Resolvi causar certos desconfortos que até ontem eu evitei... A sociedade sempre me impôs regras de "como me portar", "como ser" ... Cansei de toda essa ladainha, não vou mais maquiar, e está decidido! O que me faz ser eu, são as diferenças e aceitações que carrego comigo. Sozinha, resolvida, lésbica, atriz, jovem, e orgulhosa de mim mesma. Sem visar conforto aos leitores, eu sou desse jeito, e não vou me conter para agradar à ninguém. Sejam bem-vindos ao que eu sou!
quinta-feira, 23 de julho de 2015
Aurora Momentânea
Não mais a mostrava ao mundo,
e a mantia em segredo.
Em seus aposentos reais,
contra sua vontade,
cárcere privativo cósmico.
Era privada de mostrar-se,
abrilhantava as noites e dias,
nada que passasse disso.
Mas foi sempre passível,
nada que contrariasse...
E como num sonho,
ela estava exatamente ali,
quando adentrei aquela sala
e os meus olhos se abriram,
e vi a mais doce criatura...
Ela carregava a cintilância da noite
e o brilho da manhã,
todo o ardor da tarde,
e ainda assim era o ser mais coerente
que pude ver.
Em sua vestes,
trazia as cores e tons,
os mais diferentes,
os mais enfurecidos e
também os mais delicados.
Aí então eu pude entender
tanto cuidado dele com
tão precioso ser.
Nunca foi um cárcere intencional,
ninguém nunca esteve apto ou preparado
para lidar com tanta pureza,
nunca saberiam como tocá-la
nem amá-la da forma certa,
com a delicadeza necessária...
E ela sempre compreendeu.
E era tão delicada,
que nem se constrangeu quando
a encarava, maravilhada...
A Imensidão sempre coube em tão pouco,
sempre se fez tão contraditória...
E o seu senhor,
o onipresente Tempo,
tão rígido, se espantou,
quase me fez desmaterializar ali mesmo,
na frente dela e de todas as suas servas.
Mas o encanto que percebeu no momento
(que não mais o pertencia),
o impediu até de mover-se.
E pela primeira vez o poderoso senhor
de todas as eras parou,
se rendeu à tanta compatibilidade,
à tanto respeito,
todo o carinho que houve ali.
Era o ser (se é mesmo essa atribuição devida à ela),
ou mesmo divindade,
mais iluminada que encontrei.
Nunca li sobre sua existência,
mas logo que encontrei-a ali,
tão despida de constrangimentos,
rubores, e mesmo defesas,
identifiquei-a,
era ela mesma.
Aurora, despida de suas
obrigações luminosas, agora,
com todas as suas cores livres
de vestimentas contidas,
sem nenhuma "lucidez" imposta à ela,
era o seu momento,
e acabei invadindo-o,
registrando-o na minha mente,
roubando-o e correndo o risco de punição eterna,
mas aquele havia sido o nosso momento,
e ficamos entorpecidas,
e estou viciada nisso,
mas ela não pode fazer parte da minha realidade,
nem eu da dela...
Temos, entretanto,
aquele momento eternizado em nós,
e nem se quiséssemos nos enjoar uma da outra,
nós conseguiríamos.
Temos um lugar ao qual somos ligadas,
e não nos prende, nos deixa livres pra ir...
e é tal liberdade que nos vicia,
nos faz querer estar ali cada vez mais...
e não mais sair.
É o encanto dela...
Aurora...
Deusa de todas as minhas cores
e inspirações e expirações,
minha fonte de luz...
Ingrid Nogueira.
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