sábado, 8 de outubro de 2016

Resolvi andar pela rua,
e vi uma bailarina que dançava,
vestida de branco,
ela acenou quando me viu.

Vi uma noiva louca,
uma bailarina sem amor,
eu vi uma mulher
velha e torta a dançar pela rua.

Via uma bailarina torta,
e me era graciosa,
era uma velha bailarina torta,
que desenhava no ar,
e pintava a vida com suas cores.

Não havia beleza,
mas a sentia à flor da pele,
eu senti a dor compartilhada,
o grito desesperador,
a falta do amor
que lhe partira e a deixara
numa eterna hipnose,
num êxtase indignador.

Via no seu olhar
um pedido de socorro,
via lágrimas escorrerem 
do seu coração 
num pedido silencioso de paz.

E dessa vez as cores não eram suaves,
mas se desfaziam,
eram tinta encharcada,
e à medida em que as colocava na tela do ar,
o vento as levava,
e apagava,
era um trabalho árduo
e inútil,
e frio,
e triste...

Passei,
levei comigo um pedaço da sua loucura,
e era também eu louca depois dali.

Ela era o meu mundo paralelo.


             Ingrid Nogueira.

Nenhum comentário :

Postar um comentário