domingo, 10 de abril de 2016

Sobre periculosidades...

Na gangorra,
Eu balanço entre
As possibilidades de morte...

Balanço entre as possibilidades,
E discuto,
Numa luta de interesses mesquinhos,
Eu me rasgo,
Me dilacero,
Corto os punhos...

Tentativas inúteis!

Eu me deito n'um lugar
Que não é meu,
E me sento n'um lugar
Que não pertence a mim,
Eu como n'uma mesa
Que não me cabe,
Uso talheres que carregam nomes traçados,
Que nem ao mínimo
Parecem o meu...
E vivo me perguntando
Onde é o meu lugar,
E por que não saio a procurar...
Eu vivo remoendo,
E é uma vida baixa,
Uma vida pouca,
Que não emana,
Que não tem força...
Eu me sinto
Fria,
Eu me sinto nada,
Eu me assento
Por que não consigo me sustentar.

Eu me vejo ir,
Me sinto doer,
Eu quero gritar,
E nem voz pra isso eu sei ter...

Eu não me fiz crescer,
Eu me deixei domar,
E agora me dôo,
E remôo,
E não grito.

Como uma ovelha muda,
No matadouro,
Eu estou,
E me deixo enlouquecer,
E pinto as paredes,
Eu escrevo no teto
Que há em mim.

Me coloco numa caixa branca,
E me deixo fluir,
Por que eu me aguento a dor,
E me permito enlouquecer.

Mas não sei qual caminho trilhar,
Eu cresci com medo,
E agora não sei me virar.

Eu enlouqueço todos os dias,
Todo santo dia,
Todo o final do dia,
Eu grito,
E existem muitas de mim
Dentro de mim,
E não te deixo entrar
Na minha solidão,
Não bata na porta,
Não entre,
E ao sair,
Não bata a porta...
Eu sei o que eu
Escondo em mim.

Ingrid Nogueira.

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