca desejar-te 
aqui novamente.

 Acabo levando mais um dia vazio,
frio, despido de prazer...
até encontrar aquele amigo que 
ainda vê você todos os dias,
a quem eu particularmente invejo,
e me dá notícias de que está feliz,
e que já preencheu o vazio 
que eu deixei pra trás,
e me corta por dentro.

 Egoísta eu me sinto 
toda vez que penso assim,
mas é como na última discussão 
nós dissemos,
seríamos ambas orgulhosas...

 Agora eu entendo quando dizem
que a faca do egoísmo corta fundo...

        Ingrid Nogueira.

terça-feira, 7 de julho de 2015

É Como Eu Quero Terminar

 Ela, a moça do sorriso largo,
do peito aberto e
do coração apertado...

 Ela não sabe que enquanto
dorme, sonhando com
um dia melhor amanhã
eu escrevo sobre ela,
observando-a mentalmente.

E viu minha mensagem
amiga e preocupada,
mas acima disso,
apaixonada.

 E não sabe,
mas sempre a vejo dormindo
dentro dos meus sonhos,
acaricio seu rosto angelical
e indefeso, é a única hora
em que está totalmente desarmada,
e fico imaginando, tentando decifrar
com o que é que ela realmente sonha,
muito além do mundo que nutro
dentro da minha mente,

 É que eu sempre quis terminar desse jeito,
exatamente assim,
podendo amá-la na prática,
no olhar, no toque,
ao vivo e a cores,
mas acima de tudo isso,
amá-la e ser correspondida
à mesma intensidade,
e é uma pena ter a certeza
de que isso realmente não vai acontecer...

 Eu sempre quis terminar assim,
só amando.


                                 Ingrid Nogueira.

domingo, 5 de julho de 2015

Ela não tinha fim

 Ela era assim,
espontânea, e me chegou
com um novo mundo
de tantos tons sobre o carmim...

 Parecia brincar
com o brilho dos meus olhos

 E ela ficava ainda mais linda
quando estava ao telefone comigo
a bateria ameaçava acabar
e ela com toda presteza do mundo,
se colocava de pé escorada na parede
com o telefone conectado á tomada,
sem ter que perder a minha voz,
nem eu a dela.
 Do outro lado da linha,
eu a visualizava,
com aquele sorriso encantador,
satisfeita por ainda me ouvir desse lado...

E ficava mais perfeita a cada segundo,
a cada risada,
e a cada palavra pronunciada.

Não sei como acabar...

 Porque ela nunca terminou,
nós nunca terminamos,
não pronunciadamente.

 E às vezes eu até prefiro assim,
nas outras, me dói o músculo cardíaco
basta apenas um chamado dela,
e me desnorteio toda outra vez...

 Mas ela não tem minhas intenções,
e então, nessas possibilidades,
a amizade me basta...

 Infinita dentro de mim,
renasce todos os dias nas minhas lembranças.

 Minha Super Mulher
feita de tantos infinitos particulares.

                     Ingrid Nogueira.

terça-feira, 30 de junho de 2015

Apressada Demais... Eu


 Hoje eu me deixei chover sobre a cidade,
em poesias dobradas,
cortina de origamis,
me estendi,
abracei, molhei
toquei cada canto
tentando dar o melhor de mim.

 Mas ela não me viu,
nem por reza,
nem se caíssem escamas dos seus olhos
ela me enxergaria
do jeito que eu sempre quis.

 Não me notou nem naquela
tempestade de cores,
me fez invisível,
tentei me mostrar,
aproveitei que hoje o dia
foi o mais favorável,
e tentei mostrar à ela
como a vejo...

 E o mundo inteiro viu,
menos ela;
 E todo o jardim se nutriu,
menos minha flor,
que do meu canteiro saiu;
 E tentei me fazer cinza,
pra poder me encaixar...
 Mas não me deu espaço.

