Conheci a solidão,
e ela era fria,
aquelas coisas que racham a boca
e queimam a pele.
O coração está parando,
aos poucos,
eu não filtro mais o sangue.
Com os fones de ouvido que
me transportam para o paralelo,
aquele que a gente mesmo cria...
O meu paralelo não é só meu,
eu o dôo,
mas nem todos o sabem,
nem todos o aceitam.
Meu paralelo é mais lento,
e mais silencioso,
é pálido,
meu paralelo cai constantemente,
mas lá não venta,
não tem ar,
nem ossos e nem pele,
o meu paralelo tem palavras
lançadas ao silêncio,
tem uma melodia muda,
sentida, que origina uma dança,
o meu paralelo é uma dança constante,
mas nem todo mundo assimila.
Ele é feito uma linha
muito tênue que separa a
loucura da sanidade,
mas eu não quero ser sã.
E a sanidade toda é a
linha, e finda.
Eu não vou viver em cima
da linha,
sem nunca cair,
eu escolhi enlouquecer.
Isso me faz caminhar sobre a linha,
bem no meio.
Horas sentanda sobre ela,
perdida, tentando respirar,
outras vezes, me jogando no
abismo que é a loucura.
Mas a loucura é um abismo
que sobe,
e no fundo,
no toque,
ela é aconchegante.
O meu paralelo é o que
me deixa sã.
Eu enlouqueço pra não morrer,
e odeio pra não morrer de amor,
e ensurdeço pra não morrer com o que falo,
por isso eu viajo pro meu paralelo.
Eu apago as minhas luzes,
meu corpo protesta,
mas eu já estou indo,
eu preciso descansar,
e me permito o silêncio,
mesmo que num ato preocupante.
Eu apago aquele momento,
mas ainda ouço as vozes,
e não tenho o direito de morrer.
Eu não posso me silenciar,
mas a minha voz te incomoda.
Você não quer conhecer a minha paz?
Eu sei que você vai gostar,
esse é o estado que todos querem alcançar,
mas não se permitem.
Minhas palavras pesam,
minha voz é alta,
eu me mostro,
mas a visão de mim pode
ser perturbadora.
Eu falo o que vocês não admitem
precisar ser dito.
Eu estou aqui, e mesmo que silencie,
o meu olhar vai te dar o recado,
o meu corpo vai protestar,
mesmo que me arranque a língua,
eu tenho uma voz,
e ela vai chegar até você.
Meu protesto fica aqui,
ele é claro,
não quero ter que morrer pra
estar em paz.
Na minha lápide eu quero escrito:
"Ela está no seu paralelo,
o mesmo estado de paz
em que viveu."
Eu não quero suas drogas
injetadas nas minhas veias,
eu quero incensos e quero música,
eu não preciso de companhia,
mas você é bem vinda
se quiser ficar.
Ingrid Nogueira.
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