quarta-feira, 9 de agosto de 2017

Eu sou solúvel,
e diluo nos seus lábios,
e escorro no canto da sua boca,
me misturo com seus fluidos corporais,
enquanto me contorço na sua cama.

Eu sou doce,
e sumo quando seus lábios me tocam.

Você sabe como me tocar,
você aprendeu muito bem
sobre o meu corpo,
e sabe bem o que eu quero,
suas mãos seguem as
recomendações dos meus olhos,
e quando eles se fecham,
cada suspiro é termômetro,
e você sabe como me fazer
andar nesse caminho.

Você sabe como me fazer dançar,
e me conduz nesse ritmo.

Você comanda a orquestra,
e eu me confio a você,
eu me perco,
e esse caminho é longo.

Meus olhos perdem o rumo,
eles saem da órbita,
mas eu não posso gritar,
seus pais estaõ na sala.

Minhas unhas arrancam a
pele das suas costas,
eu deixo você saber
quando estou perto de derreter,
o meu corpo não mente,
e dilui aos poucos.

Eu faço uma poesia erótica,
sem papel nem caneta,
eu faço poesia,
e eu gozo,
poesia sensurada,
eu faço,
com o meu corpo,
poesia boêmia,
eu vendo o meu prazer,
e exponho nos livros,
nas bancas de jornais,
o mel é seu demais.


          Ingrid Nogueira.

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