quinta-feira, 20 de julho de 2017

Nunca soube como descrevê-la,
e quando ela me aparece, é como se
todo o ar do mundo já não houvesse.

Sentia como se tudo em mim gritasse
pela presença dela.

E passava agora,
a conhecer partes do meu corpo,
daquelas que a gente esquece,
e eu sentia cada vaso nos meus pulmões,
e cada etapa do meu sangue sendo
transformada, e oxigenada,
e me sentia célula, e via toda
a viagem que fazia em mim.

E era extraordinário como eu me
sentia quando você estava.


Mas a sua falta me faz também delirar.

Porque, como um viciado,
eu não sei como me sentir na sua ausência,
eu não sei me comportar,
eu não quero me comportar,
eu sinto todo o Universo,
e não posso sentir você.

Meu corpo são se conforma.

A minha mente não se conforma.

Eu sinto tanto e não sinto nada.
O meu tempo pára,
não há mais tempo,
eu sou parte de tudo,
mas sou a parte que não te toca,
sou a parte virada para a parede,
aquela que não te vê.

Estou tão longe,
que eu não sei mais falar,
e nem os movimentosobrigatórios
e involuntários se recusam a acontecer...

Porque o meu corpo se recusa
a tudo se você não estiver.

Eu não vou me reeducar
a estar sem você.

Não vou me matar,
nem vou me embebedar,
eu vou contar a nossa história,
eu me recuso a deixar de transformá-la
em arte.

Eu me recuso a estar aqui e não ser notada,
e se a dor da sua ausência é o que vai me
fazer me mostrar, então que seja!

Mas não deixe que o outro alguém me tome o lugar,
nunca me esqueça.
E se houver a mínima chance,
eu vou fazer questão de escrever até que
tudo chegue à você.

Eu me recuso a morrer,
 e me recuso a não ser lembrada,
  eu fiz questão de deixar sua casa marcada,
   e se das marcas você e livrar,
    eu vou ao jornal,
     e publico um anúncio,
      o mais poético,
       e sei que vais achar patético,
        e no fim o meu número vai
         te fazer chorar a escolha de me deixar.

Eu espero que cresças,
como o deserto,
e que no meio,
haja um daqueles mananciais,
a miragem do futuro
que você tenha alguém
em quem se refugiar,
e que seja o suficiente
até decidir voltar.


            Ingrid Nogueira.

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