quarta-feira, 9 de agosto de 2017

Queen of pain

Eu sorrio quando a dor te castiga,
minha pele borbulha,
ela ferve,
e novembro é um mês frio.

Eu me sinto a rainha da dor,
porque eu tomei o seu lugar,
e o seu nome,
você agora vive na minha sombra,
você perdeu, meu querido desamor.

Novembro me trouxe,
e ele mesmo tratou de levar,
você perdeu seu nome,
e seus olhos,
ex-rainha da dor,
você não tem mais uma voz,
e meus ouvidos festejam.

Você não é ninguém,
não hoje,
não mais,
você não tem mais calor,
hoje sou eu quem te joga um cobertor,
não vai morrer de hipotermia,
eu tenho planos pra você,
no congelador,
nós dois com os corações pelados,
vamos ver se aí você resiste a mim,
e meus pés gelados
agora, preferem assim.

Você foi um erro que novembro
me trouxe,
mas ele próprio tratou de levar.

Você não é nem quem senta a minha esquerda,
eu não te dei uma aliança,
nada dourado,
nada de valor,
eu perdi tudo depois de te encontrar,
você foi uma má surpresa de novembro.

Seu mês favorito acabou de te trair,
ele te levou daqui,
você ficou no ano passado,
e nada pode ser feito,
você perdeu o trono,
e a coroa.

Você não é mais a rainha da dor.

Me diga como é sofrer,
agora que você tem um coração,
me conta como é não estar aqui,
quando você sabe que está,
mas não é percebida.

Você não é mais validada.

Eu te dei na mesma proporção,
em justiça,
tudo aquilo que você me deu,
nenhuma medida a mais,
nenhuma a menos,
exatamente o que você deu.

Me diz como é andar na sombra de alguém,
como é não ser notada?
Você sabe dizer?
Ainda tem alguma voz resistindo aí na sua garganta?

Você já foi a minha cor favorita,
a minha risada favorita,
seus olhos já foram os únicos que eu queria fitar.

Mas agora eu nem te vejo mais,
minha cabeça tem andado levantada,
e não é por ser esnobe, não
é por dignidade,
meu pescoço doía quando meus olhos insistiam em te acompanhar,
porque seus caminhos eram profundos demais,
eram longos demais,
e eu tinha que me abaixar demais,
minha coluna doía.

Eu não perco mais meu tempo
olhando pra você,
sua dor não é nem um pouco
bonita de ver,
e hoje eu fervo,
eu não tinha calor,
eu morri quando estava com você,
e você nem percebeu isso.

Mas hoje meu calor me basta,
e eu posso dividí-lo,
eu aprendi como não doer,
eu parei de me cortar,
eu não olho mais pra baixo,
eu não reparo mais em você.



                 Ingrid Nogueira.

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