Eu sou toda um mar.
Sou um mar denso,
e ainda assim ela me penetra,
ela decide me desbravar.
Eu não me conheço a mim,
mas ela me penetra.
Cheia de coragem essa mulher,
que toma todo o ar que pode,
pra entrar num lugar,
que ela bem sabe,
não vai deixá-la respirar.
Eu sou sufocante,
eu mesma morro aos poucos
quando decido mergulhar em mim,
mas ela gosta desse meu risco,
e ela se arrisca nessa possibilidade
de uma não volta.
Ela tem consciência da minha densidade,
e sabe que mal vai conseguir se mover,
e então ela abre mão dos seus
braços e pernas.
Ali, pra ela,
de nada interessa o movimento,
e de nada interessa o ar.
Ela não quer me deixar,
mas e quero vê-la viver,
e eu sei que a mato aos poucos.
Então expulso-a daqui,
jogo-a pra fora de mim,
e eu ão posso dizer se é amor.
Amor é mesquinho,
e eu não.
Eu não amo,
o amor é ruim,
ele faz definhar,
e suga tudo,
ele suga a vitalidade,
e seca o coração.
Ela tem cheiro de incenso.
E é o que me fica dela,
toda vez que se vai.
O meu mundo tem o cheiro dela,
mesmo que eu finja não perceber,
quando ela se vai e eu fico a sós,
eu só penso em como guardar isso.
Porque eu não quero dizer,
eu não quero morrer,
e o amor mata,
eu amo, mas não quero ouvir de mim.
Ela vai me matar,
e vai se matar,
estou à beira de aceitar.
O suicídio está sendo desenhado,
em duas cores nós o pintamos,
e o aceitamos.
A dança das cadeiras
se converte em tintas,
eu não tenho mais canetas,
e a dança se alonga pelo salão,
que é a tela,
que sou eu.
Ela decide ficar,
e se dilui em mim
aos poucos.
Eu morro e renasço,
parte dela,
parte minha,
ela me transforma,
eu opto por não voar.
Ela é meu cárcere,
e o amor me mata,
novamente e aos poucos.
Eu me deleito
em morrer,
porque ela assiste.
Ingrid Nogueira.
Resolvi causar certos desconfortos que até ontem eu evitei... A sociedade sempre me impôs regras de "como me portar", "como ser" ... Cansei de toda essa ladainha, não vou mais maquiar, e está decidido! O que me faz ser eu, são as diferenças e aceitações que carrego comigo. Sozinha, resolvida, lésbica, atriz, jovem, e orgulhosa de mim mesma. Sem visar conforto aos leitores, eu sou desse jeito, e não vou me conter para agradar à ninguém. Sejam bem-vindos ao que eu sou!
Nenhum comentário :
Postar um comentário