E queria sair dali...
Mas ela era o feitiço
Que me rodeava,
Que me prendia ali,
Prisão voluntária.
Com a sua oferta
Do melhor vinho,
O disco tocando,
Uma voz rouca e aveludada
(A original)
E a outra que arranhava
(Seus arranhos sonoros,
Tentativas frustradas)
E a mulher na capa,
Debruçada, apreciava
Seu dueto involuntário
Com uma desconhecida
De afinação questionável,
Mas de ótimo humor,
E de uma liberdade,
De uma sensualidade convidativa...
A mulher descansava na capa,
Escorada na vitrola,
Que foi herança da avó...
E completava o convite
Com uma boa conversa (solo)
Como uma boa louca,
Falava sozinha,
E eu, ouvia acompanhada só,
Não me esperava dizer
Uma palavra sequer,
Nem aceitar, nem recusar...
"- Só fica..."
E tudo acontecia conforme
O enredo da noite levava,
Ela dizia e em seguida,
Obedecia ao que foi dito,
E eu era como uma boneca
Dentro da casa,
Adorando a brincadeira,
E adorando mais ainda
A sua criança,
Eu queria brincar também,
Mas me deixava conduzir
E paralisar ainda mais
A cada movimento espontâneo dela,
A cada novo detalhe
Que eu descobria...
Ela me tinha,
Sabia que eu só iria embora
Se eu desejasse ir,
Então tratou de me fazer
Querer ficar...
E eu me dei ao seu prazer...
Essa noite eu quero só ficar,
Como na súplica dela,
É o que basta...
Ingrid Nogueira.
Resolvi causar certos desconfortos que até ontem eu evitei... A sociedade sempre me impôs regras de "como me portar", "como ser" ... Cansei de toda essa ladainha, não vou mais maquiar, e está decidido! O que me faz ser eu, são as diferenças e aceitações que carrego comigo. Sozinha, resolvida, lésbica, atriz, jovem, e orgulhosa de mim mesma. Sem visar conforto aos leitores, eu sou desse jeito, e não vou me conter para agradar à ninguém. Sejam bem-vindos ao que eu sou!
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