O segredo de todo o jogo é não se mostrar,
é nunca se dar,
não se apaixonar.
O segredo é não aparecer,
é sempre blefar.
Mas eu nunca soube jogar,
você me faz respirar rápido demais,
e meu coração acelera...
Você me rouba a vida,
e eu morro toda vez que te vejo,
mesmo que você não me veja,
e mesmo que não esteja aqui...
Se é verdade mesmo que temos
respirações pré-contadas,
então por sua causa,
eu pré-vivi uns vinte anos só delas...
Eu doo um pouco da minha
loucura pra você a cada vez que
eu te beijo aqui na minha mente.
E se for verdade essa doação,
quantas mais não te doaram seus corações,
que se encantaram pelo mesmo
sorriso que ainda agora me arranca suspiros,
que talvez fossem os últimos?
E é esse o seu dom,
seu brilho nos atrai,
como a chama às mariposas.
E como mariposas suicidas,
nos dirigimos à isso,
sem nem lembrar dos ardores,
e dos precipícios,
e das quedas das asas,
e menos que isso, das dores...
E dói,
mas eu não quero voltar,
porque eu sei que quando eu for,
quando tudo estiver longe,
e você tiver ficado no passado,
o meu país vai ser dor,
e quando, lá na frente,
eu lançar um livro de poemas
de literatura pobre,
por falta de personagens,
você vai voltar e vai
me roubar a última parcela de vida...
E você vai se apaixonar - atrasadamente - por mim,
e eu vou morrer em paz,
e vou te deixar viver sem mais motivos,
e vou te deixar perdendo sua vida
por alguém que já não vai mais existir...
Eu não sei jogar...
Ingrid Nogueira.
Resolvi causar certos desconfortos que até ontem eu evitei... A sociedade sempre me impôs regras de "como me portar", "como ser" ... Cansei de toda essa ladainha, não vou mais maquiar, e está decidido! O que me faz ser eu, são as diferenças e aceitações que carrego comigo. Sozinha, resolvida, lésbica, atriz, jovem, e orgulhosa de mim mesma. Sem visar conforto aos leitores, eu sou desse jeito, e não vou me conter para agradar à ninguém. Sejam bem-vindos ao que eu sou!
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