 Tentei me fazer notável,
fui grande e  pequena,
fui presença e ausência,
palidez e cor,
fui doce e depois rude,
calma e turbulência,
segurança e risco...

 Fiz silêncio,
fui gritaria, tumulto...

 E nunca a satisfiz,

 É proibido ser agradada,
é proibido se satisfazer...

 Suas regras me magoam,
sou intensa demais,
e ela deixa fluir sem atropelos...

 Até chegar o dia em que
eu vou desistir de querer,
de tentar...

 Mas ela vai continuar linda,
e ali, onde sempre esteve.

 Então eu vou voltar,
e sorrir e me desesperar
por saber que não a superei,
por saber que nunca deixou de
pensar em mim,
por saber que nossos
melhores dias estarão próximos,
e que eu não vou poder aproveitá-los
ao seu lado, por que minha esposa
ocupa um lugar que preenchi
sem exitar, sem questionar
ao mais sábio dos deuses...

 É que ao contrário dela,
sou apressada, sou equivocada,
sou furacão...

 Sou desajeitada e não me encaixo...

 Não a culpo por tanto acaso,
por tanta dor, tanto adeus...

 E sei que quando a reencontrar,
estarei perdoada dos meus excessos,
das minhas faltas,
das presenças, dos gritos ensurdecedores
que me acalmavam a alma...
principalmente por tentar ser dona do tempo.

 É que eu sou apressada demais,
sou apaixonada demais...


                         Ingrid Nogueira.

sexta-feira, 26 de junho de 2015

Bilhete Nu à Ela


 Manipula-me! 
 É disso que preciso. 
 Preciso que me conduzas,
anseio ter-te acariciando 
todo o meu corpo.

 Necessito que me leves
pelo caminho do amor,
a estrada em mim que só você conhece,
a estrada com rumo ao prazer pleno.
 Quando vens me ver?

              Ingrid Nogueira.

 Me trata como se me quisesse, 
e quando mostro que percebi,
nega, mas não me deixa em paz,
me prende no olhar,
e me impede de ir,
implora-me para que eu fique.
 Mas como é que eu fico,
se não tenho a segurança
do amor que estampa-se no rosto,
expõe-se na pele nua.

           Ingrid Nogueira.


 Sobre as encantadoras mulheres misteriosas, as verdadeiramente difíceis, aquelas complicadas que nos encantam...
 Minhas flores, elas valem mesmo a pena!

 Porque é que me iludes?
 Por sua causa,
agora, neste frio,
sou aquecida por uma caneca de chá enorme,
como aquelas do parque de diversões
"estou mergulhada nela",
e por um cobertor enorme e grosso
"é a minha tampa',
diferente das suas mãos, 
do teu corpo.
 É um calor todo diferente do teu.
 É todo muito quente e sem rubor.
 O seu, me dá tanto calor,
me enche de tal ardor,
que me faz querer estar nua
no lugar mais gelado,
com estas tuas mãos loucas 
entre as minhas coxas, 
com meu dorso molhado,
minha boca nos teus seios,
e a tua boca se mordendo toda,
soltando uivos e gemidos à meu favor.

          Ingrid Nogueira.



 Sobre permitir que te iludam, porque foi o que aconteceu, ela só me iludiu porque eu permiti que o fizesse, e tinha consciência plena, mas não pensava por mim.
 Um ser apaixonado não mede consequências, nem meios.
 Cuidado minhas flores! 
  O ser com os quais nos envolvemos são tão astutos e corajosos quanto nós mesmas...

 Hoje só, foi que entendi
o que querias por estar ao meu lado.
 Imensa dor foi o que eu senti.
 O grande problema não foi
a colocação que me foi dada,
problema mesmo, é ter que 
submeter-me à colocações...
 Porque é que tinhas de ter outras?
 Definitivamente não nasci para isto...!

       Ingrid Nogueira.



Sobre cair naquela de que ela te ama, mesmo namorando outra.
Gatas, não caiam nessa!
Quem ama de verdade assume e dá o devido valor,
eu demorei pra entender e aprender isso, e doeu muito!


