A luz baixa de agora,
me sugere falar dela.
E a voz genial no vinil me
induz sentimentos e desejos proibidos.
Vestia pouquíssima roupa naquela ocasião,
como era comum em todas as outras em que
sonhava sozinha acordada,
sem tê-la em meus braços.
Poderia te ouvir gemer a noite inteira,
e realizar todas as suas vontades,
mimar você, e depois dar-te meus
braços em oferta para descanso.
Já a sentia ali,
podia vê-la a me seduzir,
nua em pudores,
entregue ao momento,
entregue totalmente a mim e eu a ela...
E como a letra da música descrevia,
quebrávamos todo o silêncio,
e os corpos, quebravam os gelos,
vertiam no mais puro carmim,
todos os rubores que ainda nos restavam.
Cada póro do meu corpo se eriçava,
e enquanto dividíamos aquele copo
já suado de conhaque,
nossos corpos esquentavam,
e o que antes nos pareciam delírios,
tornava-se em realidade.
Ela, esplêndida,
fingia não me dar confiança,
me virava as costas, sentada no sofá logo à frente,
mas colocava os cabelos todos de lado,
mostrando as costas, o ombro,
o pescoço...
E tudo nela mostrava o quanto me desejava.
Me olhava de lado,
de canto de olho mesmo,
assim, como se nada quisesse de mim,
"_ Nada que não fosse a carne..."
repetia eu em pensamento.
Acendeu um cigarro, que era enfeitado
por aquele suporte longo, afinado que ela adorava,
"_Qual era mesmo o nome daquela peste que me perturbava os sonhos?!
Ah sim! Cigarreira!"
Era um charme aquele prolongar das mãos,
a sutileza com que tocava-lhe com os lábios,
um convite tentador e castigante para minha mente,
ajudava para que fosse composta aquela figura,
como o céu completando o horizonte.
Mas o que lhe faltava em sutilezas,
sobrava e sobrepunha em delicadezas,
por sua vez, apaixonantes.
Foi quando o disco do B. B. King acabou,
e com ele foi junto todo o prazer daquela noite.
Por que ela não estava mais ali,
ela nunca esteve ali pra mim,
nem nunca deixou que eu estivesse ali para ela também...
Ah! se a tivesse aqui...
Ingrid Nogueira.
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