sábado, 9 de janeiro de 2016

Eu não sei JOGAR...

    O segredo de todo o jogo é não se mostrar,
  é nunca se dar,
 não se apaixonar.

   O segredo é não aparecer,
 é sempre blefar.

Mas eu nunca soube jogar,
você me faz respirar rápido demais,
e meu coração acelera...

Você me rouba a vida,
e eu morro toda vez que te vejo,
mesmo que você não me veja,
e mesmo que não esteja aqui...

Se é verdade mesmo que temos
respirações pré-contadas,
então por sua causa,
eu pré-vivi uns vinte anos só delas...

Eu doo um pouco da minha
loucura pra você a cada vez que
eu te beijo aqui na minha mente.

E se for verdade essa doação,
quantas mais não te doaram seus corações,
que se encantaram pelo mesmo
sorriso que ainda agora me arranca suspiros,
que talvez fossem os últimos?

E é esse o seu dom,
seu brilho nos atrai,
como a chama às mariposas.
E como mariposas suicidas,
nos dirigimos à isso,
sem nem lembrar dos ardores,
e dos precipícios,
e das quedas das asas,
e menos que isso, das dores...

E dói,
mas eu não quero voltar,
porque eu sei que quando eu for,
quando tudo estiver longe,
e você tiver ficado no passado,
o meu país vai ser dor,
e quando, lá na frente,
eu lançar um livro de poemas
de literatura pobre,
por falta de personagens,
você vai voltar e vai
me roubar a última parcela de vida...

E você vai se apaixonar - atrasadamente - por mim,
e eu vou morrer em paz,
e vou te deixar viver sem mais motivos,
e vou te deixar perdendo sua vida
por alguém que já não vai mais existir...

Eu não sei jogar...


Ingrid Nogueira.

Nenhum comentário :

Postar um comentário