Sua Sombra Me Assombra


 Meus olhos te procuram 
em todos os cantos da minha casa,
com um grito desesperado,
é como se algo de errado estivesse
acontecendo agora com você.

 Em todos os lugares 
minha cabeça fica perturbada,
com a certeza de que 
o cheiro que eu senti era o seu,
todos os jeitos de falar lembram o seu,
vejo todos os sorrisos,
e todos são o seu.

 Seu fantasma me assombra,
e é como se você também se sentisse assim,
como se não se esquecesse de mim,
como se eu também te assombrasse.

 Preciso te ver e ter a certeza
de que é realmente você ali comigo,
e saber que não estou louca,
mas ainda assim,
saberei que não me ama,
nem nunca me amou,
então terei apenas 
sua sombra nos meus pensamentos.

                      Ingrid Nogueira.

  Nas últimas noites não vi Lua,
e as estrelas brilhavam mais que o dia.
 Havia alguma coisa errada comigo,
era a falta de você.
 O céu estava limpo, deusa,
só pra que eu te visse brilhar
nos palcos da noite,
e ninguém mais soube,
é que era o nosso segredo.
 Me excita ter-te e ver-te aí tão longe
e saber que és minha, sem restrição,
que quando voltares, 
o sangue estará fervendo 
e a pele perfumada naturalmente
por hormônios de flor,
e no escuro seus olhos de estrelas capturadas,
seu corpo nu de Lua Azul.
 E paro por aqui,
que o resto da noite era todo somente nosso.

               XOXO
                       Ingrid Nogueira.

 Eu avisei para deixar,
que o que tem que seguir, segue;
 Mas ela não me ouvia.

 Aprendeu nas suas introspecções,
que a voz do silêncio também é audível,
e seus conselhos são valorosos; 
 Sábio antigo que é, velho Tempo!

 Chamei-a "Flor", para preservar-lhe 
a vida anônima que leva.

 Triste o fato de estar, 
minha amiga,
apaixonada por aquela mulher que a faz sofrer,
mas não quis me ouvir,
logo eu que tenho experiência 
com esses amores, mas "tudo bem!" 
ela ainda aprende.

 Coitada!
 Primeira mulher e ela já gamou,
e ela que não sabia o que os homens passam por querê-las.


               Ingrid Nogueira. 

 Devolva-me o sono!
 Primeiro me veio com esse papo de amor,
e todas aquelas coisas de enlouquecer
qualquer jovem carente;
 Só que eu não sou uma qualquer.
 E aos poucos foi percebendo isso em mim.

 Devolva-me a paz!
 Por ter me envolvido demais,
esqueci-me de quando 
não precisava me preocupar.

 Devolva-me a liberdade!
 Aquilo de poder sonhar,
de poder  ser e fazer,
que chamo de liberdade, 
e que me acalma.

 "E que fosse mais complicado,
Para que quisesse ainda descomplicar".

 "E que todos os erros fossem
por mim assinados,
para que tivessem sido perdoados,
e ainda estivesses aqui."

                          Ingrid Nogueira.

domingo, 21 de junho de 2015


 Escrevia torto,
não acertava nem seus passos...

 Tinha tortas as mãos,
o olhar e o carinho...

 Era torto em essência...

 Foi endireitado pela falta de amor,
passou a filtrar o sangue que 
lhe corria nas veias...
passou a transformá-lo involuntariamente
em arsênico intra-venoso.

 Morreu tentando dizer,
sem nunca proferir palavra alguma à ela...

 Seria o pedido de perdão mais dolorido,
o mais extenso,
o mais profundo,
o mais gritante dentro de 
tão amargo silêncio...

 Ouvia-se o grito daquela pobre alma,
apenas olhando-o no olho...
 Lia-se nos movimentos,
a ansiedade para que o perdão 
lhe fosse concedido.

