quarta-feira, 11 de março de 2015

Amamo-nos, ali

 Vi-a pura esta noite.
 Já não me tinha interesses impuros.

 Era ela toda pureza,
e já não me sabia mentir,
nem em palavras,nem em gestos,
e nem em seu olhar,
apenas me dizia.

 Vi-a tão amável esta noite,
enxerguei como nunca antes.

 Soube que era ela,
antes mesmo de haver falado-lhe,
e aquela sua silhueta,
aquelas mãos insinuosas,
sem nenhuma dúvida era ela.

 Mas não decidiu assumir
seus sentimentos,
e é uma particularidade dela,
não deixa nunca de ser 
a parte discreta de mim.

 Mais tarde, porém,
falou-me á sós e 
já  não podia mais 
se esconder em palavras.
 Seus lábios me falaram,
sem abrirem-se,
não saiu deles sequer uma palavra.

 Os sons que fazia,
eram palavras desconexas,
gritos da alma.

 Lia-se em seus movimentos,
todo o desejo por mim gerado.

 E mais uma vez ela não soube
cobrir seus desejos,
e por mais insanos que parecêssemos,
mais autênticos e amados
nos sentíamos.

 Era ela e eu não sabia,
era ela, e ela tratou logo de mostrar-me,
mostrou-me que não havia
como fugir daquilo,
como fugir do que sentia,
e então, não fugi dela.

 Amei-a decididamente,
tocamo-nos e amamo-nos
sem mais restrições.


                     Flora.      

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