Eu sou inútil
mas ela diz que não,
e eu não acredito.
É como eu me sinto.
Não quero que ela amenize
a minha solidão,
nem a podridão,
e menos ainda a inutilidade.
Sinto que preciso escrever
mas não sei o que colocar aqui.
Perdi a intimidade com as palavras.
Ou seria com os sentimentos?
Os sentires não me encontram mais.
Tem gente brava comigo,
o meu coração arrepia de saber.
Tem energia acumulada
e o peito dói,
não tem mais incenso,
nem o cigarro disfarça.
Choro.
Chóro!
Vem ali o desespero,
e eu me desespero,
eu me proponho,
mas uso máscaras,
o peito ainda dói.
A morte não me rodeia,
e ainda assim,
também não a vida.
Eu tiro a morte pra dançar,
e a vida inveja...
Eu não quero laços que me deixem dívidas,
eu quero relações estreitas,
e firmes,
e nada mais firme que
a relação com La Muerte...
Nada mais atraente e perigoso,
a vida tem um cheiro enjoado,
um cheiro triste,
um ar denso...
E eu não gosto desse ar frio...
Ingrid Nogueira.
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