 E sobre aquele corpo,
entrevado na cama...
 Tinha tanta loucura embutida,
tanta calma escondida em
tanta falta de movimento...

Foi-me a leitura visual
mais complexa até os dias atuais.

 Ele era o caso mais sério
de escrita obscura no olhar...

 Carregava um mundo trancado 
dentro de si,
um mundo fantástico que aguardava
o perdão nunca proferido,
pela simples falta de pedido...

 E a moça,
que lhe aprisionava,
nem fazia ideia a coitada...

                                             Ingrid Nogueira.

Sobre ir sem pesares atrasados


 Quando me dispus na frente do computador,
não sabia exatamente sobre o que escrever...

 Bem, a vida anda bem complicada,
muito cheia e sob alguns aspectos, muito fria.

 O vazio que carrego no peito,
eu soube que não foi culpa de outra pessoa,
eu tive culpa por permitir que o causasse 
tão profundo em mim.

 Ia falar sobre o quão eu me indignei pelo
que me foi feito,
mas decidi parar de ignorar minha responsabilidade nisso,
dei espaço, fiz sentir-se importante...

 Mas agora já não importa mais,
partirei e levarei comigo o vazio,
deixarei que viva em paz e sem medos,
sem os medos que sentia de me encontrar,
do risco de querer retomar...

 Irei pra longe,
sem mais riscos,
sem mais possibilidades,
sem mais dores com causas.

 E com tanta distância eu reconstruirei
aquilo tudo o que um dia sonhei aqui,
tudo o que idealizei com tal alguém, eu enterrei 
no fundo do quintal,
a caixa era trancada e a chave não se pode encontrar.

 O túmulo (de mina) ficou silenciado,
o mapa do tesouro eu não fiz,
por questões óbvias de orgulho mútuo.

 Mas antes de partir,
fiz questão de lhe arrancar 
as cascas da ferida que 
o nosso caso se tornou naquele alguém.

 Sobre a paz que quero livre em mim,
me propus a buscar sem limites,
sem apegos e com riscos mútuos 
de dores infindas.


                      Ingrid Nogueira

sexta-feira, 8 de maio de 2015

Desconexas, puros NÓS...


 Vê se me faz o favor e
esquece tudo sobre mim,
apaga todas as lembranças...

Finja que eu nunca existi em você,
me delete da memória...

 Porque comecei a acreditar que 
nada disso existiu,
que não vivi em você,
então acho que 
não vai ser difícil.

 Apague o aniversário,
qualquer momento que 
um dia consideramos especial...

 Sobre conquistas,
felicidades, fotos nas paredes 
da sua memória,
cubra de preto,
como o resto do luto.

 sobre os números,
esqueça o dia, o ano,
o mês, o signo, a força, 
a idade e a ida...

 A minha pedra-glória,
meu riso, minha gargalhada,
meus dentes e o sorriso, 
meus gostos e meus humores...
 do nós, apague somente o eu...

Sobre a parte fofa, carinhosa, meiga...
não existiu...
tente levar como um mantra, 
que eu era seu carma 
e sumi...
que era sua sina mais triste...

 Porque de você eu nunca quis
pouco e você nunca me ofereceu
muito, menos ainda o suficiente...

 E agora decidi não ser o pouco 
de mim que julgas merecer.

 Sobre o medo,
já pode colocá-lo de lado,
não há mais ninguém à temer,
não há expectativas à superar,
nem amores à corresponder...

 Já estou na estrada,
tomei o carro e a direção,
entrei na minha estrada particular,
rumo à um lugar onde nada me lembre você...

 Porque te quero feliz,
e me quero bem...

 Eu fui embora, 
mas não chore,
não me procure,
não há possibilidades 
de eu voltar.

 Não deixei rastros,
que era pra não me procurar mesmo,
a última mensagem foi gravada,
mas não tive a coragem de deixá-la 
na sua caixa postal, nem na de correio...

