domingo, 21 de junho de 2015


 Escrevia torto,
não acertava nem seus passos...

 Tinha tortas as mãos,
o olhar e o carinho...

 Era torto em essência...

 Foi endireitado pela falta de amor,
passou a filtrar o sangue que 
lhe corria nas veias...
passou a transformá-lo involuntariamente
em arsênico intra-venoso.

 Morreu tentando dizer,
sem nunca proferir palavra alguma à ela...

 Seria o pedido de perdão mais dolorido,
o mais extenso,
o mais profundo,
o mais gritante dentro de 
tão amargo silêncio...

 Ouvia-se o grito daquela pobre alma,
apenas olhando-o no olho...
 Lia-se nos movimentos,
a ansiedade para que o perdão 
lhe fosse concedido.

 E sobre aquele corpo,
entrevado na cama...
 Tinha tanta loucura embutida,
tanta calma escondida em
tanta falta de movimento...

Foi-me a leitura visual
mais complexa até os dias atuais.

 Ele era o caso mais sério
de escrita obscura no olhar...

 Carregava um mundo trancado 
dentro de si,
um mundo fantástico que aguardava
o perdão nunca proferido,
pela simples falta de pedido...

 E a moça,
que lhe aprisionava,
nem fazia ideia a coitada...

                                             Ingrid Nogueira.

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