sábado, 8 de outubro de 2016

Tentei me tornar insosso,
tentei até ser um oceano neutro,
mas eles são insalubremente salgados.

Eu me forcei a não ligar,
a não dar importância.

Mas não foi altiva a minha voz.
E como fosse mudo o meu pedido,
ouvi o silêncio e a dor do seu olhar.

Não pude me conter.

É que eu te amo,
e não sei como me manter calada,
me encher de quietude.

Não me vinha nunca a sua resposta,
eu me afogava na espera por notícias suas,
pra ter certeza de como estavas.

Meu coração quase me salta do peito
pra ir ele mesmo saber de você.

Estou aflita
e essa dor da sua falta não me passa,
não me deixa nunca.

A solidão da sua falta
me arranca de mim aos poucos.

E como poeta que sou,
não me impeço de sofrer,
de chorar e de doer,
pois se pra você voltar for necessário,
que doa,
que arda,
que loa!

E com essa dor,
meu peito grite
e minha boca entoe loas à sua presença.

Que cada momento nosso
seja como uma cerimônia sem sequência.

Que o conforto do meu colo
te atraia e aconchegue.

Sobre seus surtos divinos,
seus pulsos se rasgam sozinhos
diante da lembrança.

Que meus braços sejam os rios
onde você quer mergulhar
e se deixar,
deixar que lavem e levem suas dores,
suas preocupações,
pra descansar em paz.

                                     Ingrid Nogueira.

Nenhum comentário :

Postar um comentário