Delírios Rubros
Resolvi causar certos desconfortos que até ontem eu evitei... A sociedade sempre me impôs regras de "como me portar", "como ser" ... Cansei de toda essa ladainha, não vou mais maquiar, e está decidido! O que me faz ser eu, são as diferenças e aceitações que carrego comigo. Sozinha, resolvida, lésbica, atriz, jovem, e orgulhosa de mim mesma. Sem visar conforto aos leitores, eu sou desse jeito, e não vou me conter para agradar à ninguém. Sejam bem-vindos ao que eu sou!
quarta-feira, 1 de dezembro de 2021
Saga
Num rumo que não tem fim
Caminham pra longe
E vão sozinhos
Minha cabeça flutua
Pra mais distante
Sem rumo
Fria
A espinha não fica ereta há tempos
Não há mais um horizonte
Para o qual olhar
Para o qual seguir
Quando percebo
Os pássaros do caminho
Saem das árvores
E vêm direto para as tripas
Que já estão quase secas
Meus pés começam a se cansar
A sentir o peso do corpo
O peso do tempo
Tudo dói
De pouco em pouco
Enfim,
Fica insuportável
Tudo me tira do sério
Nessa parte do caminho
Grito
Mas grito ao vento
Etapa em que me sinto só
De todas as formas
De todas as pessoas
Sinto a paranóia
Mas sei que ela passa longe
O que sinto na verdade
É intuição
E essa nunca me trai
As facas vão aparecendo no caminho
Cabe a mim decidir o que fazer com elas
Os braços mostram o caminho delas pelo corpo
O que me parece covardia
A exaustão do caminho
Me faz desistir aos poucos
De todas as companhias
As formas de ser
Me fazem ser evitada
E agora surgem vozes no caminho
Estou acompanhada mas não sinto ninguém aqui
Sinto frio de solidão
E o calor, que queima o rosto
Mas não vem do Sol
A ira queima minha pele
Me questiono o porquê não queimo até o fim,
Porquê não morro
Porquê meu corpo não desiste
Essa brincadeira de viver
Ficou sem graça
E cansativa
A partir daqui
Surge um mar
E não quero nadar
Me recuso a
- Depois de tanto resistir -
Mergulhar
Ainda assim não paro
Me obrigo a seguir
Ingrid Nogueira.
quinta-feira, 8 de abril de 2021
quarta-feira, 24 de março de 2021
Eu tô bem no limite
Rôo unhas
E rôo o tempo
Como se eu fosse a ansiedade
E como se a ansiedade fosse eu
Lugares diferentes
Sensações iguais
Ao mesmo tempo
Sou o rato
Sou o queijo
Sou a faca
E sou a mão
Sou os dentes que roem
E entortam de tanto roer
Sou o cigarro e a fumaça
Sou o pulmão atingido
Sou o corpo prejudicado
Sou o próprio corpo que prejudica
Faço tudo
Não sou nada
Como o tempo
Também sou ele próprio
Que me consome
Sou o estômago que arde
O corpo que aos poucos parte
Quem sai e não se despede
Sou saudade que vai se alocando
Se deixando aos poucos
Sou aquilo que se faz presente
Ainda que invisível
Sou partida
Muito além das chegadas
E sou chegada que proporciona
Partidas lentas e frias
Olhos alagados
O choro travado
Garganta entalada
Triste
Fria
E sem rumo
Sem olhos
Na alma
A visão da alma
Foi cegada
E ver
Me dá saudades
Não durmo
Até o clarear do dia
Pra tentar enxergar
Mas não funciona
E tento sonhar
Até que não tenha mais sonhos
Mas acordo
Como se caísse de um precipício
A insônia
As olheiras
Luis Lins ao fundo
Na mente
"Eu tô bem"
"A música mais triste do ano"
E eu paro de contar
Eu já nem sei mais como contar
As horas
Os anos
As histórias...
E então também
Paro de ouvir
Não escuto nada
Cabeça cheia
E acelerada
Não há o que faça calar
Qualquer coisa dentro de mim
Que me faça reanimar
Então
Me deito
Esperando a vida passar
Então
Fumo
Esperando a vida passar
Então
Não como
E sigo a esperar
Perco as forças
Ando
Esperando não chegar
Então
Me perco
Na tentativa de me achar
Então
Me calo
E espero meu peito gritar
Termino o dia
Antes mesmo de começar
Ouvindo Laura Sette
"Limite"
Para saber onde
Exatamente parar
Ingrid Nogueira.
sexta-feira, 10 de abril de 2020
Real Demais Pra Fazer Mal
Chego lá e retrocedo
Não consigo falar
Não consigo ou não sei me expressar
De toda a angústia que bate no meu peito
É quando me corto em pensamentos
Meu sangue imaginário percorre cada contorno junto à caneta,
E cada tecla do celular
Me imaginei nessa cena tantas vezes
Que já decorei o cheiro
E cada movimento com a ponta da caneta
Que me facilite a visão
Cada vez que eu limparia a tela do celular
Por não mais poder identificar as letras
Até ao ponto de não mais precisar por tê-las decorado a posição
É uma imagem que me ajuda a aliviar
Já me senti bizarra por isso
Por acaso alguém entenderia o que se passa dentro de mim?!
