terça-feira, 7 de junho de 2016

À um Corazón Negro que me fez calar...

Sinto minhas mãos se desfazendo,
Sinto que delas escorre toda a minha poesia.
Sinto que te perco a rima,
Eu sinto que te perco...


E te vejo indo
Sem olhar pra trás,
É o que me dói.
Eu escorro na imagem,
No espelho,
Eu escorro pelo ralo,
E pela pia no banheiro,
A cada passo que eu deixo pra trás,
Me deixo ficar,
Me desfaço,
Deixo rastros...


Eu me derreto,
Não tenho forças pra ficar,
Nem pra tentar.

E o que fica,
É meu coração inteiro,
Numa porcelana,
Dependurada num colar.

Que antes eu carregava,
E um dia eu te deixei.

Você se foi
E se desfez,
Deixei pendendo nos ossos
Do meu peitoral,
Por dentro deles,
Ficava vazio,
E quando eu andava,
O sentia pender,
E colidir,
Hora contra o vazio,
Hora contra os ossos que o detém,
Num ato de rebeldia,
Auto rebelião...


E agora que me acabo,
Ele é o único que
Me fica inteiro,
E a casa fica com
O meu cheiro,
Me deixo essência.


         Ingrid Nogueira.

Nenhum comentário :

Postar um comentário