 Arranque-me dos seus pensamentos,
dos teus olhos,
da sua vida...

 Esqueça-me o olhar,
qualquer um deles,
tanto os tristes quanto os alegres,
os transbordados de alegria,
os repletos de você,
os de conquistas compartilhadas,
os das perdas pelos teus braços aconchegadas...

As cores,
reinvente-as pra um mundo 
sem mim, sem pós,
um mundo finalmente sem entrelaces,
sem nós, e sem cadarços...

Pois és agora uma mulher
e no seu mundo certinho,
mulheres não podem se sentir 
confortáveis e seguras calçando tênis,
não faz bem pra estética e 
nem para os pré-conceitos alheios...

Sobre o amor da sua vida,
não conte à ninguém,
não são todos que o encontram...

 FICO FELIZ POR TER SIDO SUA,
E POR TER ENCONTRADO O MEU EM VOCÊ...

 Te amo,
  Mas ADEUS...

              Ingrid Nogueira.

quinta-feira, 7 de maio de 2015


 Sobre as nossas diferenças,
sempre preferi ignorar,
apesar de tão gritantes.

 É que nós somos opostas,
pra aquecer, nas noites frias e sugestivas,
eu bebo chá e você cerveja...

 Somos extremos boêmios diferentes,
eu me afogo em edredons, leituras e escritas quentes,
e você, em festas, bocas e corpos alheios...

 É que somos sequenciadas...
você primeira e depois eu...
amor, traição e arrependimento,
nascimento, maturidade e sucesso...

 É que as entregas entre nós 
têm pesos diferentes,
a da mente, 
a da paixão,
a do corpo...

 O arrependimento,
pra você teve que valer,
e pra mim tem um 
peso insuportável e 
por consequência o rompimento 
por visto quase infinito...

 É que sobre te ter como amiga
nunca me deixou confortável...

 Não sei como lidar,
você se esquenta com 
outros corpos sobre o seu,
e eu tremo de frio, 
esperando que o meu 
moletom esgarçado me esquente as pernas,
e os dois pares de meias aos meus pés...

 Eu tenho um quase infinito guardado...


 P.S.: Nega...

               Ingrid Nogueira.

sexta-feira, 1 de maio de 2015


 Sobre os tons de cinza,
os meus são mais escuros.
 Sobre palavra cortantes,
já não me são as preferidas.
 Não ouse proferir meu nome novamente.
 Sei que gostas da mistura, 
eu sei também não me misturar.
 Como eu disse,
sobre as comparações: cuidado!
 Sabe porque amor?!
 Fui feita pra não dar certo,
pra ser diferente,
pra não combinar,
pra ser sempre ao meu jeito.
 Entendi enfim,
que fui pra não ser,
que não pude e nem posso 
ter alguém, é minha sina,
meu enredo, minha complicação,
como todos os outros têm,
sem admitir.

                      Ingrid Nogueira.

 O meu mundo está em reforma,
não posso receber ninguém,
principalmente você,
que me vira o juízo,
e esse é o canto que
mais me preocupa,
é o cômodo do qual mais me ocupo.

                                            Ingrid Nogueira.

 O silêncio e o grito,
cortantes.
 Seu silêncio, seu grito,
ambos curam.
 E é porque são seus.
 Nunca vi tanta incoerência
em uma só pessoa como me 
mostras ter.
 Sua calma enlouquecedora,
e a forma neutra de agir.
 Seu cheiro de almíscar que
ambiguamente me atrai e afasta,
como se numa armadilha se posicionasse.
 E o meu coração já não sabe
o que pensar, o que querer,
quem escolher...
 Mas sabe ele que o seu
mistério me tira do sério,
me faz levantar, 
me arranca do meu lugar...


                               Ingrid Nogueira.

