terça-feira, 24 de julho de 2018

Hoje eu me senti a pior pessoa do mundo,
eu penso coisas que me fazem ter nojo e medo de mim.

Hoje eu fui tomar banho,
e coloquei o chuveiro no máximo,
a intenção era  mesmo derreter,
o calor me machucava a pele,
mas nada de desaparecer.

Os meus pensamentos andam mais imundos
do que qualquer das vezes nas quais
eu me sentei frente a esse mesmo computador,
eu me toquei que cada vez que
eu me sento aqui,
eu estou um tanto mais suja.

E que os intervalos entre essas vezes
são cada vez maiores,
então talvez esteja aí a resposta...

Ou eu ando mais feliz,
ou ando cada dia fingindo mais.

O que não quer dizer que eu
finja melhor hoje do que nas vezes anteriores.

Tenho andado distraída,
mais do que nos outros dias,
mais até do que em outras vidas.

E já entendi porque ando voltando,
o motivo de ainda renascer aqui...

É que eu peco por antecipação,
peco por urgência,
e peco por dor...

Eu sei que é inconsciente,
mas eu me culpo,
tem doído,
e sigo chorando,
mas mainha me diz sempre p'rêu voltar...

Eu não posso trilhar outro caminho
enquanto não aprender,
mas a lição dói,
é difícil,
agora eu lembro da dor
e lembro da sensação...

É que em outra vida eu fui até o fim,
a cabeça dói sabia?
O pulso, a veia, o pulmão,
a pupila te deixa cego,
deve ser pra não ver a despedida,
deve ser pra não enxergar o rosto
da sua mãe mais essa vez...

Não tem frio não,
isso é mentira,
mas tem o vazio,
tem o choro,
tem a angústia...

E eu não quero mais essa chance,
mas parece que alguém lá da diretoria não entende...

Eu não quero voltar,
não tem nada de novo aqui,
tenho os surtos,
tenho os desapontamentos,
tenho os amores,
e deles as tristezas, as traições,
os enganos...

O amor é frio,
não é nada bonito,
eu lembrei que vim buscar companheirismo,
mas tem muita gente aqui,
e isso me assusta,
gente é ameaça,
eu quero é minha companheira.

E quero que ela me queira,
meu peito anda cansado,
meu cérebro sem oxigenação,
eu ando mirrada,
eu ando não sendo minha companheira,
eu ando me machucando,
e me abandonando,
e dando o mesmo direito,
eu ando me enganando,
e que direito eu penso que tenho
de exigir que não me façam o mesmo?

Eu me deixo doer,
melhor ainda:
eu me faço doer,
eu sou dor e tristeza,
eu ando mirrada,
triste, feia, murcha...

E a poesia voltou a se alimentar de mim,
de todos os meus podres,
de todos os meus galhos mortos,
de todos os meus frutos podres,
depois dos azedos,
da minha folhagem, do meu corpo
e das minhas raízes,
eu desisti.

Mas como a uma semente,
ela me faz brotar,
mas eu não quero mais voltar...

Prendi o ar.

                    Ingrid Nogueira.

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