Carrego tantas dores
Que dói acreditar que era delírio
Ou vontade calada
A morte tem batido na porta de desejo
E o medo tem me mantido viva
Talvez
Talvez seja o amor
Ou o anseio de mudar
A caneta sangra meus pensamentos
Sinceros
Transparente
Ela dói
Mas deixa meus sentidos atentos
A caneta
A maçaneta
O papel
Portal
O mundo de fora
O outro lado
Lado de cá
O mundo de dentro
Atravesso
A caneta
Me atravessa
É a ponte pra cruzar
Cada letra
Um passo
Vivo
Me jogo
Perco o ar
Ressucito.
Ingrid Nogueira.
quarta-feira, 4 de março de 2020
Flores de vidro
Erros constantes
Cuidado com a força com a qual
Tem se exposto
Não é bom pra sua imagem
A saudade às vezes acontece
Mas vai com calma aí
Você me fez doer muito
E eu não selecionei o que apagar
Seus detalhes bons também fugiram
E não me dói
Nem bem nem mal
Suas palavras afiadas
Pra iludir com amor
Ou machucar pela sinceridade bruta demais
Já não me tocam
Seu grito é a quebra do vidro
E depois dele,
Só a brisa
Ainda bem que você gritou
Depois da sua partida
- Que já era esperada -
O vento tem cantado
Na minha janela
E é uma canção linda
De liberdade
Sem feridas disfarçadas
Seus estilhaços ainda ficaram no chão
E às vezes brilham no meu teto
É engraçado
Porque não tem cor
É pálido demais
Como o amor que você me ofertou
Você era vidro pálido
Fosco
Sem cor
Sem transparência
E vidro assim me incomoda
Eu gosto do que é transparente
Do que não tem o que esconder
Quando você quebrou
Era bailarina de vidro
E virou pó
Depois que dancei
Descalça por cima dos pedaços
- Não me doeu -
Porque você deixou de existir
Quando decidiu não estar ali
Seus traços
Antes delicados
Como seus passos
Sumiram tão rápido quanto era possível
E então foi ficando sem forma
Assim como as lembranças
Até sumir
Não me doeu
Porque já não enfeitava
A casa de dentro
Ainda bem que eu fui distração
E ainda melhor que eu decidi ir
Porque eu sempre estranhei o fato
De você não projetar as cores
Ao ser atravessada pela luz
Mas é que tem tanta etapa antes disso
E seu arco-íris ainda tem poucas cores
E não te culpo por não colorir
Te culpo pelo lápis branco
Te culpo por fingir
E mais ainda
Pelo que você encenou ser
Eu culpo pelas mentiras
E ainda mais pelas dores consequentes
Pelas palavras inconsequentes
E pelos sorrisos profanos
De quem engana e não se dói
Essa tarde seus gritos foram estridentes demais
Mas eu juntei seus restos e os calei
Coloquei numa caixa de papelão
Pra que não machuque mais ninguém
Se engana se pensa que guardei de lembrança
De você a mínima lembrança é dolorosa
Eu enterrei bem longe
Pra ninguém encontrar e correr o mesmo risco que eu corri
Eu também quebrei,
Estourei e escorria
Alimentei meu campo
E reflori
Te escondi
Por não merecer o brilho do dia
E menos ainda
A brisa que chega à noite
Não quer dizer que sou má
Só que você ainda não merece
Mas vai que um dia,
De tanto deteriorar
Você entenda o proceso
Que é de alimentar a sua terra
Que é a dor de morrer
Pra só depois
Merecer renascer
E florir.
Ingrid Nogueira.
sexta-feira, 28 de fevereiro de 2020
A travessia
E posso assegurar
Que a dor do amor não dói tanto
Que essa dor parece imensurável
Já a dor amor
Na verdade não dói
Arde
O amor deixa marcas
Mas essa dor que tenho sentido
Dor de uma outra coisa
Ela me cala
E não deixa vestígios
Não me deixa nem respirar em paz
É uma dor funda
Inflamada
Ardida
E marcada
É uma angústia que parece que não tem fim
Eu tenho doído
Mas não tenho chorado
Porque essa é uma dor perdida
Daquelas que são capazes de desnortear
Se é que você me entende
Daquelas que doem taanto
Que te fazem perder a noção do tempo
Uma dor de fim
Mas que fim é esse que nunca chega?!