 Eu nunca havia dito nada sobre isso à ela. Talvez porque pensasse que era cedo demais, ou que iria duvidar e até mesmo não aceitar. Talvez foi por vergonha ou por orgulho mesmo... Não sei bem porque foi que não disse antes, o que eu sei é que não posso mais guardar só pra mim, e mesmo com ela já em outro país, com sua vida completamente reconstruída, eu preciso falar. Mesmo que seja tarde demais, mesmo que não me ame, mesmo que sofra de Alzheimer e por isso de mim haja se esquecido, ou que tenha sido por ódio. Mesmo que nunca chegue às suas mãos, mesmo que ela nunca leia:

 Quando ela chegou na minha vida,
entendi o motivo de ter havido outras.
 No momento em que ela vinha surgindo
lá na porta daquele bar,
foi-me apagando um a um os rostos de antes,
como se tivesse me criado, amadurecido,
aprendido em relacionamentos entre eu e
manequins, pessoas mascaradas,
mulheres sem rosto.
 Como se tudo antes fosse uma preparação
para não fazê-la chorar.
 Só agora entendo que não deveria haver
nenhuma mulher depois dela,
o tempo me preparou para não deixá-la passar,
para que não a deixasse ir.

                                     Ingrid Nogueira.

 Como se fosse proibido,
a gente só se encontrava à noite,
sob a luz do luar,
como fazem os lobos em suas matilhas.

 Fora isso,
dois desconhecidos,
duas ilhas
e o que nos afastava tanto
nem era o mar.

 Agora jogo com as palavras
e faço malabarismos,
só para encontrá-las.
 Tentando burlar o sistema monótono
ao qual fui submetido,
falo com você umas duas horas por mês.

                             Ingrid Nogueira.

 Não estou me entendendo.
 Te conheci na outra semana,
e já estou te escrevendo freneticamente.

 És meu frenesi de ideias,
minha fonte quase inesgotável de prazer.

 Viajas em um mundo paralelo,
e eu fico aqui,
pairando em pensamentos,
que apenas te admiram e debuxam.

 Me perco nesses teus 
traços fortes e bem delineados.

                                           Ingrid Nogueira.

 "E quando eu crio coragem e tomo a decisão de te dizer,
é aí que ao abrir minha boca,
sinto-me dentro de um envólucro escuro.

 Você me enrubesce de raiva
para que eu diga,
mas sem saber,
me envolves em amargas dores,
em insanas vergonhas."

                                                     Ingrid Nogueira.

terça-feira, 28 de abril de 2015


 E lá estava ele,
tão apetitoso,
tão brilhante,
e num ciclo tão perfeito...
 Foi quando não pôde mais rejeitar
e então cedeu.
 Esperava ansiosa para
moê-lo em sua goela...
        GLUP!
 A galinha engoliu o tempo!

                        Ingrid Nogueira

Lembranças Mudas



 Eu me perco um meio a
tantas lembranças.
 Deixo-me achar dentro de cada
palavra que me escreves.
 Após qualquer transtorno
guardo as direções que me apontaste.
 E no final de tudo,
sou uma carta alerta,
um livro de lembranças mudas.

                           Ingrid Nogueira.

segunda-feira, 27 de abril de 2015


 Ei, ei, ei!
 Preciso de você agora,
no momento mais crítico 
da minha vida

 Preciso do seu sexo,
e de todo o teu amor
 _ És inconfundível sabor,
calor que nunca refresca.

                            Ingrid Nogueira.  

 Fui gentil, é verdade.
 Mas essa é a última vez que
espero por você nessa vida.

 Eu esperei ansiosa para ver
novamente esses seus olhos negros,
e acreditei realmente que esperavas
tão ansiosa quanto eu,
que farias tudo pra vir e me ver,
mesmo que por uma hora e meia apenas.

 Mais uma vez,
coloquei em você
mais expectativas do que eu deveria.

 Dessa vez acredito que aprendi,
e espero que tudo se o que você 
decidiu fazer ao invés de estar aqui,
te renda muito reconhecimento,
dinheiro e prazer.

                                        Flora.