Nada de abraços,
ele era louco,
e não podia ser tocado.
Eu não estava lá,
mas pude sentir sua dor,
a solidão que ele sentia,
à qual ele era todos os dias submetido.
O castigo era muito maior
do que ele poderia suportar.
Ele era contagioso,
mas não foi contaminado,
nascera assim.
Ele era feliz,
e o mundo todo
era cinza.
Suas cores o obrigaram
à dor,
ou melhor, por suas cores
o obrigaram à dor.
Ele precisava de alguém,
mas todos ali ignoraram esse fato,
não o trataram como
humano,
mas por ele tudo bem,
ele já não o era,
com toda certeza,
e bem o sabia.
Ele era um ser que testemunhou
sua própria evolução,
não pertencia mesmo mais
à roda de convívio
da qual fora excluído,
mas ainda pertencia àquele corpo,
e até esse direito o negaram,
covardes e temerosos que eram,
o condenaram a uma morte fria
e desacompanhada.
Uma injeção letal,
rápida e fria
fez da despedida
dois piscares quase infindos
de olhos,
ele já não sentia mais dor,
seu corpo estava em estado
de êxtase,
o que o fez ejacular antes de morrer,
poucos segundos e
mais emoção que todo
o resto miserável da sua vida,
tentando ser aceito pelos outros.
Ele já não sentia mais frio,
nem dor,
ele só sabia existir,
se desligou do corpo físico,
e limitado,
era agora plenitude em tudo,
era completo em si mesmo.
E contemplava o mundo sem suas cores,
criou seu próprio mundo,
ele era agora um deus,
e não fazia diferença,
era pleno e não precisava de aprovações.
E se morrer for
a porta de limitação para a divindade?
Ingrid Nogueira.
Resolvi causar certos desconfortos que até ontem eu evitei... A sociedade sempre me impôs regras de "como me portar", "como ser" ... Cansei de toda essa ladainha, não vou mais maquiar, e está decidido! O que me faz ser eu, são as diferenças e aceitações que carrego comigo. Sozinha, resolvida, lésbica, atriz, jovem, e orgulhosa de mim mesma. Sem visar conforto aos leitores, eu sou desse jeito, e não vou me conter para agradar à ninguém. Sejam bem-vindos ao que eu sou!
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