Vi-a pura esta noite.
Já não me tinha interesses impuros.
Era ela toda pureza,
e já não me sabia mentir,
nem em palavras,nem em gestos,
e nem em seu olhar,
apenas me dizia.
Vi-a tão amável esta noite,
enxerguei como nunca antes.
Soube que era ela,
antes mesmo de haver falado-lhe,
e aquela sua silhueta,
aquelas mãos insinuosas,
sem nenhuma dúvida era ela.
Mas não decidiu assumir
seus sentimentos,
e é uma particularidade dela,
não deixa nunca de ser
a parte discreta de mim.
Mais tarde, porém,
falou-me á sós e
já não podia mais
se esconder em palavras.
Seus lábios me falaram,
sem abrirem-se,
não saiu deles sequer uma palavra.
Os sons que fazia,
eram palavras desconexas,
gritos da alma.
Lia-se em seus movimentos,
todo o desejo por mim gerado.
E mais uma vez ela não soube
cobrir seus desejos,
e por mais insanos que parecêssemos,
mais autênticos e amados
nos sentíamos.
Era ela e eu não sabia,
era ela, e ela tratou logo de mostrar-me,
mostrou-me que não havia
como fugir daquilo,
como fugir do que sentia,
e então, não fugi dela.
Amei-a decididamente,
tocamo-nos e amamo-nos
sem mais restrições.
Flora.
Resolvi causar certos desconfortos que até ontem eu evitei... A sociedade sempre me impôs regras de "como me portar", "como ser" ... Cansei de toda essa ladainha, não vou mais maquiar, e está decidido! O que me faz ser eu, são as diferenças e aceitações que carrego comigo. Sozinha, resolvida, lésbica, atriz, jovem, e orgulhosa de mim mesma. Sem visar conforto aos leitores, eu sou desse jeito, e não vou me conter para agradar à ninguém. Sejam bem-vindos ao que eu sou!
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