terça-feira, 7 de junho de 2016

Do amor nada

Eu que não sei
Nada do amor,
Tento te descrever...
Mas você tem um
Mistério no olhar
Que me prende...

E eu não consigo proferir
Nenhuma palavra,
Eu passo a desconhecer
Qualquer detalhe
Da mais básica gramática...


Eu engulo a minha voz
Me petrifico nos teus olhos,
Me deixo esperar.

Como no olhar de Monalisa,
Me segura a atenção,
E me atrapalho nas palavras,
Tropeço nas poucas bolhas
De ar que eu permito sair da minha garganta.

Afogo na água
Que me foge da boca,
E por todos os póros,
E orifícios de fuga,
E me transbordo de você...


Eu não sei nada de me deixar,
E não sei nada de você,
E isso é o que me faz
Te procurar,
E me empurra à sua beira de ser,
A sua defesa do mundo,
Sua desconfiança,
O seu "não-saber"
Ou o "não-querer"
Ou até mesmo o "saber-muito-bem-de-si"...


Não me preocupo
Em saber nada do amor,
E de você me intriga a mente,
Mas você se mantém distante,
Tenta se proteger do mundo,
Mas eu não faço parte dele,
Eu posso ser o seu aquário se você quiser,
Pra não ficar sem lugar,
É só que eu quero saber de você,
Sem ter que necessariamente,
Te ter... 


Não pretendo ter a sua posse,
Não quero ser sua dona,
Quero compartilhar da sua liberdade,
É só o que eu sei ver,
Por cima da água doce
Que me enche a alma...


Água de Oxum,
Que me enche,
Me lava,
Me guarda,
Me dá vida
E me protege,
Da minha mãe que
Me acalanta
Quando não sei de mim...



Ingrid Nogueira.

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