Se eu nunca fui forte demais
Pra vê-lo chegar
Uma falta de ar
Acompanhada da fiel escudeira
Uma dor profunda no peito
Que parece que vai te matar
E o pensamento é esse mesmo:
"- Se dessa vez não acabar por si,
Eu mesma dou um fim nela"
Dá o que?!
Falta coragem
Mas também falta tesão em ficar
Falta curiosidade do lado de lá
Mas também coragem do lado de cá
O que sobra é o medo
Que a cada dia me sufoca um pouco mais
Que é o que me faz bater essa dor
É o que me causa a ânsia
Que me leva ao ímpeto do quase
O que me traz o gosto
E o que me faz não partir
Não sei se vou voltar.
Ingrid Nogueira.
sábado, 1 de fevereiro de 2020
Lembrança da janela
quinta-feira, 30 de janeiro de 2020
Escrever dói, sabia?
Dói por te colocar na frente do espelho
Por te fazer colocar pra fora
E é aí que a realidade não pode ser fingida
Dói por ser o famoso tapa de luva
Por te fazer ver, além de saber
Te faz sentir muito mais que calar
E calar é a tentativa de tapar a ferida
De estancar o sangramento que continua
A rolar e afogar seu interior
Escrever é mais que só falar
É se obrigar a nadar
A dar sempre a próxima braçada
Mesmo que seus músculos todos dêem sinais de que não suportam mais
Porque é nessa hora
Que a palavra te mostra a força que têm
É aí que ela te obriga a se salvar
Escreve pra viver
E mais que isso
Escreve quando não mais quiser viver
Quando não suportar estar vivo
Nessa hora, redige quase um livro
A palavra te invoca
Pra escrever
Pra reviver
Pra sentir
Pra doer
E lembrar de respirar
Lembrar da dor
Lembrar do choro
Do choro de alegria também
Lembrar que dói,
Mas que pode fazer bem
Escrita é alegria
Mas também é choro
É voz, mas também é silêncio
É tão oposto
Que chega fazer gosto
Quando se pode olhar
Enquanto alguém escreve
Expresso o sentimento no rosto
Escrever transparece
E às vezes a gente se recusa a olhar
A gente tem medo da gente
Medo da gente mesmo se decepcionar
Ingrid Nogueira
terça-feira, 10 de setembro de 2019
Seu saudosismo gritou essa tarde
Erros constantes
Cuidado com a força com a qual
Tem se exposto
Não é bom pra sua imagem
A saudade às vezes acontece
Mas vai com calma aí
Você me fez doer muito
E eu não selecionei o que apagar
Seus detalhes bons também fugiram
E não me dói
Nem bem nem mal
Suas palavras afiadas
Pra iludir com amor
Ou machucar pela sinceridade bruta demais
Já não me tocam
Seu grito é a quebra do vidro
E depois dele,
Só a brisa
Ainda bem que você gritou
Depois da sua partida
Que já era esperada
O vento tem cantado
Na minha janela
E é uma canção linda
De liberdade
Sem feridas disfarçadas
Seus estilhaços ainda ficaram no chão
E às vezes brilham no meu teto
É engraçado
Porque não tem cor
É pálido demais
Como o amor que você me ofertou
Você era vidro pálido
Fosco
Sem cor
Sem transparência
E vidro assim me incomoda
Eu gosto do que é transparente
Do que não tem o que esconder
Quando você quebrou
Era bailarina de vidro
E virou pó
Não me doeu
Porque você deixou de existir
Quando decidiu não estar ali
Seus traços
Antes delicados
Como seus passos
Sumiram tão rápido quanto era possível
E então foi ficando sem forma
Assim como as lembranças
Até sumir
Não me doeu
Porque já não enfeitava
A casa de dentro
Ainda bem que eu fui distração
E ainda melhor que eu decidi ir
Porque eu sempre estranhei o fato
De você não projetar as cores
Ao ser atravessada pela luz
Mas é que tem tanta etapa antes disso
E seu arco-íris ainda tem poucas cores
E não te culpo por não colorir
Te culpo pelo lápis branco
Te culpo por fingir
E mais ainda
Pelo que você encenou ser
Eu culpo pelas mentiras
E ainda mais pelas dores consequentes
Pelas palavras inconsequentes
E pelos sorrisos profanos
Deu quem engana e não se dói
Essa tarde seus gritos foram estridentes demais
Mas eu juntei seus cacos e os calei
Coloquei numa caixa de papelão
Pra que não machuque mais ninguém
Se engana se pensa que guardei de lembrança
De você a mínima lembrança é dolorosa
Eu enterrei bem longe
Pra ninguém encontrar e correr o mesmo risco que eu corri
Eu também quebrei,
Estorei e escorria
Alimentei meu campo
E reflori
Te escondi
Por não merecer o brilho do dia
E menos ainda
A brisa que chega à noite